BÔNUS XIX - Jonas narrando...

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Meu pai me ajudou a sair do carro e fui com certa dificuldade para meu quarto. Encontrei Léo no caminho e seu olhar não me trouxe um bom pensamento. Ele me ajudou a alcançar meu quarto, empurrou a porta  e tive um susto ao ver Matheo sair debaixo da cama.

— Pô! Que merda faz aqui? Eu já falei que desisti desse plano idiota! Eu não vou fazer mal à garota que amo! Isso é babaca! Vocês quiseram me usar para invadir e excluir a conta de Gaby! Eu consegui invadir, mas não vou excluir, ela é merecedora de tudo que construiu e isso é a maior idiotice! Saia do meu quarto!

Léo fechou a porta com receio de alguém nos ouvir, pois eu estava falando alto.

Matheo passava a mão nos cabelos e não parava de perambular pelos dois lados do quarto, estressado.

— Cara! Eu não quero saber de Gaby! A ideia idiota de ameaçar a conta do Instagram foi do Vini —  defendeu-se. — Eu só preciso de um lugar para passar a noite. A polícia deve estar vistoriando minha casa, sei lá. Eu vou dar um jeito de sair, só preciso dessa noite!

—Você machucou minha  melhor amiga, se ela souber que eu sabia de tudo isso, ela nunca vai me perdoar. Ainda mais, porque fui eu que criei esse pseudônimo idiota de capa voadora.

Eu me recordo quando Matheo revelou ter sido um dos mascarados. Até então, eu não tinha ideia de absolutamente nada. Matheo veio aqui em casa e apenas estava querendo a ideia de um personagem vilão para a peça de teatro que planejava fazer. Eu achei capa voadora um nome interessante. A capa é algo que todo herói costuma usar para voar, é como se a maior parte de seu poder estivesse com ela. 

Matheo admitira ter sido contratado por Miriam, com o consentimento de Gaby. Agora a presença de Vini foi outra história. E a sua morte na ambulância foi uma notícia falsa.

Eu entrei nessa enrascada sem querer e hoje sinto um arrependimento grande por ter permitido que a história se desenrolasse até esse ponto. Lisandra foi machucada por culpa do meu silêncio, da minha inercia diante do que eu sabia. Léo também se viu inserido nessa tramoia.

— Eu nunca tive intenção de machucar Lisandra! — Matheo exclamou. —Miriam tomou as rédeas da situação mais do que o previsto.

— Por que você perseguiu Lisandra? — perguntei, sentindo minhas costelas doerem. 

— Porque Miriam achou que seria divertido e estava irritada pelo atrevimento de Lisandra. Só que eu não esperava me apaixonar por ela.

Eu não suportava mais ouvir aquilo. A minha vontade era esmurrar a face dele. 

— E o que Miriam queria? Matar Gaby depois de fazê-la passar por tudo aquilo.

— Eu só preciso passar uma noite aqui, cara. Depois o apartamento do Leo vai estar liberado. Hoje ele convidou Gaby para jantar lá — Léo revirou os olhos quando Matheo disse aquilo. Ele não me falaria do jantar, sabendo o quanto eu gostava de Gaby. 

— Parabéns, irmão, você conseguiu conquistar o amor da garota que eu amo— digo visivelmente abalado.

— Me perdoa, Jonas! Aconteceu e nós estamos apenas nos conhecendo, por favor, entenda...

—Cala a boca! Seja perdoado quando ela descobrir que você sabia daquele sequestro da pousada, seus merdas! Você fica e amanhã suma! — a minha voz saiu rouca, eu estava querendo muito descansar e não falar mais sobre esse assunto.

Havia um colchão onde Léo dormia para me fazer companhia e Matheo dormiria lá nesta noite.  

Eu só queria ter a liberdade de permanecer sozinho em meu quarto e me desabafar através das lágrimas. Não é fácil saber que seu irmão conseguiu ficar com a garota dos seus sonhos.

Um dia superarei essa paixão, porque nada nesta vida é para sempre. Tudo passa e não adianta duvidar do tempo, porque ele nos surpreende no seu tempo certo.

Hoje eu desejava abraçar Gaby e lhe prometer momentos bons e inesquecíveis. Mas será Léo a fazer parte de sua vida agora. 

Devo-me preocupar exclusivamente na recuperação de meu corpo antes da recuperação da mente.

Devo-me preocupar exclusivamente na recuperação de meu corpo antes da recuperação da mente

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