Missão

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  Acordei às onze mais ou menos com meu celular tocando. É o Rafael. Atendi e logo senti uma pequena pontada, e sei que ela vai aumentar daqui a pouco.

  — Oi.

  — A gente tem uma missão, podemos nos reunir aí? Estamos atrasados e até chegarmos aí você já está arrumada.

  — Ah, tudo bem. — Gemi um pouco, mesmo tentando segurar. De novo uma dor insuportável. — Podem vir. — Falei forçando.

  — Tudo bem com você?

  — Sim, eu só... eu só bati o pé... na cama. — Demorei para bolar uma mentira porque a dor não me deixava pensar. — A gente se vê tchau. — Desliguei e me curvei na cama. Nada adianta. Se eu tomar um remédio agora vou ficar dopada.

  Esperei melhorar e ficou menos pior do que antes. Ao me arrumar ouvi a campainha. Prendi meu cabelo peguei minha arma escondida e desci. Estavam me esperando na sala. Me sentei e eles falaram. Confesso que não prestei muita atenção. Só sei que é um grupo de seis homens reunidos em uma casa no meio do nada como sempre e já assaltaram todo tipo de lugar daqui. Mas ninguém consegue pegá-los. Descemos e eu fui com o Rafael em seu carro.

  — Oi. — Ele falou para quebrar o gelo, ainda não tínhamos nos cumprimentado.

  — Oi. — Eu estava quieta para ver se a dor ia embora ou se eu me convencia que estava bem e meu psicológico quebrasse a dor. Mas nada.

  — Esta pálida, aconteceu alguma coisa?

  — Não. — Disse rápido e ele notou que não estou para conversas hoje. Então fomos em silêncio até o tal local. É nossa primeira missão desde aquele meu sonho bizarro. Eu estava meio aflita, o que fez minha dor cessar um pouco. Ao sairmos todos do carro o Rafael veio até mim e colocou suas mãos sobre meus ombros.

  — Você está nervosa? Por causa daquele sonho não é?

  — Um pouco. — Ele pousou seus lábios delicadamente sobre os meus. Me senti bem melhor.

  — Eu te amo. Nada vai acontecer à nós.

 Nos dividimos rapidamente. Os homens na casa ouviram nossa presença e saíram de lá dispostos à lutar conosco. Se dividiram como nós. E logo encontrei um. Eles estavam sem armamentos. E como estava completamente sem condições de lutar atirei de primeira e o vi cair. A cada vez que alguém sai morto pelas minhas mãos dói menos. Em compensação a dor em minha barriga veio com força total. Eu me agachei encostada na árvore e me ajoelhei curvada pela dor. Ouvi passos e deixei minha arma preparada. Era o Rafael procurando alguém. Ao me ver correu para me ajudar.

  — O que foi Tori?

  — Nada, nada. Não se preocupe eu estou bem. — Me levantei e mesmo assim a dor não passa.

  — Chega, eu vou te levar para um hospital. — Ele me pegou no colo. Correu comigo pro carro e me colocou no banco de passageiro. Eu ouvia muitos tiros.

  — Vai ajudar eles. — Falei curvada e ele demorou mas foi. Eu não consegui ficar parada enquanto eles estavam lá lutando com aqueles caras. Juntei todas as minhas forças e fui floresta adentro novamente. Rafael estava lutando com um cara e eu atirei nele.

  — Mandei ficar no carro.

  — Na verdade não. — Falei e segui o barulho atrás de mim. Max terminou o trabalho junto das meninas e fomos para o caminho dos carros. E de novo aquela dor.

  — O que foi Tori?

  — Cólica, Max, é só cólica. — Falei pra ele e para o Rafael. Entrei no carro e ele ia me levar pro hospital. Tive que usar todo o meu poder de persuasão para que ele desistisse da ideia. — Amor, não precisa me levar ao hospital. Eu já estou ótima. Acredita em mim. — Passei minha mão em seu rosto e ele me olhou com os olhos preocupados.

  — Desculpa amor mas eu fico preocupado com você. Ainda mais esses dias que não tem falado comigo direito. Tenta me entender.

  — Eu entendo. Mas estou bem. Confia em mim. — Ele desistiu da ideia por fim e me levou para casa. Ao chegar tomei um banho e tomei meu amado remédio. Me deitei e o Rafael na minha frente me olhando. Ele começou a falar.

  — Estava com saudades de você sabia. — Ele falou passando a mão em meus cabelos fazendo o remédio agir mais rápido em relação ao meu sono. — Fala comigo.

  — Pode falar estou te ouvindo. — Mas a verdade é que a voz dele fica cada vez mais distante. Então depois que a voz dele já não passava de um zumbido adormeci. 

  Quando despertei algumas horas depois olhei no relógio e eram quatro e meia da tarde. Havia um bilhete escrito a mão em cima de minha mesa de cabeceira.

  "Tive que ir embora, se a dor não passar me liga. Ou se precisar de mim ou caso apenas sinta saudades. 

  Te amo. Rafael."

Sorri ao ver aquilo. Fui para minha cozinha e tentei comer algo mas nada descia. Voltei ao meu quarto e fiquei mexendo no meu celular até sentir dor novamente.

 Por mais incrível que possa parecer fiquei um longo mês e meio passando essa dor terrível todos os dias.

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora