BÔNUS XIV -Gaby narrando...

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Esqueci de trazer as minhas camisolas de renda. Quem cuidava das minhas roupas era Miriam, agora para arrumar esta mala, acabei me atrapalhando um pouco. Peguei uma calça de moletom e uma camiseta escura, o importante era dormir confortavelmente. A festa ainda continuava e sinceramente, eu não estava disposta para continuar lá. Depois que Isaac e Lisandra saíram, eu me senti mal e resolvi subir para tomar um banho. Meu quarto ficava no quarto andar e Léo me acompanhou, na subida pelo elevador. Ele entrou no seu quarto número quarenta e cinco e eu fui para o quarenta e quatro. 

Antes de ligar o chuveiro, eu comecei a gargalhar quase descontroladamente. Foi muito bom empurrar Miriam na piscina. Eu me senti até um pouco vingada. Ela estava flertando uns caras na festa e quando se distraiu, eu pensei instantaneamente como seria bom me divertir um pouco. Empurrei-a e ela me xingou, tomando todo o cuidado para sair. Seu vestido era curto demais e como possuía pernas longas, ela realmente estava quase nua. Ela puxava o tecido, que grudava no corpo e antes que ela viesse para cima de mim, saí correndo. Léo veio atrás de mim e me chamava de louca por ter feito aquilo. 

  — Não pode me chamar de louca. Não costumo fazer isso, então achei muito legal. Estou errada? —  perguntei, olhando para aqueles olhos pequenos e lindos. 

Ele me abraçou e paramos um pouco, nossos pés começavam a diminuir a corrida e ele me encostou numa parede. Eu percebia sua timidez, mas a vontade de me tomar pela boca era maior ainda, então eu preferi facilitar e o puxei pela nuca. Queria sentir sua respiração em mim. 

— Se quer me beijar, então não perca tempo —  falei, num sussurro. 

Ele começou a gaguejar e não conseguia responder. Sabendo da dificuldade de tocar em uma mulher, beijei-o. 

Léo nunca seria um dos meus tipos, porém a vida costuma nos surpreender. As pessoas surgem em nossas vidas num suspiro e logo estão tomando seu espaço, com suas diferenças. Eu gostei do beijo e não parei. Nossas línguas se conversavam e em nada Léo me pareceu iniciante, pelo contrário, eu me sentia realizada. Suas mãos enlaçaram em minha cintura e me levaram até seu corpo. Puxei seus cabelos delicadamente enquanto nossas cabeças se movimentam junto com nossas bocas. 

O beijo terminou e sujei sua boca com meu batom vermelho. Pedi desculpas e depois tentei limpar com meus dedos. 

—  Deixa pra lá! —  ele disse, rindo. Seu rosto estava completamente vermelho e não era mais culpa do batom, não. Um menino envergonhado, como se tivesse dado seu primeiro beijo. Achei aquilo tão fofo e tão ingênuo. 

Peguei sua mão e o chamei para vir comigo até meu quarto. Ele arregalou os olhos e se afastou, começando a gaguejar novamente. Abracei sua cintura e o repreendi:

—  Sério? Você não gostou do gosto da minha boca, não foi? Por isso você está me dispensando? Fale a verdade para eu sumir de vez, cara!

Ele respirou fundo e pôs seus braços em meus ombros e tomou coragem para falar. 

—  Eu estou afinzão de você. Não me larga nunca, por favor? —  ele disse, dando-me um breve beijo.

 Não me larga nunca, por favor? —  ele disse, dando-me um breve beijo

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Não falei nada.  Meu olhar já era uma resposta afirmativa e ele soube compreender. Entramos no elevador e sem se importar com as pessoas que entravam ou com a própria câmera, eu o agarrei e ficamos nos beijando até chegarmos ao quarto andar. 

Não posso mentir, dizendo ter esquecido de Isaac, acho difícil isso acontecer tão cedo, mas como ele namora aquela garota e vai lá saber o que os dois fazem juntos, eu também mereço virar a página, por mais que exista a possibilidade de retornar e recomeçar a escrever na primeira linha.  Por isso, não vou arrancá-la. 

Léo nem deve gostar tanto assim de mim. Hoje estamos nos conhecendo mais e palavras bonitas surgem como força do hábito, por isso se a demonstração de um rapaz carinhoso e apaixonado parte dele, acho que seja temporário. Eu ainda tenho fortes esperanças de me reconciliar com Isaac. Infelizmente, não estou grávida dele, mas seria algo extraordinário e decisivo em nossas vidas, se eu estivesse. Ele não me recusaria por causa daquela garota, que eu detesto só de imaginar. 

Léo se afastava, avisando sobre a chegada e descemos do elevador de mãos dadas. Agradeço pela companhia e lhe dou um último beijo.

  — Engraçado, as pessoas estão indo embora, não é? —  comento, estranhando ver algumas pessoas carregando suas malas para fora. —  Por que será?

—  Não sei. Bem, eu vou para meu quarto, estou um pouco cansado, até mais —  ele se despede, entrando em seu quarto. 

Dou de ombros e entro em meu quarto, desejando tomar um banho relaxante. E foi assim a minha noite nada espetacular. Tenho que admitir que costumo ser uma das últimas pessoas a sair  das festas, mas meu humor está em total desânimo e Léo foi o único que conseguiu me tirar um pouco desse tédio. 

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