O dia vai ser longo

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  Eu peguei meu diário mais recente e voltei a escrever. Eu não sabia como começar.

  — "Querido diário..." — Era a voz do Ryan à minha frente. Levantei meu olhar para ele e o vi olhando pra cima como se relembrasse de algo.

  — Não me diga que o nosso deslumbrante diretor da CIA escrevia em um diário?

  — Nosso segredo. — Ele falou e piscou. Então já sabia como começar.

  Depois de algum tempo eu tinha escrito tudo que tinha planejado em minha mente. Ao fechar meu diário vi todos dormindo e somente eu acordada. Então fiz como eles e adormeci.

  Logo estávamos pousando em Atlanta. Então descemos do jatinho. A Débora estava com os  nervos a flor da pele por saber que vai reencontrar o Chris. O Carlos era o único que sabia de nossa volta. Mas só sabia que voltaríamos e não que minha memória tinha sido recuperada. Ao vê-lo eu fiquei séria e quieta. Ele cumprimentou todos e na minha vez ele apenas me ignorou.

  — Não vai me dizer oi? — Perguntei.

  — E por acaso lembras de mim?

  — Lembro-me de tudo agora. — Dei um sorriso sem mostrar os dentes ao vê-lo feliz ao saber daquilo. Então abraçou-me fortemente me fazendo perder o ar.

  — Que bom saber que se lembrou de tudo. — Ele me soltou e não conseguia parar de sorrir. Fomos para a van, apenas assim para todos caberem, e dirigimos-nos para casa. Ao sair da van eu corri o mais ágil que pude então entrei em casa e vi todos aflitos sentados no sofá calados.

  — Qual motivo de tal silêncio? — Perguntei realmente preocupada. Então todos me olharam e sorriram. Max correu até mim e me abraçou fazendo-me sair do chão.

  — Diga-me que lembras de mim. — Ele pediu num gesto desesperado.

  — Você é o meu melhor amigo, seria um crime esquece-lo. — Disse e ele riu ao me soltar novamente.

 — Senti saudades. — Ele falou como se eu tivesse passado semanas distante. — Cadê a Clara? — Perguntou-me. Então a mesma entra pela porta. Acho que essa minha história de perder a memória e esquecer do garoto que eu amo fez o Max pensar e tomar uma atitude em relação a Clara. Então quando o Max a notou ele foi até ela e a beijou como se a vida dele dependesse daquilo. Eu fiquei observando aquilo então os outros vieram até mim e as meninas para cumprimentar-nos. Até mesmo o Chris está aqui. Quando ia me falar oi avistou Débora entrar pela porta.

  — Apenas não quero mais ficar aqui servindo de vela. — Sentei-me no sofá com meus pais e amigos enquanto Chris e Débora tem seu momento reencontro após dezoito anos.
                                                         
Ao anoitecer em Atlanta estava cada "casal" nos quartos de seus companheiros. Menos eu. Estava terminando de arrumar meu quarto quando o Rafael entrou em meu quarto.

  — Seu pai nos chama. — Ele falou encostando na parede me vendo em cima de minha cama arrumando as coisas em minha parede.

  — Diga à ele que estou indo.

  — Ele quer falar conosco agora. Com todos. Depois de uma bela e demorada reunião eles estão sérios. — Então desci da minha cama e peguei sua mão ao descer as escadas. E novamente estão todos sentados no mesmo sofá enquanto nossos prezados diretores estão quietos ao lado um do outro. Me sentei na poltrona com o Rafa ao meu lado.

  — Eu e esses dois belos rapazes ao meu lado — Pensei em rir mas ele está sério demais. — estávamos pensando em separar vocês. Como eu notei que todos aqui tem seu devido par acho errado todos morarem na mesma casa. Então cada um vai ter seu apartamento individual. Mas continuarão sendo uma equipe. — Ninguém foi contra mas eu fui. Por que essa graça de separar a gente?

