Capítulo 50☘

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Quase desejei faltar a semana inteira, só para ir ao hospital e ficar lá, atenta às notícias de meu amigo, que estava internado no hospital do centro da cidade. Mas a realidade era ir ao colégio e flagrar Eva engolindo a boca de Christian na minha frente. Eu seria uma tola, se acreditasse que o relacionamento relâmpago deles estivesse limitado a beijos.

Esperei Christian partir em seu carro para eu conseguir entrar no colégio. Só de imaginar se deparar com aquela garota, esfregando na minha cara o quanto era sortuda, a ânsia aumentava.

Encontrei Eva no corredor, conversando com Clarisse e mais duas garotas. Ela fez questão de aumentar a voz quando passei por elas.

—Gaby me considera amiga, e a Clarisse também. Fomos convidadas para a festa de aniversário dela e até ganhamos roupas caríssimas. Gaby é perfeita dos pés a cabeça.

Fechei minhas mãos ao lado do corpo e parei de caminhar, girando sobre os calcanhares para encará-la.

—Você gosta de migalhas né? Acha mesmo que a Gaby se importa com você? — cruzei os braços e ri debochadamente.

Eva arqueou uma de suas sobrancelhas e se aproximou, usando um cachecol, que deveria pertencer à linha de roupas da sua ídola.

—Está bravinha, por quê? Porque Christian prefere mil vezes me beijar do que olhar para você? — ela suspirou e voltou acrescentar:—Ele me faz tão feliz, ele é tão maravilhoso. Se você não fosse uma falsa e mentirosa, eu com certeza falaria os detalhes de nosso romance, mas você não merece.

Vontade de arrancar os cabelos dela e dar-lhe um tapa não faltou, aliás, era uma vontade de transbordar, entretanto eu não me rebaixaria por causa de um garoto.

Ela virou de costas e voltou para seu círculo, rebolando.

O sinal tocou e todos nós fomos para as classes e acabei indo, transtornada ao extremo.

Não queria nem entrar na primeira aula, minha atenção está voltada completamente para o estado de saúde de Jonas. Ele não merecia passar por aquilo.

Durante a primeira aula, não aguentei e capotei sobre meus braços dobrados. O livro aberto só servia como um travesseiro. Fechei os olhos e aos poucos a voz do professor foi desaparecendo.

Clarisse tentou me acordar, pedindo para focar na aula, mas eu apenas virava de lado e voltava a dormir.

Sem ter noção de tempo, a voz do professor se intensificou e se tornou nítida, acordando-me abruptamente.

—Está doente, Lisandra? — ele perguntou.

Ergui meu rosto e me vi babando; as gargalhadas dos meus colegas ao redor me envergonhavam.

—Estou um pouco, professor, me desculpa.

—Vai lavar o rosto e toma um ar fresco.

Agradeci e me levantei, evitando olhar para os alunos,que me faziam sentir o centro das atenções. Sem prestar atenção no chão, acabei tropeçando e caindo sobre meu pulso, que torceu. Eva havia me feito tropeçar.

— Ai!

Clarisse me ajudou a se levantar e recebeu autorização do professor para me acompanhar até o médico. Apesar da dor e a incapacidade de mexer a mão, pude saber sobre Jonas, e ele estava fora de perigo, com o quadro estável. Tive meu pulso engessado e voltei para a casa mais alegre ainda por receber licença de uma semana.

Tomei um analgésico e me lembrei de Christian, quando ele cuidou de mim na noite do encontro com Sebastian.

Deitei na cama, e pensei em desligar meu celular, mas a mensagem do capa voadora havia sido mais rápida.

" O que houve? Caiu? Sua mão está enfaixada, pq?"

Não acredito! Ele sabia até do machucado da minha mão e o pior era que ele sabia o momento do meu retorno para casa. Meu coração disparava só de imaginá-lo vigiando minha casa.

Não quis responder, desliguei o celular imediatamente e voltei a me posicionar para dormir. A campainha começou a tocar, e a vontade de xingar foi grande. Quem tocava essa campainha irritante, que só sabia berrar?

— Lisandra! Oh, Lisandra! Tem visita, abre a porta!

— Já vou, espere um momentinho...

Arrastei-me da cama e tomei cuidado para não usar minha mão machucada como apoio.

Abri a porta e o susto foi imediato. Christian estava do outro lado, segurando uma caixa de chocolates e minha mãe, atrás dele, fazia gestos de elogios ,como se falasse:"Bonitinho, hein".

—Christian, é você?

—Não, apenas um clone de um gostosão — ele brincou e estendeu a caixa — comprei para você.

— Entra meu filho, fique á vontade, quer beber um suco? — ofereceu minha mãe, atenciosa e simpática. Mas quando me viu beijando Isaac, só faltou quebrar o celular.

Convidei-o para se sentar na minha cama e fechei a porta, com o coração pulsando na altura da garganta. Sentei-me ao seu lado e abri a caixa, pegando o primeiro chocolate em forma de cubo.

— O recheio é de menta — ele disse.

Realmente o doce estava delicioso. Não resisti e peguei outro.

— Eu sempre compro sabor menta, são meus favoritos.

— Muito obrigada. Mas como soube do meu acidente?

— Acidente? Como assim? Eu não soube, eu vim, porque você estava mal por causa do Jonas, então eu resolvi passar aqui para deixar esses chocolates para você, nem sabia que estivesse em casa. Que acidente?

Ergui a mão enfaixada e ele arregalou os olhos. 

  —  O que houve?

—  Sua namorada colocou o pé no meu caminho e tropecei. 

— Namorada? —  ele estranhou, como se a amnésia tivesse afetado-o temporariamente. 

—  Eva. 

—  Ela não é minha namorada... — respondeu, mordendo os lábios, sem completar a frase. —  E por que ela faria isso?

—   Porque eu falo mal de você, tento alertá-la a não cair no seu papinho, dizendo que você é pegador e canalha. 

Quando eu penso que Christian ficaria irritado comigo, ele acaba achando graça. 

  —  Você me ama, não é possível!  

Acabei rindo para não ser obrigada a concordar.  


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