Clarisse e Nana estavam desaparecidas fazia horas e com o anoitecer, a agonia de ficar sem notícias das duas me deixou com o peso da culpa. Ainda não completara um dia, portante não sei se a mãe de Clarisse havia entrado em contato com a polícia, que com certeza pediria para esperar mais tempo. Danúbia estivera cuidando de Bernardo sem ter ideia do motivo de sua filha demorar tanto.
— Meu filho, será que é bom a Nana dormir na casa dessa colega?
— É, mãe, deixa a menina, ela só fica presa aqui em casa e precisa se divertir um pouco — disse Christian, com os olhos aflitos.
Estava na casa de Christian há um tempo suficiente para Danúbia falar a qualquer momento:"E você menina? Não tem casa não?". Como eu não estava pensando em mais nada além do sumiço de Nana e Clarisse, se Danúbia me expulsasse agora, eu pediria para ficar.
— Quer que eu a leve para casa, está ficando tarde — ofereceu Christian, desanimado.
— Eu vou chamar o motorista pelo aplicativo ou pegar o ônibus, não precisa se preocupar comigo — respondi, querendo ser útil a ele.
— Não vou ficar em paz se você sair daqui.
Ele pegou minha mão e eu senti o calor de sua pele e seus olhos lindos compenetrados nos meus. Eu não queria incomodá-lo, mas ele precisava de mim e Danúbia subiu as escadas com Bernardo no colo; Christian e eu estávamos sentados no sofá da sua sala de estar, um olhando para o outro, aflitos.
— A polícia precisa saber disso ou eu vou ficar louco, se não fizer nada — supôs Christian, apertando minha mão.
— Eu queria ser útil, mas eu tenho medo de acontecer alguma coisa ruim com elas, caso façamos isso.
Christian levantou-se, afastando sua mão da minha e a percorrendo em seu pescoço, suspirando de nervoso. Ele andava de um lado par ao outro, sem alternativas, sem saídas.
— Eu vou entrar em contato com esse louco e quem sabe ele me diga algo — levantei-me do sofá abrupta.
Christian não disse nada, nem ele mesmo saberia se era o certo a se fazer. Eu o fiz.
— Como minha irmã permitiu que tirassem aquelas fotos dela?— Christian se perguntava e odiava a ideia de saber que sua irmã estava de caso com alguém. — Ela só tem quinze anos, como eu vou lidar com isso? Ela dormiu com um cara louco, disposto a estragar a sua vida.
Tive de escrever alguma mensagem para o capa voadora:
" Por favor, devolva as garotas com vida, devolva Clarisse e Nana, eu faço o que você quiser, por favor, me leve no lugar delas"
Aguardei cinco minutos em total silêncio, observando Christian de costas para mim, olhando para o chão, de braços cruzados.
O celular apitou e meu coração disparou, quase saindo pela boca.
" Você duvidou de mim e eu odeio pessoas teimosas..."
Nada de relevante, então enviei outra mensagem:
" Eu faço o que você quiser, pare com isso, por favor"
Já eram dezoito horas e Christian me trouxe um copo com suco de limão. Aceitei mesmo não gostando do sabor, minha vida já estava azeda o suficiente.
"Entra na conta de seu instagram e tire uma foto de seu rosto"
Primeira ordem sem nexo do psicopata. Tive de acatar e não contrariar. Posicionei a câmera de meu celular e tirei uma foto inexpressiva, ou melhor, tensa.
"Agora, dê um sorriso"
Segunda ordem do psicopata. Um leve sorriso em meus lábios presos.
" Tire uma foto com a língua para fora".
Isso era demais para a minha paciência quase inexistente. A vontade de xingá-lo era grande, mas a vontade de ver Nana e Clarisse era maior e mais importante. Tirei a maldita foto e Christian franziu as sobrancelhas.
— Que está fazendo?
— Estou obedecendo ao sequestrador. Ele está me mandando tirar essas fotos, o que eu posso fazer?
" Isso é só o começo, minha querida. As meninas foram liberadas, viu como é fácil? Eu provei do que sou capaz e você provou do quanto é obediente e assim não machucaremos ninguém, ainda..."
Em quinze minutos, Nana apareceu surpresa com a minha presença e a alegria de seu irmão, abraçando-a e a erguendo do chão.
— Onde esteve, por que não me atendeu?!
— Meu celular descarregou e estive conversando com um menino lindo e nem venha brigar comigo, ele me apresentou aos pais dele.
Christian me olhou de esguelha e quis saber de imediato.
— Cadê esse cara? Eu quero vê-lo e se negar, eu vou contar tudo à mamãe.Me dê o celular, Lisandra — ele me ordenou, estendendo a mão, queria perguntar quem havia tirado aquelas fotos comprometedoras dela. Eu balancei a cabeça negativamente e falei:
— Agora não, Christian. Deixa para depois.
— Vai ser agora mesmo, então vou perguntar sem as fotos.
— O que foi? — Nana deu um meio sorriso, entre achar curioso e engraçado.
— Quem tirou fotos suas com sutiã? E ainda deitada numa cama?
Nana foi pega de surpresa e gaguejou, sem conseguir iniciar uma palavra legível. Levantei-me do sofá e sussurrei ao pé do ouvido de Christian.
— Não vamos insistir agora, ela tá sem condições de falar...
Christian engoliu em seco e pareceu concordar, pedindo para sua irmã ir ao quarto e dormir. Nana consentiu com a cabeça e me agradeceu, apertando levemente meu braço enquanto passava ao meu lado.
— Esse psicopata é o tal do garoto? — Christian olhava para mim, querendo resposta.
— Esse psicopata é próximo do garoto e não vamos conseguir chegar até ele — respondi.
Meu celular apitou e era mensagem de Clarisse, avisando ter ido a uma sessão de fotos e se divertido bastante.
"Amiga!!! Estou ótima, para de loucuras, garota! Ganhei o dia! Estava num ensaio babado e adivinha quem encontrei na agência? Ela mesmo, a Gaby, a minha Deusa! Minha mãe quase arrancou minha pele por não ter avisado, mas valeu a pena, vocês são muito dramáticas"
Quem tá gostando da historia, levante a mão! Muito obrigada pelo carinho de todos!!! Hoje eu estou meio borocochô e as leituras e comentários de vocês sempre me alegram e me faz querer continuar! Muitooo obrigada!!!
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Fiksi RemajaLisandra é uma adolescente que não compreende o porquê das pessoas seguirem outras e admirá-las, como se fossem intocáveis, entretanto, ela não se dá conta de que também faz parte desse mundo e sempre está de olho nos passos de seu cantor favorito q...