Capítulo 105☘

578 127 24
                                    


Christian empurrou Eva, que acabou tropeçando para trás e caindo na piscina. Clarisse se desesperou e Eva começou a me xingar e socar a superfície da água.

Minha reação foi apenas ignorar e me virar, pronta para voltar ao quarto do hotel. Meus passos foram pesados até chegar em frente ao elevador; os gritos de Christian atrás de mim soavam e meu corpo tremeu, só de imaginar a vergonha e a raiva que eu sentia. 

  — Para! Lisandra! —  ele exclamou, sua voz ficava mais grave, como se ele tivesse o direito de gritar comigo.  

Eu apertava o maldito botão do elevador e nada de me livrar daquela voz, numa mistura de raiva e arrependimento. 

— Chega! Agora você me escuta! —  ele se colocou na minha frente, impedindo-me de entrar no elevador das portas abertas. 

— Não me provoque, Christian, eu sou capaz de derrubá-lo mesmo com esse braço quebrado —  ameacei.

Ele não deixava o elevador se fechar mas também não permitia minha entrada. 

— Ok. Fique aí, eu vou para outro lugar —  eu estava tão confusa que meus pensamentos se embaralhavam e me sentia perdida naquele lugar. 

Ele não desistiu e seguiu meus passos até eu tomar a decisão de ir pelas escadas. As luzes se acendiam com a nossa chegada e eu subia cada degrau, escutando a respiração e o silêncio dele. 

— Isso é uma idiotice —  digo, sem me virar para trás e ter de encarar seus olhos. 

— Você é uma idiota, aliás, nós dois somos idiotas. Quando estou disponível para você, sou escorraçado e você arruma várias desculpas. Quando eu estou tentando me dar bem com alguém, você aparece como um furacão e destrói tudo.  

  — Não queria ter estragado seu beijo com Eva. Mas não sei se Miranda aprova essa ideia. 

—  Eva me pegou de surpresa, não tenho e nem quero nada com ela. Nosso lance foi passageiro e você sabe disso. 

Tive vontade de chorar, gritar e bater em Christian. Queria jogá-lo pelas escadas, aproveitar um pouco de sua vulnerabilidade. 

—  Sente vontade de me jogar pelas escadas, não é? —  ele diz e eu acabo mordendo a língua. 

—  Ai! Virou vidente agora?!

Decido enfrentar minha raiva e medo. Paro de subir os degraus e me viro para ele, observando aqueles olhos escuros e brilhantes; cabelos curtos e pretos, penteados. Seu rosto, seu cheiro e a vontade de tocar sua pele só me enfraquece. 

— Se eu quisesse Eva, estaria lá com ela. E antes que diga alguma coisa, a piscina não é funda, então não me preocupo. E em relação à Miranda, não vou mentir, ela é muito especial para mim. 

 Estico meu braço e toco seu ombro, apertando-o docemente. Ele sorri e minha vontade é de beijá-lo.

  — Por que está atrás de mim? —  pergunto.

—  Porque eu estou cansado disso tudo. Estou cansado de mentir para mim mesmo. Eu sou louco por você. 

— É mentira! Não quero sofrer por você, Christian! —  interrompo-o, gritando e fazendo minha reverberar naquele ambiente. —  Eu preferia estar sofrendo pelo Isaac, acreditando que um dia nós casaríamos e eu ouviria a sua doce voz durante os nossos anos de casados. Eu preferia viver como uma adolescente que sonha o impossível. Que se apaixona por um cantor, sabendo que sequer vai vê-lo na sua frente. Mas você apareceu e me fez amar como ninguém. 

Ele subiu o degrau onde eu estava e sem me tocar, encostou seus lábios nos meus. A mão que não estava na tipoia apertou minha cintura e me puxou até encostar em seu peito. Estremeci e alisei seu rosto. 

— Não quero mais brigar com você, Lis, por favor...só me deixe amar você. Não podemos ficar assim. Seja a mulher da minha vida.  

—  Você me trata como se eu fosse uma garota boba, Chris. Não podemos mais ficar juntos. 

—  Nunca ficamos juntos —  ele retrucou. — Andei lendo as mensagens de suas fotos e não sabe o quanto me dói ver a maldade daquelas pessoas. 

— Não ligo para elas. Não me conhecem para julgar. As mulheres morrem por você e muitas me odeiam por causa de Isaac. 

— Lis, fica do meu lado, pelo amor de Deus. 

— Eu não quero mais ser como antes. Me larga, por favor... —  eu dizia enfaticamente. 

Seus dedos saíram da minha cintura e percorreram minhas costas até tocar minha nuca e levantar meu cabelo. Beijou minha testa, beijou meu nariz e beijou minha boca. As lágrimas escorreram de meus olhos e sentei no degrau, conduzindo-o. Ficamos inclinados entre os degraus. 

Na Mira do INSTAGRAMOnde histórias criam vida. Descubra agora