Aquela noite poderia terminar e me fazer acordar sobre minha cama descansadamente. Mas a situação era totalmente diferente e aquela garota estava com um canivete afiado e não havia dúvidas de que tinha sido ela que estivera no meio da multidão e riscara minha pele.
Ela segurava a foto de uma garota muito bonita entre os dedos. Ela esticava o papel com a impressão do rosto da menina. E eu reconheci imediatamente aquela garota, que agora estava morta.
— Eu não matei. Foi meu amigo, ele era apaixonado por ela — disse a garota, soluçando e inclinando a cabeça para o lado, como se ele fosse despencar de seu pescoço.
— Por favor, não me deixe aqui! — exclamei, encontrando-me no porão daquele casarão.
— Fogo queima? — ela perguntou, rindo em seguida. —Sempre quis seguidores, sempre quis ser bonita assim, com esses cabelos sedosos — ela passava a mão sobre meus cabelos.
— Se gravássemos um vídeo da sua tortura, será que me renderia alguns seguidores? — disse a menina de cabelos desgrenhados num tom amarronzado sem vida. Ela apontou um canivete em minha direção e depois recuou o objeto, simulando-o um corte em seu próprio pescoço.
Eu estava sentado numa cadeira enferrujada e desci as escadas para o porão, temendo as ações psicopáticas daquela garota tão jovem e cruel.
Eu fui acompanhada por ela até aquele lugar rústico e assombrado. Agora ela estava na minha frente e eu podia encontrar meios de fugir. Ela não era mais forte do que eu, só precisava agir com destreza e o quanto antes.
Ainda sentia a ardência dos finos cortes que ela cometera no início da festa. Nós duas estávamos frente a frente e minha vontade era atacar e tentar minha sobrevivência.
— Você não precisa agir assim. Somos duas pessoas jovens e temos um futuro incrível.
— Futuro é tão incerto, prefiro o presente e você ignorou minhas mensagens. Não aguento mais ouvir o quanto você é linda e perfeita... — ela dizia, olhando para as próprias unhas curtas e sem esmalte. — A minha vida é uma merda e eu odeio as pessoas que me tratam como se eu não existisse...
Pronto. A garota era uma psicopata e carente. Espere aí...estou me identificando com essa garota e só de imaginar que eu já me senti assim, balancei minha cabeça, tirando isso da minha mente e lembrando o quanto eu era fútil, criticando Gaby e sua fama.
— Por que matou aquela garota? — perguntei, imaginando a resposta mais tosca do Universo.
— Porque ela me ignorou e não gostou do desenho que criei para ela. Meu amigo disse que o ideal era dar uma lição e ele a matou.
A garota mirou a ponta do canivete para mim e estava disposta a fazer o mesmo comigo. Ela me mataria e eu não conseguiria agir antes. E o amigo dela poderia estar por perto, caso precisasse defender sua amiga, e disso eu tinha certeza, então não adiantaria muito tentar fugir, mas eu não entregaria minha vida, pois o meu instinto agiria na frente da razão dos meus pensamentos.
— E como você quer ser eu, se pretende me destruir? Eu poderia dizer os segredos da fama, da beleza e da idolatria. Se você se tornar minha amiga, conseguirei muitos seguidores para você. É só me deixar viver e parar de querer me ferir.
Falei aquelas palavras, tentando ludibriá-la, com a possibilidade de estar falhando e entregando-me à merda total.
A garota começou a passar mal e vomitou na minha frente. E não pensei duas vezes, girei meus calcanhares e corri até a escada. Subi em desespero, sentindo meu coração saltitar. Eram degraus intermináveis para o meu medo. Nem imaginei se a consequência resultaria em minha morte, apenas corri para sobreviver.
Aquele casarão me assustava e só me trazia lembranças ruins. Meus pés agiram por mim. Corri, atravessando o longo corredor escuro, minha intenção era alcançar a luz que penetrava naquele ambiente assustador.
Ele atravessou meu caminho e recuei, assustada, como se o coração tivesse saindo pela minha boca. Matheo estava na minha frente depois de tanto tempo sem vê-lo.
— Nunca imaginei ver você tão mudada, Lisandra. Como está linda e metida — ele me olhava dos pés à cabeça. — Por que não me procurou mais, gatinha...
Minha vontade era mandá-lo para o inferno, porém me contive com medo e imaginando o pior.
— É só você se comportar, vem aqui, lindinha...— ele avançou vagarosamente até mim e eu recuava, pensando na garota, que poderia estar atrás de mim, com aquela roupa suja de vômito.
— Não venha até mim, por favor...— eu estendia meus braços na altura do peito, chorando por dentro, querendo gritar.
De repente, algo bateu contra a cabeça de Matheo e pude ver o vaso de vidro quebrar. Ele desmaiou, e atrás dele, com o semblante determinado, Gaby estava me encarando. Ela tinha acabado de quebrar um vaso na cabeça dele.
AGORA É OFICIAL! FALTAM 11 CAPÍTULOS!!!
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Ficção AdolescenteLisandra é uma adolescente que não compreende o porquê das pessoas seguirem outras e admirá-las, como se fossem intocáveis, entretanto, ela não se dá conta de que também faz parte desse mundo e sempre está de olho nos passos de seu cantor favorito q...