Reforma

11 0 0
                                        

- E a Clarinha?

- Ela vai ter que descobrir sozinha. Ela está me ensinando um jogo de cartas brasileiro e eu estou pirando!

- Ah, o pai dela ensinou ela a jogar todo tipo de coisa desde que ela era pequena. Vai ser necessário muito tempo pra você derrotar ela, só um aviso.

- A gente já está sentindo sua falta. 

- Acredito. 

- Sério.

- Ele está bem mesmo?

- Uma pena ele estar como antes. Não quer namorar e nem pensa nessa possibilidade.

- Ele era bem mais grosso antes da gente ficar junto então se prepara.

- Como você aguentou?

- Porque ele fugiu. - Lembrei. - Bom, melhor vocês descansarem porque são agentes da CIA ainda, lembram?

- E você? Só quer saber como estão as coisas aqui mas não quer nos contar nada. Pode ir falando.

- Hoje um cara quis me assaltar. 

- Você acabou com ele?

- Quase quebrei o braço dele mas só isso. - Ele riu alto

- Está sem armas por aí não é?

- Eu sou uma arma, meu bem. Desculpe! - E mais risos.

- Dá um tempo, meu bem.

- Vou dormir Max, manda um beijo pra todos, diz que eu estou com saudades e que amo vocês.

- Digo. Você vai vir no dia 25? 

- Acho melhor eu só ir dia 30 mesmo Max. 

- É esse o futuro que você quer?

- Especifique-se.

- Viver em uma cabana no meio do mato se escondendo dele pra sempre... Você sabe que não vai dar certo.

- E você sabe?

- Eu sei de uma coisa, Tori. Que vocês dois são o amor da vida um do outro, vocês se separaram várias vezes mas já reataram várias vezes e pra mim isso significa que vocês estão fadados à ficarem juntos e todas essas coisas que vocês já passaram foram só pra testar o amor de vocês. E o destino não vai deixar vocês se separarem assim. Não por muito tempo. - E lá estava eu chorando de novo.

- Preciso dormir.

- O.k. Amo você e se precisar de alguma coisa uma mensagem dizendo S.O.S que eu já estou aí.

- Também amo você. - Desliguei e me encolhi na cama chorando. Não sei porque estou chorando mas estou. E foi assim até eu pegar no sono.

No começo da manhã, depois do meu café da manhã rápido me dirigi até a loja do Josh, o babão. Por ser segunda, e ele parecer ter 17 anos possivelmente ainda está no colegial. Então torci pra chegar lá e o pai dele estar no caixa. Abri a porta e lá estava o pai. Branco como neve, sem um vestígio de bronze, cabelos negros emaranhados e olhos verdes. Me lembrou por um instante o meu pai. Ele sorriu pra mim e eu retribui.

- Bom dia. Posso ajudar?

- Eu encomendei algumas tintas com seu filho há alguns dias... Ele disse que chegaria hoje. - Ele assentiu e foi procurar as tintas. 

- Bom, são quatro latas, está de carro? - Merda. Minha conversível resolveria isso pra mim agora. 

- Não... - Falei devagar. 

- Certo. Amor! - Ele gritou e uma mulher loura com olhos cor de mel apareceu. - Amor, tem como você dar uma carona para a...

- Tori.

- Para a Tori. Ela precisa levar essas quatro latas de tinta. Eu vou pegar alguns pincéis e rolos pra você. 

- Não, não precisa se preocupar. 

- Não, sem problemas. - Ele foi e voltou rápido. Então entramos na minivan deles e a moça me levou até minha cabana.

- Você mora aqui? 

- É. Eu queria um lugar tranquilo.

- Objetivo alcançado, vamos. - Ela me ajudou a levar as tintas até a sacada. Então eu agradeci e comecei a pensar em comprar um carro.

Depois de agradecer a ajuda da Pennie, mãe do Josh, comecei meu trabalho. Pintei a cabana inteira até as seis da tarde, por ser pequeno foi bem mais rápido. Então tomei banho e saí de bicicleta até uma concessionária que vendia Jeep. Olhei vários Jeeps e vi um wrangler caramelo e me apaixonei. Não chegava à trinta mil. Então depois de toda a parte burocrática de comprar um carro voltei pra casa apaixonada. Quando estacionei na frente da cabana meu celular tocou. Ryan.

- Que bom que comprou um carro. Um Jeep é ótimo. 

- Do que você não sabe de mim no momento?

- O nome do cara que te beijou.

- Josh. 

- Agora, sei de tudo. 

- Eu odeio você.

- Eu sei. Já comprou sua passagem pra vir pro casamento?

- Acho que vou de carro.

- Sabe que são quase trinta e duas horas de viagem certo? 

- Ryan! 

- Eu sou um cara inteligente, não brigue comigo. - Estava rindo no carro.

- Eu sei disso.

- Não chegue atrasada!

- Não vou. 

- Agora vá à um restaurante, não quero que fique com fome.

- Está dizendo que não sei cozinhar?

- Não herdou meus dotes culinários.

- Herdei os dotes, mas não aluguei uma casa com utensílios o suficiente. - Ele riu.

- Então volta pra casa.

- Nem a pau. - Desliguei e sai com o carro de novo pra outro restaurante. 

Voltei pra casa orando pra não sonhar com ele novamente. Me deitei e fiquei ouvindo algumas músicas até adormecer.

*Rafael*

Quando era quase meia noite voltei pra casa, eles são resistentes à uma conversa. Cheguei no meu apartamento luxuoso e me sentei no sofá. Apesar de a maioria das lacunas estarem preenchidas depois de horas e mais horas de conversa com meu pai, ainda faltam algumas coisas.

Porque eu mataria meu tio, a única pessoa que restou da família da minha mãe. Por que eles estavam atrás de uma colega. Eu nunca gostei de usar anéis, então por que eu tenho essa marca? Por que eu não consigo olhar pra cara desse Luke sem sentir raiva? Por que tem uma parte do meu consciente que sente uma tristeza, uma saudade e vontade de bater na primeira coisa que aparecer? Perguntas e mais perguntas. 

Entrei na minha cozinha abrindo os armários vendo o que tem de interessante e achei uma garrafa de bourbon, então minha cabeça me disse alguma coisa. Bom ver que você não quer mais saber de álcool, anjo.

Anjo.

Essa palavra ficou na minha cabeça por algumas horas até meus neurônios queimarem, ou quase isso, tentando lembrar de algo então apaguei.

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora