Estou em desespero total e não acho a chave reserva em lugar nenhum, sou obrigada a me contentar em chutar esta porta. Já estou cansada e Léo também não sabe mais o que fazer. Aquele louco me falou coisas horríveis, não vou ficar aqui, esperando o pior. Começo a gritar e esmurrar a porta com as mãos. Meus sapatos novos vão estragar de tanto que chuto feito uma desvairada. Estou sendo perseguida de verdade e não vai valer de nada, só se eu encontrasse um mísero celular capacitado para aplicativos.
—Não achei nada, mas eu vou te proteger — falou Léo, abraçando-me e apoiando minha cabeça em seu peito.
— Não vai não, querido. Você é muito fraquinho...
Inconformado, Léo desgruda de mim e me olha, chateado, atrás de seu par de óculos que ele só usa como um acessório.
— O quê? Está me chamando de fraco? Poxa, eu não pensei que fosse falar assim tão rápido...
— Só estou alertando para você não se ferir muito—dei dois tapas leves em seu ombro e apertei seu nariz para ele suavizar a expressão.
— Beleza! Agora estou preso no quarto de uma menina mimada que se acha a Barbie — ele cruzou os braços e sentou-se na cama, ainda se sentindo ofendido.
— Acho melhor você voltar para debaixo da cama, não quero ver você correndo risco por mim. Tome isto!— entreguei meu frasco de perfume, fragrância romã.
Ele comprimiu os lábios, sem entender.
— Estou cheirando mal? — pergunta, verificando o próprio odor das axilas.
— Idiota! Estamos no meio de uma guerra e você acha mesmo que vou te dar um perfume, porque esta cheirando mal? É porque isso na sua mão é de vidro e serve para machucar quando você acertar em alguém. Léo alisou a testa e meneou a cabeça, reprovando a ideia.
— Esta coisa deveria ter olho mágico! —reclamo ao olhar para a porta.
Léo me vira para ele e beija minha testa.
— Se cuida, por favor — ele pede, com aqueles olhos pequenos.
— Ok. Agora cuide de você enquanto estiver debaixo da cama e não faça nenhum barulho, senão estamos encrencados.
Ele é legal e sempre me distrai com suas fotografias. Não sei como explicar, sua companhia me faz bem e somos bons amigos.
— Enfiar um grampo, abre uma fechadura? eu vejo isso nos filmes — pergunto, olhando o orifício da fechadura.
Léo,debaixo da cama, arrasta-se para fora e diz:
— Bem, acredito que sim, nunca tentei, mas há vários tutorias na Internet. É preciso de dois grampos e torcê-los corretamente para levantar os pinos da fechadura.
Alguém estava destrancando a porta e Léo se escondeu rapidamente, batendo a cabeça na madeira da cama e abafando um grito de dor.
O medo me cobriu por inteira e o louco apareceu, com aquela máscara idiota.
— Sentiu minha falta?—ele pôs as mãos em minha nuca e me puxou para um beijo, que eu negava a todo custo. Suas mãos desceram para os meus braços, dominando-me. — Gosto de meninas obedientes e você para sair viva daqui, precisa me amar, como eu te amo.
Ele estava louco se pensava seriamente nisso. Eu nunca o beijaria, morderia sua língua e o veria sangrar de dor, se fosse necessário.
Tentei chutá-lo, mas ele me agarrou por trás e tentou fazer o golpe do mata-leão em mim, enganchando seus braços em meu pescoço delicado. Implorava a todo momento em pensamento para Léo usar o frasco do perfume, porque eu estava ficando agoniada e com mais um pouco de força aplicada, eu desmaiaria.
— Não gosto de garotas malvadas, lindinha — O mascarado continuava me irritado com aquelas palavras.
Ouvi um baque forte sobre mim e o mascarado grunhiu, soltando-me. Agi rapidamente, virando-me e flagrando Léo lutando com ele, corpo a corpo. Os cacos do meu perfume estavam no chão e doía ver um perfume importado da França naquele estado. Léo tomou-lhe o canivete e o mascarado cambaleou com dor quando a porta foi aberta e outro mascarado apareceu.
Assustado, Léo apontou o canivete para ele, mas não serviria quando o outro portava uma arma de fogo e apontava para nós.
— Vão para o outro lado, agora! Não quero machucar vocês, merda! Vão logo!
Foi melhor obedecê-lo. Léo pegou minha mão e demos a volta, agachando-nos do outro lado da cama, abraçados e amedrontados.
O mascarado mais alto levou o outro caído, reclamando da dor de cabeça. Quando a porta voltou a ser trancada, Léo me apertou em seus braços e falou para eu manter a calma, tudo daria certo.
— Não vamos perder a calma, não agora.Eles ainda vão cair.
Orgulhosa de sua coragem, levantei a cabeça e lhe dei um beijo nos lábios.
Uma tristeza me apertou por dentro e não me levantei, na verdade, sentei-me no chão, olhando para baixo e torcendo o lençol.
— Você está bem, Gaby? — Léo voltou e se agachou ao meu lado.
— Eles são muito perigosos. Não sei...não posso ficar aqui, se eu quiser ter meu bebê.
Perplexo, Léo não acreditava no que ouvia.
— Bebê?
— Não me pergunte nada ,Léo! Estou mal comigo mesma! Eu não queria estar aqui, muito menos assim. Preciso me desabafar, não tenho mais ninguém para ficar ao meu lado. Meus pais se separam e não tenho contato com eles desde que minha mãe internou minha avó no asilo. E eu nunca visitei minha avó, eu sou péssima!
O abraço de Léo era reconfortante, ele não indagava, não me julgava, apenas me abraçava forte.
Amanhã vai ter capítulo!
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Roman pour AdolescentsLisandra é uma adolescente que não compreende o porquê das pessoas seguirem outras e admirá-las, como se fossem intocáveis, entretanto, ela não se dá conta de que também faz parte desse mundo e sempre está de olho nos passos de seu cantor favorito q...