BÔNUS XX - Christian narrando...

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Eu não tinha mais paciência para terminar de escrever o artigo sobre o campeonato da liga nacional de vôlei; meu corpo se inclinava para trás e eu bocejava, esticando os braços acima da cabeça. Estou visivelmente preocupado e com tantos compromissos lá fora, temo sair de casa. A porta do quarto está aberta e Nana demora a chegar, o que faz a minha paciência minguar a cada minuto.Um vulto passa pelo corredor e me levanto subitamente. Olho para o corredor e flagro Nana abrindo a porta de seu quarto.

— Está apressada, por quê?—pergunto, cruzando os braços e apoiando o lado de meu corpo na parede. Ela faz um sorriso unilateral e comenta sobre sua nova paquera.

— Espere, eu quero saber o nome dele, a idade, tudo e é agora!— ordeno.

— Ah qual é! Você pega um monte de mulher e só porque sou uma garota, acha que manda em mim, como se fosse meu pai?— ela me provoca e estou impaciente com essa situação intrincada. Aproximo-me e falo mais baixo.

— Quem vê você falando isso, acha que sou um pegador e não é assim. Eu sou seu irmão mais velho e vou me preocupar com suas companhias sempre. O problema é que eu preciso ver esse cara. Ele está ameaçando a nossa família.

— Dennis não faria isso. É apenas um garoto que tem uma mãe ranzinza por sinal —ela fala, revirando os olhos.

—Quando fui pegar Bernardo, tinha um bilhete de ameaça sob ele e o único estranho a entrar aqui, segundo nossa mãe, foi seu novo namorado — explico, esperando ser compreendido.

— Mamãe está louca...

—Não fale de nossa mãe dessa maneira. O bilhete existe.

— E acusar os outros sem prova é errado! Quem garante que não entrou outra pessoa— ela retruca.

— Eu quero falar com seu namorado, agora! - digo, impaciente e furioso.

—Não! — ela se nega, inabalável.

— Então, não sai mais de casa e tenho certeza que nossa mãe ficará do meu lado. 

— Está bem... — Nana responde, cabisbaixa. —Mas não é para assustar o garoto. —ela adverte, preocupada, procurando o número dele em seu celular.

—Ligue e marque  em algum lugar perto da casa dele.

Nana, contrariada, conversa com o garoto e marca o encontro, sem me mencionar.Ela desliga o celular e bufa, sentindo raiva de mim. Descemos as escadas e encontramos nossa mãe arrumando a mesa para o almoço.

— Vocês vão sair e o almoço?— ela estranha e não acredita em nossa decisão de certo modo repentina.

—Eu vou comprar fone de ouvido, o meu está estourado. E Nana quer comprar algumas folhas de almaço para seu trabalho.

Nana confirma, quase demonstrando sua raiva que sente por mim.

—Então, vão logo e voltem o quanto antes, porque o almoço está pronto — ela avisa.

Aproximei-me dela, beijei sua testa e a abracei.

— Não abre a porta para ninguém antes de chegarmos, por favor.

Ela ri da minha preocupação exacerbada e sinto um medo percorrer meu corpo.

— É sério. Não abra enquanto não chegarmos.

Afasto-me e apresso Nana a sair. Ela aponta para o ônibus e apressamos nossos passos até ele.

Sinto um aperto no coração, só de pensar na possibilidade de ser vigiado. Não posso recuar agora. Nana me dá um tapa no ombro e avisa sobre a chegada do nosso ponto.

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