Capítulo 37 ☘

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Sebastian me encostou contra seu carro e juntou meus braços, gritando comigo e respingando gotículas de saliva em meu rosto.

— Para de gritar, Sebastian! — forcei meus braços para desvencilhar dele.

— Entra no carro! —ele ordenou, abrindo a porta do carro e me pegando pelo braço com força, esmagando minha pele.

Ele me empurrou para dentro e fechou causando um baque, resultado de sua fúria.
A porta travou e através da janela avistei Christian saindo sozinho, olhando para os lados até me encontrar socando a janela e pedindo socorro antes do carro sair.

Ele correu para minha direção e a velocidade de seus pés não pôde me alcançar. O carro tinha acabado de sair do lugar e meu desespero só aumentou.

— Sebastian, vamos para minha casa, amanhã a gente conversa mais — tentei acalmá-lo.

— Conversar? Eu não quero perder meu tempo com conversas, eu não estou fazendo esse papel idiota a toa, não. Eu quero que o nosso namoro vá para a próxima etapa.

— Não! Não falamos sobre isso, não quero falar sobre isso, vamos para minha casa!

—Cala a boca! Não me irrita, merda! Vai fazer o que eu quero!

— Nunca!

Ah, não encontrei outra saída, puxei os  cabelos dele com toda a minha força e mordi o seu ombro  até ouvir seus gritos e receber uma mãozada na cara.

Ele perdeu a direção para me agredir e o carro se descontrolou, só não foi pior porque ele freou antes e presa naquele lugar pequeno e abafado, ele me desferiu tapas e apertões, gritando no pé do meu ouvido.

Só vi meu rosto colidir com a janela e a minha súplica por socorro não adiantaria de nada. Dores e pancadas, gosto metálico do sangue e o medo do seguinte segundo. 

— Você é atrevida!   —ele falou e destravou as portas, me puxando para fora do carro como se eu fosse um saco de laranjas. Ouvi o rasgo do tecido de meu vestido, fui jogada ao chão com brutalidade.

— Grande merda! Eu odiei conhecer uma merda como você. Aquele dinheiro nem é tanto assim. Fique aí!

Sebastian entrou no carro e jogou minha bolsa contra minhas costas, cuspindo em seguida no chão, próximo de mim. Fechou a porta do carro e eu respirei aliviada por estar viva. 

Ele foi embora e eu fiquei no meio da rua, mas próxima da balada, eu só precisava me recompor e se levantar. 

De tão assustada que eu estava, encolhi minhas pernas e coloquei minha bolsa sobre elas, olhando para os lados e temendo aparição de qualquer coisa ruim.

Os faróis de um carro estavam intensos e quase cegantes, vindo em minha direção, meu instinto fez eu me levantar de supetão e correr, tropeçando em seguida, apoiando sobre as mãos.

Não deu tempo para mais nada, só parei por um momento quando ouvi a voz de Christian e suas mãos leves em contraste às mãos pesadas e agressivas de Sebastian sobre minha pele.

Ele sentou-se ao meu lado e me abraçou, envolvendo minha cabeça em sua mão e a encostando em seu peito de coração acelerado. Não pensei em mais nada, apenas chorei e me encolhi sob seus braços e palavras reconfortantes. O meu soluço impedia de dizer alguma coisa.

— Calma, respira e tenha calma — ele falava.

Delicadamente, ele tirou mechas de cabelo do meu rosto e me fez olhar para ele. Malditos olhos que me afogam.

— O que ele fez com você? Quem era aquele cara?

— Ele não fez nada, eu não sei...— hesitei em falar, o medo e o susto ainda esfriavam meu sangue por fora.

Christian perscrutou cada ponta de machucado em meu rosto.

— Ele bateu em você?

Balancei a cabeça confirmando, sem conseguir me pronunciar.

Christian levantou do chão, levando-me junto com ele. 

— Vamos embora.

Conduziu-me para dentro do carro e quando ele disse que me levaria para casa, recusei imediatamente.

— Não! Minha mãe não pode me ver assim.

— Então, vamos para minha casa. Lá, você toma um banho e dorme no meu quarto.

— E você? Não posso fazer isso, me leva para casa da Eva.

— Não. Na minha casa você vai ficar segura e outra, eu quero saber tim tim por tim tim o que houve com você.

— Foi apenas briga de namorados — menti, sabendo a enrascada que havia sido esta noite.

— Namorado? Esqueceu do Isaac, arrumando tranqueira? Inteligente você, hein —ele zombou e aquilo foi a gota da água, preferi ir para casa do que aguentar aquele julgamento incompreensível.

— Me leva para casa, estou melhor.

Ele bufou e ignorou minhas últimas palavras, estava sem paciência para discutir comigo e apenas repetiu:

— Vamos para minha casa, não posso demorar, preciso olhar o Bernardo.  


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