Capítulo 44 ☘

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Segunda-feira, dia de renovar energias. Peguei a minha mochila e sem nenhuma vontade de verificar os materiais das matérias do dia, saí mais cedo de casa, destinada a ir para a cafeteria de Jonas e pedir um daqueles cappuccinos com artes elaboradas.

— Adorei as fotos — Jonas falou assim que sentei ao balcão.

—Estou envergonhada, sei lá, bateu um arrependimento, deixando-as lá.

Jonas trouxe meu cappuccino e me aconselhou a tirar mais fotos como aquelas.

—E você? Estamos muito afastados, precisamos marcar alguma coisa e colocar histórias em dia, o que acha, Jonas? —observei o desenho de uma face de urso sobre minha bebida quente.

—Eu aceito sim, só combinar o dia.

— Sabe, Jonas, eu estive pensando, é normal sentir falta daquilo que nunca se viveu?

Jonas coçou a cabeça e ergueu as sobrancelhas.

— Bem genérico isso, que tal me falar do que você sente falta.

Conversar com Jonas era tão divertido, ele sempre estava me ouvindo e apesar de ser um grande amigo, eu não falaria sobre minhas recentes experiências desagradáveis. Nossas conversas se restringiam a coisas engraçadas da vida.

—  Sinto falta de carros antigos, aqueles abertos para os cabelos esvoaçaram numa estrada típica dos anos 90. Eu me vejo debaixo do sol, encostada num carro e admirando a poeira de terra sob meus pés. É sério...não me olha assim, eu preciso ir para o um lugar assim, na boa...

Jonas só soube rir e me pediu para esperar enquanto atendia os novos clientes e para falar a verdade, quando me virei para visualizá-los, assustei-me com a chegada de Eva e Christian de mãos dadas.

Christian se ofereceu para pagar o café quente para ela, e nem se incomodou para me cumprimentar, apoiou os antebraços no balcão ao meu lado e simplesmente me ignorou, como se eu fosse uma desconhecida. 

Como deu tempo para Eva e Christian se pegarem daquele jeito? Aquelas risadinhas agudas dela me enojam e soavam falsas, ela estava claramente me provocando. 

— E aí, Lisandra? — enfim, ele se pronunciou, olhando para o meu lado. 

— Nem foi me buscar em casa, por quê?— perguntei mesmo, sem me importar com mais nada. 

—Porque você saiu mais cedo que o previsto e eu vi.

Dei de ombros e foquei em terminar meu café da manhã.

—Jonas, até mais, foi um prazer bater um papo com você— levantei-me, sem estômago preparado para ver Christian e Eva juntos. 

Jonas percebeu que meu copo ainda continha bebida e me aconselhou a tomar tudo. 

  —  Qual é? Olhe para isso, eu não gosto de desperdícios, dona Lisandra.

Peguei meu copo e sem pensar muito, joguei sobre o casal ao meu lado. Os dois se beijavam e foi no momento que fiz questão de sujar a camisa branca dele; por sorte, a bebida também respingou em Eva, que praguejou instantaneamente. 

—  Deixa na minha conta Jonas, pago amanhã!  —  corri, sem olhar para trás. Parecia uma criança que acabara de cometer uma travessura e agora fugia, saltitando e rindo.  

Muita adrenalina percorrendo meu corpo e me fazendo agir mais pelo impulso do que pela racionalidade. Atravessei a rua sem prestar atenção ao farol, era só encontrar uma brecha e avistar o carro  e seria o suficiente para correr e atravessar. Um carro diminuiu a velocidade bruscamente e um rapaz baixou a janela prestes a me xingar. Ele era um jovem muito bonito e sua expressão raivosa dava-lhe um charme. Nunca tinha visto antes, mas me simpatizei com a maneira dele de esbravejar. 

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