Segunda-feira, dia de renovar energias. Peguei a minha mochila e sem nenhuma vontade de verificar os materiais das matérias do dia, saí mais cedo de casa, destinada a ir para a cafeteria de Jonas e pedir um daqueles cappuccinos com artes elaboradas.
— Adorei as fotos — Jonas falou assim que sentei ao balcão.
—Estou envergonhada, sei lá, bateu um arrependimento, deixando-as lá.
Jonas trouxe meu cappuccino e me aconselhou a tirar mais fotos como aquelas.
—E você? Estamos muito afastados, precisamos marcar alguma coisa e colocar histórias em dia, o que acha, Jonas? —observei o desenho de uma face de urso sobre minha bebida quente.
—Eu aceito sim, só combinar o dia.
— Sabe, Jonas, eu estive pensando, é normal sentir falta daquilo que nunca se viveu?
Jonas coçou a cabeça e ergueu as sobrancelhas.
— Bem genérico isso, que tal me falar do que você sente falta.
Conversar com Jonas era tão divertido, ele sempre estava me ouvindo e apesar de ser um grande amigo, eu não falaria sobre minhas recentes experiências desagradáveis. Nossas conversas se restringiam a coisas engraçadas da vida.
— Sinto falta de carros antigos, aqueles abertos para os cabelos esvoaçaram numa estrada típica dos anos 90. Eu me vejo debaixo do sol, encostada num carro e admirando a poeira de terra sob meus pés. É sério...não me olha assim, eu preciso ir para o um lugar assim, na boa...
Jonas só soube rir e me pediu para esperar enquanto atendia os novos clientes e para falar a verdade, quando me virei para visualizá-los, assustei-me com a chegada de Eva e Christian de mãos dadas.
Christian se ofereceu para pagar o café quente para ela, e nem se incomodou para me cumprimentar, apoiou os antebraços no balcão ao meu lado e simplesmente me ignorou, como se eu fosse uma desconhecida.
Como deu tempo para Eva e Christian se pegarem daquele jeito? Aquelas risadinhas agudas dela me enojam e soavam falsas, ela estava claramente me provocando.
— E aí, Lisandra? — enfim, ele se pronunciou, olhando para o meu lado.
— Nem foi me buscar em casa, por quê?— perguntei mesmo, sem me importar com mais nada.
—Porque você saiu mais cedo que o previsto e eu vi.
Dei de ombros e foquei em terminar meu café da manhã.
—Jonas, até mais, foi um prazer bater um papo com você— levantei-me, sem estômago preparado para ver Christian e Eva juntos.
Jonas percebeu que meu copo ainda continha bebida e me aconselhou a tomar tudo.
— Qual é? Olhe para isso, eu não gosto de desperdícios, dona Lisandra.
Peguei meu copo e sem pensar muito, joguei sobre o casal ao meu lado. Os dois se beijavam e foi no momento que fiz questão de sujar a camisa branca dele; por sorte, a bebida também respingou em Eva, que praguejou instantaneamente.
— Deixa na minha conta Jonas, pago amanhã! — corri, sem olhar para trás. Parecia uma criança que acabara de cometer uma travessura e agora fugia, saltitando e rindo.
Muita adrenalina percorrendo meu corpo e me fazendo agir mais pelo impulso do que pela racionalidade. Atravessei a rua sem prestar atenção ao farol, era só encontrar uma brecha e avistar o carro e seria o suficiente para correr e atravessar. Um carro diminuiu a velocidade bruscamente e um rapaz baixou a janela prestes a me xingar. Ele era um jovem muito bonito e sua expressão raivosa dava-lhe um charme. Nunca tinha visto antes, mas me simpatizei com a maneira dele de esbravejar.
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Ficção AdolescenteLisandra é uma adolescente que não compreende o porquê das pessoas seguirem outras e admirá-las, como se fossem intocáveis, entretanto, ela não se dá conta de que também faz parte desse mundo e sempre está de olho nos passos de seu cantor favorito q...