Isaac estava um pouco mais agitado do que o normal, perdi até a conta de quantas vezes eu havia visto ele virar taças. Ele não parava de gritar e dançar e até para me beijar, incomodei-me com o odor forte do álcool.
— Melhor parar com isso, Isaac — pedi, tentando fazê-lo parar de dançar um pouco. —Vamos parar, por favor — pedi mais uma vez e, desta vez, Isaac me ouviu.
— Vamos parar sim, está quente aqui, não acha? Acho que vou tirar a camisa.
E eu não acreditei que ele teria coragem de fazer isso até vê-lo puxar a camisa por cima da cabeça.
— Isaac!
É claro que as garotas começaram a aplaudir e tirar fotos. Parece que muitas se deram conta de se tratar de Isaac e não pararam mais de abordá-lo.
— Tira foto comigo, Isaac, eu te amo! — gritou uma menina, aproximando-se e empurrando o celular para mim. — Tire uma foto nossa, por favor, amiga.
— Não sou sua amiga e vai à merda, garota! — entreguei o celular e caí fora. Isaac me chamou, mas eu não dei ouvidos. Fui até a sala de estar de Gaby e me surpreendi com o cômodo espaçoso, sem muitos móveis, apenas algumas poltronas.
Miriam estava sentada no colo de Christian. Os dois conversavam e claro que me senti machucada, óbvio. Eva estava ao lado de Clarisse e não parava de olhá-los. Seus olhos estavam saindo faíscas para todos os lados.
Ela não fazia nada, apenas encarava os dois. Ciúmes era pouco para definir meu sentimento e não sei se aguentava tanto assim como ela. Acho que meu ciúmes foi maior e decisivo. Se eu pudesse e tivesse coragem, estaria me embebedando só para não ter de aguentar tudo isso.
Não vou chorar, não vou chorar, eu vou meter a porrada mesmo.
Puxei os cabelos de Miriam, tirando-a de cima de Christian.
— Sai, sua cachorra de cima dele!
Miriam era mais alta do que eu e não demorou para me derrubar no chão e montar em mim. Antes que suas mãos viessem à minha cara, Christian a puxou facilmente.
— Eu vou bater nesta idiota! Ela puxou meu cabelo, vou acabar com ela — ouvi a raivosa querer avançar em mim quando eu me levantava aos poucos.
Christian a segurava e foi a deixa para eu fugir de lá em meio às pessoas me olhando.
Às vezes eu acho que sou louca, não é possível. Se Isaac ainda estiver sem camisa, eu vou embora sozinha, sem pensar duas vezes.
Isaac estava dentro da piscina, tirando fotos com garotas ao seu lado. Sim, ele estava molhado e se divertindo muito. Eu dei de ombros e achei melhor cair fora agora mesmo, só não fui mais rápida, porque me surpreendi ao ver Gaby conversando com Léo, o irmão do Jonas. Aliás, esse cara deve me odiar pelo acidente. Como eu gostaria de me atualizar sobre o estado de saúde do Jonas, ainda bem que a mãe dele costuma responder minhas mensagens.
Gaby parecia bem entretida com a conversa, e é melhor assim. Olho ao meu redor e tento pegar alguém de surpresa, vigiando-me. Quem sabe não dou de cara com o capa voadora.
— Ei, Lisandra!
Virei-me e vi Christian se aproximando.
— Por que está desse jeito? Por que agrediu minha amiga?
— Porque não gostei de ver aquela garota exibida, sentada no seu colo.
Ele riu, inclinando sua cabeça para trás.
— Você é muito louca, cara. O que te interessa que aquela moça linda estava conversando comigo?
— Não estou nem aí para vocês dois! — falo, inclinando meu rosto em sua direção.
Eu cruzei meus braços, empinando o nariz.
Ele deu um passo até mim e apertou meus ombros, puxando-me para perto dele.
— Me solta — reclamo, estranhando sua expressão séria e silenciosa.
Christian afrouxa o aperto e com a mão nas minhas costas, puxa-me e me beija fortemente.
Depois ele me solta e fala:
— Esse ciúmes todo é por que gosta de mim?
Não posso continuar mentindo, não faz parte de mim, não faz parte de meu sangue.
— É porque eu te amo — agarro e o beijo, segurando seu rosto para que não se afaste de mim.
Mas um súbito me faz se afastar dele e bato em seu peito, culpando-o.
—Isso nunca aconteceu, ok? Nunca! Não gosto de você, nem sei por que lhe beijei, sai de perto de mim!
Eu recuei e corri em direção à saída, os portões me esperavam. Não vou olhar para trás, não vou olhar para trás jamais!
Saí da casa de Gaby e até quis que Christian viesse atrás de mim, mas ele não o fez e aquilo me apertou o peito ainda mais. Eu deveria estar lá dentro para usufruir de um encontro que tinha tudo para dar certo e esperar Isaac chamar seu amigo para vir nos buscar, mas não, tudo deu errado. Avistei o taxista e corri para o outro lado da rua, acenando com a mão; o homem estava encostado no carro.
—Opa! Boa noite, pode me levar para casa, eu vou te falando o endereço.
— Claro, vamos.
Entrei no carro e me sentei no banco detrás, respirando mais aliviada. Olhei para as minhas mãos trêmulas, o calafrio ainda estava incrustado em mim e para piorar o meu celular vibrava e apitava.
Retiro-o da minha bolsa e lá se vai a terceira mensagem do capa voadora:
"Saiu cedo, flor. Você está tão linda, vou deixá-la em paz"
Pela primeira vez, o capa voadora me deu um alívio e tirou de mim um sorriso no final daquela noite de sábado.
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Teen FictionLisandra é uma adolescente que não compreende o porquê das pessoas seguirem outras e admirá-las, como se fossem intocáveis, entretanto, ela não se dá conta de que também faz parte desse mundo e sempre está de olho nos passos de seu cantor favorito q...