Capítulo 60☘

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Apertei a sua mão e vi sua melhoria com o passar das visitas. Estava comprometida a aparecer uma vez por semana e depois que ele insistiu para eu parar de ficar me culpando pelo acidente, consegui me sentir mais tranquila e esperançosa pela sua recuperação total. 

Jonas era um rapaz esforçado e sempre manteve uma alegria de viver. Somos amigos há dois anos e desde o primeiro dia que experimentei seu cappuccino de chocolate, comecei a frequentar sua cafeteria antes da escola.  E agora sinto falta da sua presença notável.

As manhãs sem Jonas estão difíceis de aguentar, mas ele precisa de todos os cuidados. Tocar sua mão e ser respondida por uma voz ainda embargada, enchia meus olhos de lágrimas. Uma mistura de felicidade e tristeza ao mesmo tempo. 

Ele está conseguindo se comunicar com as pessoas pelo celular e quando recebo uma mensagem sua, fico com mais vontade de vê-lo. Ele curtia minhas fotos e se orgulhava da minha mudança feita aos poucos. 

Ele só pedia para que eu continuasse sendo a mesma pessoa por dentro, então prometi a não mudar e continuar a ser a Lisandra de sempre. Beijei sua testa antes de sair do quarto. 

 —  Sara logo para fazer meu cappuccino preferido, meu amigo — despedi-me dele, afastando-me com certa relutância, nossos dedos ainda se tocavam e ele me falou que era para eu ter paciência, pois logo seus ossos estariam no lugar. 

Alcanço a porta e a abro, virando-me de encontro ao corredor. A imagem do som da batida do carro contra o Jonas apertou meu peito, dado uma sensação ruim.  Me apoio na parede e as lágrimas rolam pelo meu rosto. 

"Ele vai ficar bom, ele vai ficar bom", repeti para mim mesma enquanto me recompunha. Se Christian estivesse aqui, seria mais fácil. Eu precisava desabafar e extravasar meus sentimentos. 

    O impulso é pegar o celular e procurar pelo número de Christian, só ele saberá como me acalmar.  Enviarei uma mensagem ou ligarei mesmo, não sei, só preciso achar seu número entre tantos na agenda. 

Conversar com Isaac não será a mesma coisa, então não adianta eu pensar na possibilidade de tentar me desabafar com ele. 

Às vezes ou sempre, não consigo definir Christian, ele me parece tão irredutível e complicado. Se ele fosse um pouco mais maleável e demonstrasse mais suas fraquezas, talvez, uma amizade saudável pudesse ser construída entre nós. 

Mas  problema é o beijo. Eu respondi seu beijo e ele sequer veio atrás de mim, aquilo me magoou e só fez dúvidas surgirem atrás de mais dúvidas. E me admiro ninguém ter tirado nossa foto a ponto de postar no Instagram e fazê-la se espalhar. 

E se o capa voadora acha que irá me chantagear com essa imagem, engana-se, pois não vou me abalar, aliás, simplesmente direi a verdade para Isaac, que também  não é nenhum santo. 

Uma mensagem de remetente anônimo pisca na minha tela e deduzo em segundos quem seja. 

"Jonas vai ficar bem, não se preocupe, não precisa chorar, minha flor"

Ele está aqui! Encosto minhas costas na parede e olho para os dois lados, encontro apenas uma médica entrando em um dos quartos. Não há mais ninguém. Acima de minha cabeça só há uma pequena câmera mirando em mim. 

Outro apito. Outra mensagem.

" Estou muito feio naquela foto que o Léo lhe mostrou, não acha?"

Guardo o meu celular e olho pela última vez a câmera, saio às pressas do corredor e encontro a mãe de Jonas, bebendo um copo de água. Ela me abraça e vê meus olhos vermelhos, conduzindo-me a se sentar no sofá na sala de espera. 

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