  — Objeção. — Falei como se fosse óbvio.

  — Negada. Vocês vão e pronto. Arrumem suas malas. — Ryan se levantou e os dois foram juntos.  Eu me levantei junto e fiquei de frente com ele.

  — Não! — Eu disse e ele me encarou.

  — Você vai. Prefere ficar em um apartamento ou na minha casa? Aqui vocês não ficam. — Ele falou desafiante. Eu subi brava e com raiva arrumei meus pertences em malas. Após duas horas estava tudo arrumado mas ao mesmo tempo desarrumado. Me deitei em minha cama e fiquei olhando pro teto morrendo de raiva do Ryan. Também do Carlos e do Chris. Então bateram em minha porta.

  — Quem é?

  — Seu namorado. Dá-me a honra de entrar em teus aposentos? — Falou ele irônico.

  — Entre. — Falei e a porta se abriu. Continuei jogada na cama. Mas não foi sua imagem que eu vi entrar. — Você não é meu namorado, Ryan.

  — Pior, sou seu pai.

  — Diga o que quer. — Falei sentando
desajeitada com meu cabelo todo jogado para o lado esquerdo. Ele sentou ao meu lado e olhou nos meus olhos.

  — Você é exatamente igual à mim quando tinha sua idade. Eu também era autoritário. Não aceitava receber ordens de meu pai. Principalmente quando estava perto de meus amigos. Era como se ferissem meu orgulho. Mas ele fazia aquilo por mim. E eu faço isso por todos vocês. As vezes um casal tão novo viver em uma mesma casa chega a cansar o relacionamento. Se separar as vezes fortalece o que vocês sentem. O.k.? E eu ainda estou um pé atrás em relação ao Rafael, admito. Você é minha única filha. É normal eu ser protetor assim. — Ele passou a mão em minha bochecha direita e eu voltei meu olhar para o dele novamente. — Não quero que fiques brava comigo.

  — Não se preocupe. Apenas espero que o meu apartamento seja bom. Faça valer a pena o meu... Perdão. — Falei baixinho.

  — Valerá. — Ele falou certo disso. — Amanhã vocês serão informados de onde será seus novos apartamentos.

  — O.k. — Falei e respirei fundo. — Agora será que pode deixar meu namorado entrar para poder falar comigo? — Ele levantou dando um beijo na minha testa. Então abriu a porta e o Rafael estava do outro lado do corredor esperando olhando pro teto.

  — Com a porta aberta. — Ele advertiu. Então o Rafa entrou deixando a porta aberta. Ele sentou à minha frente e eu sorri.

  — Você odiou receber ordens do seu pai não é?

  — Pois é. — Suspirei e ele entrelaçou seus dedos no meu cabelo que está muito enrolado no momento. Eu sorri olhando pra ele.

  — Pense na parte boa, terá uma casa inteiramente sua.

  — Preferia morar com vinte pessoas se soubesse que você estaria comigo.

  — Não conhecia esse seu lado meiga. — Ele sorriu.

  — Nem eu.

Depois disso descemos para poder jantarmos. A casa esta uma bagunça por conta da mudança. Então nos sentamos. Os nossos belos diretores com suas "namoradas" não estão presentes. Apenas o Carlos.

  — É triste ver que todos tem uma namorada e eu não. — Carlos falou e a gente riu. Ao começo da madrugada Rafa subiu ao meu lado e parou em frente a meu quarto.

  — Posso dormir ao seu lado esta noite? — Ele perguntou. Eu diria que não mas é impossível negar isso àqueles olhos belíssimos. — Por favor. — Pediu ao notar minha demora.

  — Entra. — Falei e ele deitou-se em minha cama e passou a noite a me acariciar.

   Então no outro dia logo ao amanhecer o Rafa me acordou com um beijo leve em meu rosto.

  — Que tal um banho? O dia vai ser longo. — Ele sussurrou ao meu ouvido.

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora