Dreaming out loud

Sonho

Depois de pensar muitas coisas a noite estava começando a dar indícios com algumas estrelas no céu. E então entrei. O silêncio estava ficando cada hora mais insuportável. Eu queria me perguntar se ele pensava em mim a cada instante como eu penso nele. Mas aí vem o fato de que ele não lembra da minha existência. Não tenho nada para me distrair e a memória fica cada vez mais presa a imagem dele. Fica difícil assim, mundo.

Após algumas horas meu jantar estava pronto e havia uma música tocando no meu celular. Me sentei à mesa com meu jantar e comi lentamente com uma taça de suco. Podia ser um vinho? Sim. Mas não posso então tenho que contentar em ficar sóbria com a cabeça confusa. 

- Que merda. - Falei sozinha. Nessa fase você percebe o quão louca você está. Afinal, falar sozinha? - Preciso dormir. - Coloquei as louças na pia e lavei. Quando estavam secas e dentro do armário entrei no meu quarto. Coloquei meus fones e me deitei. O teto parecia incrível agora. 

O dia foi puxado então talvez por isso, foi fácil pegar no sono.

Pelo menos até agora...

E estava eu entrando na igreja. Com um vestido longo, um buquê pequeno nas mãos. Olhei para o lado e não havia ninguém ali. Então fiquei no altar esperando a noiva. Depois de um tempo entrou a Bianca. Ela estava linda. Fiquei procurando pelo Rafael e então ele estava do outro lado de terno. De corte italiano com uma cor intensa preta, gravata borboleta no mesmo tom, com o cabelo um pouco mais comprido do que eu me lembrava aparada apenas nos lados e arrumado em um topete pequeno, a barba recém aparada, com uma florzinha rosa presa na lapela, e os olhos mais azuis e intensos do que nunca. O olhar estava vago e o meu preso à ele. Ele sorriu para a Bianca quando seu olhar encontrou o dela e então a acompanhou até o altar. Ele me viu logo atrás e o sorriso dele desapareceu. Fiquei prestando atenção na cerimônia quando tudo acabou e estávamos no salão de festas. Eu estava em cima do pequeno palco ali com uma taça de champanhe na mão e todos me encarando. Ele estava logo abaixo sentado, apoiando os cotovelos nas coxas e e as mãos juntas logo a frente. Com as costas curvadas ele direcionava seu olhar pra mim. Eu estava encantada como se fosse uma adolescente. Mas como toda boa madrinha ausente eu enchi todo mundo com palavras bonitas e fui correspondida com palmas. Estava descendo com certa dificuldade quando ele veio me ajudar. 

- Me concede essa dança? - Ele sussurrou e eu aceitei. Fomos para a pista e ele me segurou em seus braços com a mão trabalhando em um lugar estrategicamente correto, nem tão em cima nem tão abaixo.Mas ele me puxava com segurança pra si. Com a boca roçando minha orelha ele suspirou e eu senti minha nuca se arrepiar. - Desculpa.

- Pelo que? - Perguntei boba.

- Por ter terminado com você. - Ele me olhou nos olhos e paramos de dançar. - Eu te amo. Volta pra mim. - Ele chegou perto demais e eu estava chorando. 

- Isso não é real. - Dizia pra mim mesma e logo estava acordada.

Na minha cama, com as costas suadas e o rosto molhado. Eu estava chorando. Levantei ainda em lágrimas e desejando com todas as forças que isso se tornasse realidade, era um sonho impossível, eu sei, afinal ele não sabia nem sequer quem eu era. Eu sei! Mas ainda sim tenho meus sonhos, e enquanto eu tiver isso eu posso ter ele. Sempre. Na minha memória e no meu coração. 

Fui até meu banheiro e lavei meu rosto com água gelada e fiquei curvada na pia por alguns segundos até eu me estabilizar. Olhei o relógio no meu celular e ainda eram meia noite e meia. Entrei em um banho rápido e quando saí o meu celular estava tocando. Estranho.

- Alô? - Atendi sem ver se tinha alguma identificação.

- Esquece dos amigos fácil você. - Max. 

- Oi! - Falei animada. - Que bom ouvir a voz de alguém. 

- Parece que está vivendo em uma prisão. Temos uma surpresa. - Ele demorou alguns segundos e todos eles gritaram um Saudades! . Dei risada.

- Quase me deixaram surda.

- Onde você está sua louca? - Bianca perguntou. 

- Eu estou bem, acreditem em mim. - Falei.

- A gente estava esperando o Rafa ir embora para te ligar. - Justin falou e ouvi a Bianca dar um tapa nele.

- Fica quieto. 

- Pessoal, podem falar sobre ele, estou de boa. - Não estou mas tudo bem.

- O Carlos te avisou que a gente está proibido de falar de você? - Clara falou.

- Que ótimo. Assim não morrem de falta de mim. - Eles riram.

- Mas hoje ele perguntou quem você era. - Max falou.

- E o que vocês falaram? 

- Que você era só nossa colega de turma e que era chata. - Dei risada.

- Ai. Bom saber que é assim que vocês se lembram de mim. Ingratos.

- Meu casamento vai ser dia 30. Você soube?

- Ryan me disse.

- Você não engordou certo? - Eu dei risada. Pensei que o Ryan tivesse inventado isso. - Por favor diga que não porque já encomendei seu vestido.

- Não. Não sei nem cozinhar direito. Relaxa. - Falei. - Como estão as coisas por aí.

- Metade está correndo perfeitamente e a outra fica fazendo perguntas sem fim.

- Contanto que vocês não falem para essa outra metade que a gente namorava, está ótimo. 

- Ele perguntou se usava alguma anel por que ele tem uma marca no dedo. 

- E o que disseram?

- Que ele usava um anel mas aí ele perdeu em uma missão. 

- Ah. Max, podemos conversar? - Pedi. Ele demorou uns segundos mas então ele apareceu.

- Oi, tirei do viva-voz e estou sozinho pode falar. - Ele disse.

- Acabei de sonhar com ele.

- Hum. E como foi? Foi quente? - Ele estava zombando de mim? 

- Para. É sério. 

- Então fala.

- A gente estava no casamento da Bianca e ele estava lindo. Então ele me chamou pra dançar e pediu desculpas. Disse que me amava e que me queria de volta. Mas daí eu vi que tava sonhando. Era tão real. Você não imagina o quanto.

- Acho que é só a sua mente querendo voltar com ele e querendo que vocês voltem. - Ele disse.

- Eu não consigo tirar ele da cabeça. - Limpei meu rosto porque estou chorando... de novo. - Hoje um menino ridículo daqui me beijou a força e tudo que veio na cabeça foi o Rafa. 

- Espera, quem te beijou? 

- Um idiota aqui. 

- Já está bombardeando corações em Santa Monica.

- Então todo mundo já sabe onde estou, é isso? - Perguntei.

- Só os diretores e eu. Eles me falaram porque se eu sentir que algo está acontecendo com você é pra eu ir sem exitar. Eles falaram que por sermos amigos você me falaria se algo estivesse acontecendo.