Bônus XXIX - Matheo narrando...

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Eu sei o que dirá
Vai me culpar
Por um erro seu
Se alguém me perguntar
Irei dizer que não fui eu
Não fui eu  

Ei, escuta, para de agir feito criança
Escuta, sinto em te dizer, mas foi você quem procurou
Quem partiu um coração, não fui eu  

Ei, escuta, tudo nesse vida tem seu preço
Escuta, se chegou a hora de colher o que plantou
Você mesmo quem regou, não fui eu
Não fui eu  

Errei, extrapolei os limites. E agora estou fugindo da polícia. Era para eu estar preso uma hora dessas, mas estou fugindo e não quero me entregar. Voltei para casa, ciente de ser preso a qualquer instante e saí de casa, com uma viatura da polícia do outro lado da rua. Tive de ser mais esperto, eu precisava encontrar Lisandra e pedir desculpas. Não quero seu ódio, apenas seu perdão. Comportei-me errado com ela e agora estou correndo atrás do prejuízo, implorando em pensamento. Prometo não me intrometer mais em sua vida. Ela nunca vai gostar de mim e eu não merece sequer uma consideração sua. Fui covarde e agora terei de pagar pelos meus erros, só preciso vê-la pela última vez e prometo nunca mais perturbá-la. 

Nunca imaginei voltar para a casa de Alana, minha ex-namorada. Nós tivermos um relacionamento de dois anos e tudo terminou quando eu a traí com Gaby. Chegou o momento para fazer o que acho ser certo. Meu estômago reclama de fome e sinto frio, andei pela rua o dia inteiro. Vejo Lisandra cabisbaixa, entrando na casa de Alana e o rapaz que está com elas, entra no carro e vai embora. Espero alguns minutos até  correr para o outro lado da rua e apertar a campainha da casa de Alana. 

Massageio meus  braços e espero, sentindo medo e olhando para todos os lados da rua. É noite e a rua está deserta. De vez em quando, um carro passa e Alana me atende, tampando a boca, evitando um grito de susto ao me ver. 

  — Meu Deus! Matheo...  — ela sussurrava, tomando o cuidado de não chamar a atenção. 

Juntei as mãos e implorei para ela não fechar o portão na minha cara. 

  —  Por favor, vamos conversar.  Eu sei que Lisandra está aqui e eu precisava muito pedir perdão a ela, por favor não me julgue. 

 — Entra — ela autorizou minha entrada a contragosto. 

Entramos em sua sala de estar e as recordações vieram à minha mente. Ela me conduz até a cozinha.

  —  Não faça barulho —  ela pediu, puxando uma cadeira para mim. —  Quer comer alguma coisa? —  ela oferece. —  Você não está se alimentando, não é?

— Não muito. Jonas me deu um pouco de dinheiro para eu me virar nesses dias. 

— Está foragido há quanto tempo?

— Quase uma semana —  respondo. — Por favor, não ligue para a polícia, eu imploro. Eu juro me entregar assim que eu ver Lisandra. Ela precisa me perdoar. 

— O que houve com você, Matheo? Não era assim antes, como chegou a esse ponto? Juro não ter acreditado quando vi sua imagem no noticiário. Lisandra nem desconfia que nós tivermos um relacionamento e prefiro assim, ela é minha amiga. 

  —  Onde ela está? Eu queria muito falar com ela —  eu pedia mais uma vez.

— É tanto amor ou obsessão? —  ela questionava.

— Eu não sei dizer. Não quero mais atrapalhar a vida de Lisandra. Eu perdi a cabeça e entrei nesse jogo de segui-la e acabei me apegando a ela e só percebi a gravidade dos meus erros quando eu não me reconhecia mais. Quando acabei perdendo minha vida, meu cotidiano e você.

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