Capítulo 76☘

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Depois de voltar da delegacia, sinto-me mais aliviada por não precisar me esconder ou ter medo de alguma mensagem. Quero estar tranquila e espero que Matheo seja pego o quanto antes, não suporto viver nessa agonia. Se eu não gostasse tanto de Christian, eu ligaria para ele agora e pediria um pouco de sua companhia. Isso é tão bobo, eu preciso deixá-lo em paz e esquecer dele e do Isaac. Só preciso sarar logo esse pulso e voltar para o colégio. 

Eu pego o celular e escrevo uma mensagem para Christian.

"Eu queria tanto conversar, isso é possível? "

Antes de enviar, eu reflito, não posso confiar no impulso da minha vontade. Estou indo contra os meus novos rumos. Ele tem a vida dele e eu preciso voltar a ter a minha.

A campainha toca e dou um pulo só de imaginar que seja Christian.

Saio do quarto e vou até a porta e  avisto minha mãe, abrindo o portão para Jonas entrar .  Ele finalmente está andando, com muletas, porém sua fisionomia parece melhor, mais sadia.

—Jonas!  — exclamo, entusiasmada e corro para abraçá-lo. Nós começamos a rir quando nossos corpos doem com o contato.

— Ai, estamos quebrados — falo, erguendo o pulso enfaixado.

Jonas se surpreende e lamenta por me ver naquele estado.

— Nossa, eu soube o que houve e não acreditei, sinceramente. É terrível só de imaginar —ele falou, olhando para meu pulso.

— Eu estou um pouco machucada, mas ficarei melhor com o passar dos dias, assim como você também ficará. Não da para comparar, mas nós dois sabemos como é ficar no hospital e não queremos voltar de jeito nenhum.

Jonas começa a rir e eu o ajudo a se sentar à mesa da cozinha.

—E aí? Recuperação em casa sem pausa para fazer meu cappuccino?

—Lisandra! —minha mãe me repreende e Jonas acha engraçado.

— Não voltarei tão cedo. Sinto muito. Vou precisar de mais funcionários trabalhando comigo.

— É tao bom ver você sorrindo e se recuperando. Me tira um pouco da culpa, entende?

— Não seja boba, eu estou ótimo. Aconteceu porque não olhei para o sinal quando eu corria atrás de você. Isso acontece. Por favor, não se culpe.

Minha mãe traz um copo de suco de abacaxi para Jonas. Ele pega o copo com naturalidade e toma um gole. 

— Como é bom tomar suco feito em casa, bem adoçado— Jonas elogia, suspirando com a cabeça inclinada para trás.

— Mãe! A senhora colocou muito açúcar? — repreendo-a, com um pouco de humor.

—Oh, nem tanto!— ela se defende, rindo.

— Este suco está bem melhor que meu cappuccino —ele fala, esvaziando o copo.

— Nem comece, senhor Jonas. Eu amo seu cappuccino e não aceito sua aposentadoria tão cedo.

  —  E o susto? Já passou, não é? Eles conseguiram capturar Matheo? —  pergunta, Jonas, interessado.  

  — Ah, eu fui à delegacia e mostrei todas as mensagens, o sujeito está sendo procurado e espero que o encontre logo —  digo, preocupada. —  Como você soube? As notícias estão correndo?

—  A imagem dele está sendo espalhada em páginas de notícia no Instagram. Ele era um famosinho da internet, estava no começo, mas já possuía um número significado de admiradores —  informa Jonas. —  Bem, vou voltar para casa, é muito bom vê-la bem, minha Lis.  

— Mas já? Eu queria tanto sua companhia horas e horas. Podíamos jogar dama, xadrez e rir das nossas jogadas toscas — proponho e Jonas lamenta.

—Meus remédios tem horários, então vamos marcar para outro dia. O meu pai me aguarda dentro do carro, mas em outro dia, voltarei para ganhar.

Finjo estar indignada e lhe mostro a língua.

—Vejo que a língua não sofreu nenhum dano — ele brinca enquanto se afasta com as muletas sob as axilas.

Ele se despede de minha mãe e me ofereço para acompanhá-lo até o portão. Vejo seu pai fora do carro, de braços cruzados, encostado  em seu carro branco. Ele avista o filho e se apressa a ajudá-lo a entrar no veículo. Dou um abraço cauteloso em Jonas e me despeço, acenando. 

No outro lado da rua, vejo um rapaz desconhecido, porém seus olhos fixam em mim e sinto uma sensação de perseguição.

O garoto abre a jaqueta amarela e tira uma máscara branca de dentro dela. Sem pensar duas vezes, eu tranco o portão desajeitadamente e entro em casa, com o coração querendo sair pela boca.

Matheo não é confiável e é o verdadeiro capa voadora. Ele não pretende parar e minha vida vai entrar em turbilhão novamente.Eu preciso falar com Christian, somente ele para me acalmar. Digito seu número em meu celular e aguardo dois toques, em seguida, ele atende. 

— Christian, sou eu a Lisandra.

— Eu sei, tenho seu número salvo aqui — ele diz, sem muita consistência na voz.

— Eu queria conversar, topa vir aqui em casa, preciso desabafar, senão eu vou ficar louca.

—Sinto em dizer, mas não vai dar. Tenho muitos textos para serem revisados e nem vou sair de casa hoje, desculpa. Preciso acelerar a publicação dos artigos, já estão me cobrando.

— Sem problemas, sua voz já é suficiente para me consolar. Bom trabalho.

—Valeu! Como está os ferimentos? Estão doendo muito?—ele indaga, ainda me mantendo na linha.

—Estou bem e vou superar tudo isso. Pode ficar tranquilo, até porque você não está tão preocupado assim — alfineto, sabendo que estou errada.

—Se você pensa assim, Lisandra, não posso fazer nada. Tchau! — ele desliga o telefonema e meu nariz arde quando tento segurar o choro. 

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