"Depoimentos"

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Eu foquei no Ryan e ele começou.

- Eu lembro quando sua mãe engravidou de você.  E lembro de como o Chris ficou arrasado quando tivemos que nos afastar. E ver você hoje, casada, nos faz ver o quanto estamos velhos. - Rimos. - Eu vejo você como uma outra filha afinal você é filha do meu melhor amigo. E tudo que eu posso desejar pra vocês de todos os agentes da CIA e familiares que vocês sejam felizes e que esse novo membro venha bom em mira como o pai e com um bom coração como a mãe. - Demos risada e ela fez biquinho. - Brincadeiras a parte, felicidades. Nós te amamos. - Ele desceu depois de propor um brinde e todos beberam menos eu. Então foi o Chris, depois a mãe da Bianca que mais chorou do que falou. E então o Justin. Ele cantou uma música porque "não sou muito bom em palavras soltas então vou acrescentar uma melodia". Quando ele terminou a Bianca já estava sem estoque de água pra chorar. Então é minha vez. Levantei com as pernas tremendo então peguei uma taça com um dos garçons e fui até o pequeno palco. Peguei o microfone e respirei fundo ao sentir o olhar de todos em mim.

- Bom, fui pega de surpresa. Não sabia que ia falar. Mas bem, queria parabenizar os noivos, digamos que eu conheço a Bianca desde nossos primórdios e a conheço bem o bastante pra saber quando ela está feliz e posso afirmar que ela está radiante. O Chris não mencionou mas, apesar de eu não estar mais na CIA... - Todos me vaiaram. - Eu ainda sei como caçar alguém. E se ela ou meu sobrinho ficarem tristes eu vou atrás de você na China se for necessário. Agora sem brincadeiras, eu não poderia estar mais feliz por vocês dois. São meus melhores amigos apesar da distância eu amo vocês da mesma forma e quero pros dois a maior felicidade do mundo. Bom não sei mais o que dizer... Então vou tentar cantar. Acho que ainda sei. - Peguei o violão deixando a taça em cima da caixa de som. Só veio na minha mente uma nova musica do meu cantor predileto. Say you won't let go. Eu cantei com a minha alma e quando terminei uns estavam chorando e outros abraçados com os seus pares. - Obrigada, boa festa a todos e um brinde aos noivos. - Ergui a taça quando deixei o violão de lado e eles aplaudiram de pé. Ia descer mas está mais difícil descer do que subir. E como se fosse um pesadelo o Rafael veio me ajudar. Ele pegou-me pela cintura com um braço me descendo pro chão como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

- Como conseguem viver nesse vestido? - Ele perguntou rindo, simpático.

- Pra ficar bonita temos que fazer alguns esforços. - Falei arrumando o vestido.

- Acho que você conseguiu. - Senti minha cara ficando mais quente. Provavelmente estou vermelha. Ele sorriu e deixou o copo cheio de lado.

- Obrigada. Eu acho.

- Você é a Tori?

- Sim.

- Você não parece nada com a discrição de todo mundo. - Ele falou me observando sério.

- Como eles me descreveram?

- Feia, chata, egocêntrica. - Ele disse e eu dei risada.

- Quase isso. - Então a luz abaixou e começou uma música lenta. Eu ia sair de fininho quando ele me segurou pelo braço.

*Rafael*

Quando entrei na igreja sozinho me senti estranho. E depois daquela demora entraram as garotas. Uma à uma. Então uma que eu nunca tinha visto antes. Um desperdício porque é uma moça linda. Ela me olhou e eu fechei a cara. Eu nunca havia visto ela antes. Ela começou a vir a nossa direção e abraçou o Ryan no meio do caminho. A tal da Tori suponho. Na cerimônia inteira eu a observei tirando fotos e no final, quando eles estavam prestes a sair eu nunca vi uma garota com um vestido longo correr tanto daquele jeito. Eu dei risada ao ver o empenho dela em chegar antes dos noivos lá na frente. Quando saímos ela só queria estar ali pra tirar uma foto. Eu sorri balançando a cabeça. Entrei em meu carro e fui pro salão dando uma carona pra algumas pessoas. Elas falavam mas eu estava distante. Era como se ela fosse a resposta de todas as minhas dúvidas e o principal motivo das minhas perguntas. Ela me intrigou de tal maneira que eu fiquei com medo do significado que ela teve na minha vida.

Chegando no salão eu sai do carro me sentando na mesa dos padrinhos e recém casados. Me serviram uma dose de bourbon e eu fiquei encarando aquilo. É como se aquilo tivesse entrado na minha cabeça e com ela a palavra anjo que virou um eco na minha cabeça desde que eu achei aquela garrafa cheia de bourbon no meu armário. Então alguém chegou porque ouvi meu pai gritar Tori! de longe pra alguém e eu redirecionei meu olhar pra onde ele olhava e era ela. A resposta.

Quando ela subiu no palco e falou eu não desprendi os olhos dela por um momento e quando ela começou a cantar... Só tinha ela ali. À voz e violão com aquela letra não precisava de mais nada. Eu fiquei maravilhado e no final eu queria que ela ficasse ali por mais tempo cantando. Foi a sensação mais estranha da minha vida.

Eu a ajudei a descer e conversamos um pouco. Quando a música começou ela ia escapar mas a segurei pelo braço e o toque me fez arrepiar até os pelos da minha nuca. Ela me olhou.

- Sim?

- Acho que os padrinhos tem que dançar juntos essa lenta. - Falei baixinho. Ela concordou e eu a peguei pela mão a levando pra pista. - Eles ensaiaram essa música pra dançar.

- Eu não ensaiei. Melhor eu sair antes que eu estrague a dança. - Ela ia sair mas eu a segurei perto do meu corpo e ela de olhos fechados.

- Eu conduzo. - Falei em seu ouvido e a gente dançou. Eu sentia que cada célula do meu corpo a queria mais perto de mim e cada parte do meu cérebro se questionava por que.

A música acabou e a gente se separou. Todo mundo aplaudiu uns aos outros e ela saiu de perto de mim. Fui para a mesa me apoiando nela porque percebi que estou um pouco nervoso.

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora