Dreaming out loud

Quem é Você?

   Às seis da manhã todos chegaram e eu acordei. Eles ficaram do lado de fora esperando alguma ação da parte dela. Então às seis e meia ela começou a acordar. Ela parecia perdida. Literalmente. Ela olhou pra tudo em volta dela, então pras mãos e cabelo. Eu me aproximei.

  — Tori, ainda bem que acordou. Tudo bem? — Eu rezava que ela dissesse que sim.

                                  *Tori*

Eu acordei no hospital. De novo. Mas um hospital diferente. Meu cabelo está maior, do nada? Quando eu ia me interrogar apareceu um rapaz. Ele é lindo. Mas não faz meu tipo. Ele perguntou se eu estou bem.

  — Estou ótima. Mas quem é você? — Perguntei. E por mais que eu nunca tenha falado inglês eu disse fluentemente e eu o entendi. — O que está acontecendo? Onde estou? Aconteceu alguma coisa com o meu pé de novo? — Perguntei. Ele esta me encarando boquiaberto. — Cadê minha mãe? Quem é você!? — Insisti.

  — Não tori por favor. Você não pode me esquecer. Não não não. — Ele ameaçou me tocar e eu gritei. Então a Bianca entrou no quarto com a Clara e a Brenda. Com pessoas estranhas.

  — O que foi Tori? — Ela perguntou. Ela está diferente. Mais mulher menos menininha mimada.

  — Ele, está me pressionando.

  — Como assim?

  — Quem são essa gente? — Perguntei quando ela se aproximou.

  — Deixa de ser besta. Essa é a nossa turma. — Eu franzi a sobrancelha.

  — Bianca, cadê a minha mãe? Onde eu estou? O que aconteceu comigo? — Se alguém me respondesse eu ia agradecer.

  — Precisamos conversar. — Ela disse pro menino estranho. Eles saíram do quarto e eu me sentei. Eu estou me sentindo bem. Então levantei o cobertor e me vi. Eu pareço, não não, eu estou muito mais... Magra? Então me levantei. Andei. Não manco mais? Como foi que isso aconteceu? Me olhei no espelho e me vi tão diferente. Meu cabelo era grande mas esta maior e... Quase liso? Então vi outras cicatrizes em mim. Estou apavorada então eles entraram no quarto com o médico.

  — Ola senhorita Backer. — Ele me chamou e eu o cumprimentei. — Me diga, que dia é hoje?

  — Acho que dia primeiro de julho. — Falei.

  — Mas estamos no meio e julho já. — Bianca cochichou sozinha.

  — Qual a ultima coisa que se lembra? — Ele perguntou me sentando na cama.

  — Ahn, eu fui ao fisioterapeuta ontem. E me mandaram procurar uma academia. Eu ia ir hoje. Mas acordei aqui. O que aconteceu?

  — Bom senhorita Backer. A senhorita ontem sofreu um acidente, bateu a cabeça em uma pedra e teve uma lesão provavelmente temporária. Não se lembra das ocorrências dos últimos quase três anos, certo ? — Ele olhou pra Bi e ela concordou.

  — Eu perdi a memória?

  — Não completamente. Só uma parte das suas lembranças. Mas pode ser que a senhorita se lembre. Ontem fiz várias e várias tomografias. Esta tudo em ordem. A sua recuperação vai vir do tempo. — Ele falou — A senhorita pode ir embora daqui alguns minutos. Fale com seus amigos enquanto isso. — Então ele saiu do quarto. As meninas se sentaram na cama em minha volta então os meninos saíram menos o menino que estava aqui mais cedo.

  — Eu perdi a memória. — Falei decepcionada.

  — Calma Tori. Que tal fazer algumas perguntas e a gente te deixa por dentro. — A Clara está tentando manter a situação melhor possível.

  — Quantos anos eu tenho agora?

  — Dezoito. — O menino respondeu.

  — Onde estou?

  — Atlanta.

  — Quem são aquelas pessoas?

  — Nossos amigos, companheiros de equipe.

  — Por que estou aqui?

  — Nada de mais.

  — Quem é você?

  — Rafael. — Ele falou e cruzou os braços em frente ao peito.

  — E essa aliança? — Perguntei olhando pro meu dedo, e do nada fiquei animada — Foi o Caio que me deu??? — Perguntei pra elas e o Rafael se levantou rápido de mais e foi em direção a porta.

  — Rafa onde você vai? — Bi perguntou

  — Eu preciso bater em alguma coisa. Preciso muito bater em alguma coisa. — Ele disse furioso.

  — Rafa, ela precisa de você mais do que nunca agora. — Ela foi pra perto dele para falar em baixo tom de voz. E eu fiquei meio: Que?

  — Não. Eu não preciso dele. E olha Rafael, se você quer conquistar alguém não vai conseguir com esse seu jeito violento. — Falei.

  — Eu não aguento. Preciso fazer alguma coisa pra expressar essa raiva e essa tristeza, Bianca. — Ele saiu depois de me olhar de canto e confesso que isso me fez um arrepio mas eu não entendi.

  — Vocês são namorados?

  — Meu namorado é loiro de olhos castanhos super claros. Nada ver com o senhor Rafael.

  — E o Alex? E o Caio? Estou namorando com ele? Isso é uma aliança de compromisso não é? — Eu estou curiosa, óbvio. Eu gosto do Caio a anos então ficaria bem feliz se elas dissessem que a gente esta namorando. Mas antes que elas me contassem o doutor apareceu.

  — Bom, está liberada. — Ele falou e voltou a sair. Elas me deram a roupa que trouxeram e eu a pus. Tirei a faixa da minha cabeça e vi meu cabelo enorme de novo. Quando estava pronta sai do quarto. Todo mundo me olhou e eu não conhecia ninguém. E tem dois caras mais velhos ali.

  — Tori, você conhece o seu pai. É o Ryan. — Bianca falou apresentando a gente. Eu fiquei nervosa mas nem dei bola pra ele.

  — Hum, prazer. — Falei. Ele está decepcionado. — Desculpe. Mas eu quero ver minha mãe.

  Fomos para fora do hospital e tinham carros lindos ali. Em toda a extensão da palavra. A Bi entrou em um Camaro vermelho. Entramos as meninas no mesmo carro. Eu estou muito perdida. É como se tivesse um vazio. Um eco. Na minha cabeça ontem eu estava mancando. Eu estava me recuperando. Estava no Brasil, no colegial, apaixonada sem resposta e sem pai. Mas hoje é tudo diferente e eu não sei como isso aconteceu. Como foi que eu cheguei aqui e porque cheguei até aqui. Eu só quero voltar pra minha casa, sentar no meu sofá com a minha mãe ausente e ficar ali até eu entender as coisas. Eu perdi meu primeiro beijo, minha festa de dezesseis anos, meu encontro com meu pai... Perdida em meio meus pensamentos o carro parou. Elas desceram e eu as acompanhei. Estávamos na porta da garagem. Eu observei a casa e é maravilhosa. Então ouvimos barulhos de socos e alguns "gemidos".