Está mais para pesadelo

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   — Já entendi seu amor por esse lugar. — Bianca falou se sentando.

   Após algum tempo todo mundo estavam ajeitados em seus aposentos então decidimos sair de lá. Fomos passear pelo centro de Sitika. Aqui por ser uma cidade pequena tem um grau de assaltos e mortes baixíssimo. Compramos algumas coisas legais e logo voltamos pra casa. Como lá de noite o sol continua brilhando perdemos o horario. Já eram oito e meia da noite. Eu subi pro meu quarto deixando as coisas por ali e entrando no banho. Eu parei em frente do espelho escovando meu cabelo. Minha mente estava longe. Tão longe que o Rafa me assustou parando na porta e me olhando.

  — Estava distante. No que estava pensando? — Balancei a cabeça negativamente e ele se aproximou me abraçando pelas costas. — Não mente pra mim.— Ele beijou meu ombro e foi subindo até o pescoço.

 — Em você. — Falei olhando pro espelho e ele olhou também. Ele parecia realmente surpreso com o que eu disse. Ele sorriu e me virou pra ele. Ele olhou pra cada detalhe do meu rosto e eu senti um pouquinho de dor de cabeça, ainda por conta das quedas e das batidas.

 — Que foi amor?

 — Dor de cabeça. — Falei. — Muita dor. Tem remédio aí? — Ele correu desesperado atrás de remédio e foi até fofo. Enquanto isso fui arrumar uma roupa. Fiquei de peças íntimas até encontrar alguma coisa com aquela dor. Então ele entrou no closet com um remédio e água. Mas ele parou pra me olhar. Peguei o remédio e tomei. Ele ainda me olha. — Obrigada. Eu vou me deitar. Dei o copo a ele e ia ir pro quarto mas ele me segurou pela cintura.

 — Coloca uma roupa amor. Por favor. — Ele falou como se a sanidade dele dependesse disso. Eu peguei uma camiseta qualquer ali e coloquei. Estava curta mas eu não estava em estado para pensar em colocar uma roupa descente. Me deitei de bruços agarrando o travesseiro. Estava cansada e com dor então estava quase dormindo quando o Rafa me cobriu e beijou o meu rosto.

   Logo eu estava em um sono pesado...

Depois de alguns dias Ryan nos ligou. Disse que havia uma missão de emergência. Era um grupo muito grande de criminosos. Eles tinham vindo pra América e estavam aterrorizando tudo por lá então tínhamos que ir e detê-los. Saímos de Alasca o mais rápido que pudemos e ao chegarmos lá só tivemos o tempo de saber onde eles estavam e nos trocarmos.

  Estavam todos em uma casa, como se estivessem tramando algum tipo de coisa. Então nos aproximamos do local da casa. E novamente era no meio da mata e tínhamos que atravessar tudo aquilo. Era menos àrvores mas mesmo assim fiquei com medo. De tudo e pela primeira vez, insegura. Saímos dos carros e decidimos que vamos nos separar novamente. Eu parei na frente do Rafa apreensiva.

  — Amor, vai dar tudo certo. Eu te vejo quando tudo isso acabar. — Ele beijou minha testa. — Eu te amo. — Quando ia dizer o mesmo os meninos disseram pra irmos logo. Ele sorriu e fomos nos separando.

  São quinze pessoas. Eu sai pela pequena mata ali e ouvi passos. Peguei minha arma e assim que vi um rosto diferente junto com outros quatro atirei neles sem exitar. Vi um pequeno montinho de corpos se formando. Cinco já se foram. Ouvi vários tiros vindo de um lugar próximo. Então fui até lá. Esperei nunca ver isso. Mas eu vi. Era minha melhor amiga no chão, sangrando. Corri até ela e ela estava quase morrendo. Então ela sorriu enquanto uma lágrima escorria pelo seu rosto. O Jus apareceu e parou do lado dela. Eu vi um outro cara aparecendo e antes que eu pudesse atirar ele atirou no Jus e ele caiu do lado da Bianca. Eu atirei nele e já não sabia mais o que fazer. Eu estava chorando e tudo o que eu ouvi foi um resmungo do Jus.

  — Eu te amo Bi. — Eles deram as mãos e como se fosse algo natural eles fecharam os olhos e eu não conseguia me mover. Nem chorar nem nada que envolvesse sentimento. Então apareceram mais três. Agora já virou pessoal. Atirei neles e eu estava quase sem munição. Peguei a arma do Jus ali no chão e olhei pros dois. Chorei mas estava com mais raiva. Eles mataram meus amigos. Eu não posso aceitar isso. Já eram dez. Faltam mais cinco. Ouvi alguns passos então me aproximei. O Rafa estava cercado por mais três e dois mortos ao lado deles. Eu apareci e ele se distraiu um pouco ao me olhar e nisso eu atirei em dois e o que sobrou se esquivou e atirou duas vezes. Preferia que fosse em mim e não no Rafa. Muito menos em seu coração. Eu atirei três vezes em sua cabeça e ele caiu sem um resquício se quer de quem vai sobreviver. Nem ele nem o amor da minha vida. Parei ao lado do Rafa e chorei. Eu chorei desesperadamente. É como se um pedaço de mim fosse tirado. Dois pedaços na verdade. O Max apareceu ali do lado e me viu desesperada ali com o Rafa em meus braços. Como vou contar isso pro Chris? E pro Carlos?

   — Ai meu Deus, Tori. — Ele veio até mim e tentou me tirar do lado do Rafa. E eu não queria acreditar que aquilo realmente estava acontecendo. Eu estava realmente mal. Aquilo me deu até enjôo. O Max me levantou e me abraçou. Ele também perdeu três amigos. Então estamos todos sofrendo.

    Ligaram pro Ryan e avisaram pra ele. Provavelmente o Carlos e o Chris estavam juntos por que o Max tentou acalma-los. Eu não queria ficar longe do Rafa. Então a ambulância chegou para poder levá-los para o necrotério e prepararem eles pro velório. Eu não aguentava a dor que eu estava sentindo e não queria sair dali. Então o Max me carregou pra longe deles enquanto os cobriam. Eu gritava como se tivessem me batendo. Então a Clara me abraçou e tentou me acalmar enquanto também chorava. Fomos para casa nos arrumar e eu não aguentava mais, estava muito enjoada então subi rápido para vomitar. Depois tomei um banho e vesti uma roupa preta. Prendi meu cabelo. Peguei um óculos escuros e desci. Estavam me esperando. Fomos pro velório. Fizeram uma homenagem a eles. Tinham vários agentes ali presentes e o Carlos estava paralisado em pé olhando pra ele. Eu levantei e fui abraça-lo. Ele chorou baixinho no meu ombro e eu o mesmo.

  — Eu perdi a única pessoa da minha família. Eu não tenho mais ninguém. — A voz dele está rouca.

  — Você ainda tem a mim. E aos seus amigos. — Eu falei e ele me soltou. Nos sentamos e ficamos assim até o horário do enterro. Fomos ao cemitério todos juntos e eles foram enterrados nas criptas das familias. Eu parei e me ajoelhei em frente ao do Rafa. Eu chorei e com isso soluçava e faltava ar. Então o Max veio novamente com a Clara e me levaram dali. Fomos para casa e eu subi. Não dormia e muito menos comia a dias.

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora