A Conversa.

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Eu fiquei paralisada ali tentando digerir o beijo que ele me deu. Foi na bochecha mas eu nunca imaginei isso da parte dele. As meninas voltaram e a Bi ficou me olhando.

— Que foi? Viu o passarinho verde?

— Acho que ela viu os olhos verdes — Clara falou e eu dei risada.

— Ele veio falar comigo. Depois me deu um beijo na bochecha. — Elas ficaram me olhando tentando saber se era verdade ou se eu estava brincando. — É serio gente. — Eu disse dando risada e entrando na sala. A professora chegou e os alunos entraram na sala. Eles ficaram me olhando como se eu fosse uma aluna nova. Ai a professora sentou e pegou a lista de chamada.

— Temos uma aluna nova? — Ela perguntou e eu disse que não com a cabeça — Então esta certo. — Ela falou desconfiada. — Vamos começar a chamada. — Eu sempre fui a ultima da chamada. Então ela não disse meu nome.

— Professora, você esqueceu de me chamar

— Como é seu nome?

— Tori. Tori Santinelli Backer. — Falei e ela assentiu.

— Você esta diferente. — Ela falou me olhando.

— Tive que mudar. — Falei olhando pras minhas mãos.

— Mas porque você passou tanto tempo fora? Viajou ? — Um aluno brincou e eu dei risada pra entrar no clima.

— Se a professora permitir eu conto. — Falei já que todo mundo está interessado no assunto.

— Claro, ate eu estou interessada.

— Bom, lembram da primeira prova que teve em março? Foi numa sexta, no dia seguinte eu levantei e sai com minha avó. A gente ia visitar uma prima. Mas no caminho eu escorreguei e cai. Acabei quebrando dois lados do meu tornozelo. — Falei e respirei — Fiquei quase uma semana no hospital e depois da cirurgia fiquei quase um mês com gesso, depois meio mês com o pé pra cima sem o gesso e logo depois a fisioterapia. Quando eu tive a alta pra vir a escola já ia começar as férias. Então eu já ia completar um mês de academia. Eu ficava quase metade do dia naquela bicicleta sabe? Então comecei a ir firme na academia, emagreci muito e dai veio a minha "mudança". Eu só mudei por causa do meu pé. — Falei e eles assentiram.

— Bom, você ta mais gata. — O Fernando, um ótimo amigo, foi percebido na porta. Eu levantei e abracei ele. — Estava com saudades ridícula.

— Eu também elfo anão. — Falei e me separei dele. Sentei de volta e a professora começou a aula. Estava com saudades disso.

Eram duas aulas dela e então intervalo. Saímos da sala e elas foram na fila da merenda. O Carlos me deu uma dieta bem rígida então nada de comida escolar. Me sentei no lugar de sempre e fiquei mexendo no celular. Ai uma pessoa se sentou do lado. Alguma das meninas imagino. Tirei os olhos do celular e olhei pro lado.

— Caio (?) — Ele sorriu.

— Eu disse, a gente se fala no intervalo. — Eu concordei com a cabeça.

— Minhas amigas vão chegar e vão te obrigar a sair. Sabe disso né?

— Bom elas vão se sentar ali do lado. Eu já falei com elas. — Ah claro.

— E porque você quer ficar sozinho comigo Caio? Sobre o que quer conversar?

— Sobre você.

— Sou Tori Santinelli Backer. Tenho quinze anos. Trabalho no shopping. Faz quatro meses que eu não venho a escola...

— Por que! É isso que eu quero saber.

— Eu cai, quebrei o meu tornozelo, — Mostrei as cicatrizes dos dois lados. — fiz fisio, fiquei de cama e só tive alta de tudo nas férias. Se era isso que queria saber sinta-se informado. — Falei e ele concordou com a cabeça.

— Sinto muito pelo tornozelo. — Ele falou e ficamos nos encarando por um momento. Meu celular vibrou e era o Rafael me chamando no facetime.

— A gente já conversa, tenho que falar com uma pessoa. — Falei levantando. Chamei as meninas e elas vieram comigo ate o banheiro. Eu atendi. — Quê. — Falei assim que vi a imagem dele.

— Olha aqui eu só te liguei porque quem são elas? — Ele perguntou quando as meninas apareceram.

— Minhas amigas. Não seja você. — Falei e ele fez careta.

— Espero que tenham tratado ela bem. — Ele falou e elas quietas. — Tori não veio nenhum dos meus amigos to sozinho no intervalo preciso falar com alguém.

— Fala com a parede Rafael eu tenho que ir pra sala. Beijo. — Desliguei e elas me olhando como se eu fosse uma aberração.

— Como você rejeita esse Deus grego? — Bianca sendo Bianca.

— Ele é insuportável. — Falei saindo de ré do banheiro. Me virei e dei de cara com o Caio.

— Você tem que parar de aparecer do nada. — Falei baixinho perto dele. A gente ficou se encarando por um tempo. Ele olhou pra minha boca e eu me distanciei. — Tenho que ir. — Falei calma e natural. — A gente se fala. — Fomos pra sala de português. Ficamos ali fora e elas piraram por mim.

— A academia tirou seu cérebro.

— Meninas, não é a hora. Se ele me beijar, vai pensar que eu sou fácil. E eu sou difícil como diz a Brenda — Falei e elas riram. Meu celular vibrou de novo. Era ligação normal. — Fala Rafael.

— Como foi?

— A aula ainda não acabou.

— Como foi até agora?

— Não me reconheceram. Ninguém.

— Você podia recomeçar sua vida que ninguém ia notar né?

— Basicamente.

— Como você se sente?

— Os meus colegas não me reconheceram eu aceito afinal a gente não era próximo. Mas minhas melhores amigas não me reconhecerem me deixa magoada porque mesmo que elas mudassem de cabelo engordassem ou sei lá eu iria reconhecer elas. Parece que elas se esqueceram de como eu era por isso não me reconheceram. — Falei quando estava distante das meninas.

— Você mudou muito Tori. Eu lembro de você no começo, eu vi você mudar. Você era um brotinho. E Carlos conseguiu te transformar em uma rosa. Linda. — Quando o idiota quer ser sincero e conselheiro ele consegue.

— O que isso quer dizer?

— Esquece isso. Recomeça. Você é outra pessoa, sua vida mudou você mudou tudo a sua volta mudou. Esquece do passado, olha pra frente e aproveita o que você tem. — Eu dei um sorriso. — Eu te vejo amanhã e você me agradece pelas palavras lindas — Eu dei risada.

— Voltou a ser o Rafael idiota. — Falei e ele riu. Ficamos um tempo quietos.

— Sou idiota mas sou a única pessoa que consegue te dar dicas incríveis e te aturar todos os dias então fica quietinha.

— Demorou quase quarenta segundos pra bolar essa frase?

— Não quero que a conversa acabe.

— Tem que acabar a minha professora chegou beijo. — Desliguei e subi correndo pra sala. Me sentei e a professora me olhou e também pensou que eu era nova.

Depois que as aulas acabaram me despedi das meninas e o Caio veio até mim.

— A gente pode se encontrar amanha né? — Eu pensei

— Não. Eu tenho trabalho. Quem sabe no fim de semana. — Falei e ele ficou me olhando de novo.

— A gente combina. — Ele disse e eu concordei. — Até amanha Tori. — Ele falou e me deu um beijo mais demorado na bochecha.

— Ate amanhã apressadinho. — Falei e ele riu. Fui embora com meus fones ouvindo musica.

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora