Saudades

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Cheguei na minha nova casa e entrei. Digamos que não é o tipo de casa que eu um dia pensaria em viver. Vai ver assim seja mais legal. Não?

Com as paredes em um tom marrom e o chão de madeira com algumas partes remendadas escolhi essa casa por causa de sua localização. Fica no meio de uma pequena floresta longe da cidade e ótimo para mim nesse momento. Um pouco de silêncio.

Apesar de eu sentir saudades do movimento constante em Atlanta, é bom me sentir uma pessoa mais normal. Sem me preocupar com quem quer minha cabeça. Ou com as pessoas que dependem de mim. É bom não ter mais essa responsabilidade em minhas mãos. 

Começou a anoitecer e eu fui à minha pequena cozinha. Comecei a cozinhar e digamos que eu posso sobreviver com meu dote culinário nada experiente. 

*Rafael*

Acordar e perceber que uma parte da sua vida foi arrancada de você não é uma das melhores sensações. Como pode, ontem eu era um cara normal que apenas ajudava o pai na academia e hoje eu sou um agente da CIA de acordo com as palavras do meu pai. Tenho uns carros bem legais e amigos. Digamos que minha infância não foi uma das mais populares. Arrumei meu primeiro amigo quando já tinha meus quinze anos no primeiro ano do colegial. Meu pai passou quase um dia inteiro me dizendo as coisas que eu já fiz. Ele falou que naquele mesmo ano eu fui para Londres ficar com alguns parentes. Eu perguntei porque, obvio.

- Ahn, você queria se afastar um pouco das coisas. 

- Que coisas? Eu nunca tive motivos para querer sair do Brasil. Eu adoro aquele lugar. 

- Você estava naquela fase rebelde. E achei que seria bom para aperfeiçoar seu inglês. - Realmente, mesmo sem lembrar continuo sendo fluente. 

- Por que eu não esqueci disso também. De como falar inglês ou como dirigir. 

- Não fiz medicina filho. - Dei risada.

- Então, como entrei na CIA? - Perguntei e ele respirou fundo e se ajeitou no sofá. - História complicada?

- Sim, mas aí vai. - Então ele contou tudo. Desde como conheceu minha mãe, como eles fugiram, dos outros dois diretores da CIA, da filha de um deles que era alvo dos meus familiares maternos, e de quando eles tentaram nos matar. 

- Espera, mas se eles não estavam atrás de mim por que eu entrei nessa história?

- Bom, você não queria que ninguém se machucasse por sua causa.

- E essas garotas que estavam comigo no dia, quem eram?

- A Bianca e a filha do Ryan. Ela não esta mais na CIA.

- Eu a conheço então?

- Sim. Vocês se conheciam assim só por cima.

- Ah, entendi. E esses meus parentes? Como eles estão agora?

- Mortos. A maioria foram mortos pelo Ryan e restou um. Seu tio. Damon. E você o matou. - Uau.

- Matei? Por que?

- Ele pegou uma de suas colegas como refém e ia mata-la. 

- Quem?

- Clara. - Mais uma pessoa que eu devo desculpas. 

- Certo. Só não me diga que eu me envolvi com uma garota.

- Não. Nenhuma. 

- Ótimo. - E continuamos conversando um bom tempo até eu saber quase tudo que aconteceu durante esse tempo. Fomos para o Centro de Treinamento da CIA para que eu pudesse lembrar o que eu fazia. Bem, até que eu estava indo bem para quem não lembrava de nada. Em umas horas eu já havia "reaprendido" tudo. Então nos reunimos na casa da Bianca. Estavam todos lá.

- Digam que é algo importante. - Max disse se sentando ao meu lado com a Clara. - Estava em uma coisa importante. - Clara deu risada.

- Ah é, safadinhos.

- Estávamos jogando cartas. Ele estava aprendendo como se joga no Brasil. - Clara disse e ele emburrado. - Ele perdeu algumas vezes. - Dei risada. 

- Bom gente, chamei vocês pra dizer algumas coisas sobre meu casamento. Nós íamos nos casar em Setembro mas com a ajuda da minha mãe e a tia Jen a gente conseguiu adiar isso. Então em Agosto, no meu aniversário, a gente se casa. - Todo mundo comemorou.

- Seu aniversário...

- Dia 30, Rafa. Logo depois do seu. 

- É. 

- Bem então os padrinhos vão ficar combinados assim. Max e Clara, Andrew e Brenda, Sara e Jeremie, Rafael e...

- Eu também? - Perguntei.

- Claro. - Todo mundo disse junto.

- Mas infelizmente não tem mais garotas para mim. Triste. - Disse sarcástico. 

- Claro que não. Tem a filha do Ryan. 

- Ah, aquela que saiu né? Da CIA. - Perguntei.

- Essa mesma.

- Por que ela saiu? 

- Ahn, - Eles estavam pensando. - Ela cansou. Disse que o objetivo dela aqui já havia sido alcançado. - Max falou e todo mundo concordou. 

- Entendi. Que pena. E como ela é?

- Feia. - Todo mundo disse ao mesmo tempo. - Chata, insuportável, arrogante. 

- Pensei que vocês eram amigas. - Disse à Bianca.

- Somos, mas digo essas coisas pra ela, por que é a mais pura verdade. - Ela falou e todos concordaram. 

- E vocês vão fazer eu entrar com ela na igreja?

- Sim, é isso ou isso.- Ela falou e eu tive que concordar.

- Certo. Então menos de um mês para o seu casamento certo? E as roupas?

- Já estão sendo providenciadas. 

- Vocês são mesmo rápidas. - Falei levantando.

- Onde você vai? - Perguntaram.

- Pra casa. Acho que o que ela tinha pra dizer já foi dito.

- Ahn, vamos pegar umas pizzas, você não quer? - Max perguntou.

- Pizzas? 

- Sim, você é o que sempre providencia as pizzas. - Max disse e eu assenti. Peguei meu celular pela primeira vez desde que eu tinha perdido a memória. - Ah deixa que eu procuro pra você. - Max se levantou e pegou meu celular. 

- O.k. Vou para o banheiro. - Bianca sinalizou onde era e eu fui. 

*Max*

Quando Rafael pegou o celular eu já fiquei em choque. As fotos. Tori. Mensagens. Qualquer evidência tem que ser apagada.

- O que foi isso? - Clara sussurrou.

- Fotos, mensagens, tudo. - Falei e eles se deram conta. Apaguei tudo que tinha sobre ela. Quando ele estava voltando liguei pra pizzaria depois de apagar o histórico também. Então devolvi o celular pra ele com um sorriso simpático.

- Gente, eu costumava usar algum anel? - Ele perguntou e eu gelei por dentro.

- Como assim?

- É que tem uma marca no meu dedo. Mas eu nunca namorei. Nem cogito essa possibilidade. - Esqueci que ele era um idiota antes da Tori. 

- Usava mas você perdeu na missão esses tempos atrás.

- Menos mal. Pensei que meu pai tinha mentido. - Demos risadas nervosos. - Vocês são sempre tão estranhos assim?

- Geralmente. - Falei e ele riu.

Dreaming out loudOnde histórias criam vida. Descubra agora