Capítulo 80☘

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Dois toques na porta e eu deveria estar pronta. Eu chorava incessantemente, olhando para Bernardo ainda dormindo sobre a cama. A sua calma era minha força para não contrariar Matheo. Alisei a pequena testa de Bernardo e jurei não permitir ninguém machucá-lo.

Eu só queria estar abraçada ao Christian neste momento.

Os dois toques foram dados e meu coração começou a acelerar como se fossem socos rápidos.

—Já terminou, Lisandra? Eu não tenho todo o tempo do mundo! — ele me apressou.

— Estou indo, só faltam as botas. Pode ficar tranquilo — tentei acalmá-lo. Enxuguei minhas lagrimas e dei um beijo em Bernardo antes de sair.

Girei a maçaneta e abri a porta, sentindo vários arrepios riscarem meu corpo. Cada passo era um peso a ser carregado.Ele estava de braços cruzados do outro lado. Ele usava um terno preto e uma gravata vermelha. 

— Antes de nosso jantar, quero tirar algumas fotos suas. Está a mulher mais linda desse mundo. Ele me ofereceu a abertura em triângulo feita pelo seu braço, como os casais costumam entrar em lugares festivos. 

— Eu não posso deixar o bebê sozinho, ele pode chorar e não vou conseguir ficar em paz, Matheo, por favor, por que você me fez trazê-lo?

Sua mão tocou minha cintura e puxou meu corpo até seu abdômen. 

— Não se preocupe, vamos tirar algumas fotos no corredor e depois você o leva até lá embaixo, onde nossa mesa espera por nós. 

Esforcei-me cada centímetro para não recuar, era necessário obedecer e não havia nada em mente para fugir.

Ele segurava um celular e pedia para eu me afastar. Ele procurava por um ângulo e eu só sabia sentir medo e Christian não saía da minha cabeça. 

— Por que não sorri? Eu vou postar em seu Instagram, já imaginou quantos seguidores você vai conseguir? Tantas garotas vão querer ser você.

— Eu não vivo de aparências, Matheo — digo, com as palavras trêmulas. 

— Me fala um pouco mais disso. O que é viver de aparências?— ele me pressionou. 

—A foto não vai mostrar a dor que eu estou sentindo. A foto não vai mostrar o meu medo de morrer assim que você tirá-la. A foto não vai mostrar o meu pedido de socorro—   falo, sentindo minha garganta secar.

—  Ótimo! Porque a foto que pretendo tirar realmente não pode mostrar nada disso. Ninguém quer ver seu sofrimento, as pessoas só querem lamentar o quão a vida delas são vazias e a sua é perfeita, ou melhor, aparentar ser.

Quando Matheo se aproximava, eu queria me distanciar.

—Pare de andar para trás, merda! Vem aqui! —ele apontou para o chão, perto dele.

Eu o obedeci e me aproximei, abraçando meus braços, como se eu estivesse me protegendo.

Ele me agarrou pela cintura e me obrigou a beijá-lo. Não pude aceitar aquilo, inerte. Mordi seus lábios como fiz pela ultima vez e lhe dei uma joelhada no estômago. Ele grunhiu, me soltou e corri para o quarto, mas a dor não foi capaz de detê-lo e ele me derrubou para trás, sobre ele. Enlaçou seu braço longo em meu pescoço, mantendo-me sob seu domínio.

—Se você tentar fazer isso de novo, eu vou matar o moleque que esta começando a chorar lá no quarto—ele se referia ao Bernardo, que tinha acordado e devia estar assustado.

— Me solta, Matheo! Me deixa ver o Bernardo.

—Se você não fosse tão burra, eu até permitiria você ficar com o bebê, mas agora é tarde demais. Você não vai cuidar dele.

— Do que você está falando? — Minhas forcas eram insuficientes para me soltar de seus bracos.

— Eu contratei uma baba para ele. Venha logo, Miriam!

—Ah, droga! Seu panaca! Porque você teve que falar meu nome! É um idiota mesmo, o que adianta usar esta máscara, se a vaca ouviu tudo!— Miriam apareceu, irritada, retirando uma máscara de caveira de seu rosto.  —Vou dar uma olhada no bebê e já posso levar daqui?—ela perguntava a Matheo.

— Por mim, pode jogar no lixo!

Ele passava a mão em meus cabelos e ele sabia que eu sentia repulsa por suas atitudes, porque se comportava dessa maneira.

- Por favor, Matheo! - eu gritei quando avistei Miriam carregar Bernado, ainda choroso, pelos bracos.

— OK. Devolva o garoto para o quarto.

— Como assim? Vini está lá fora no carro e você quer que eu devolva o menino?

—  Depois que eu matar Christian, o menino vai de volta para a familia - sua voz soou calmamente e Miriam concordou.

—Matheo, por favor, eu imploro a você. Não faca mal a Christian. Devolva a criança e eu fico aqui com você até a gente se acertar. Não precisamos ir para a violência, por favor - falei.

— Se você fosse confiável, eu juro que não pensaria duas vezes em sua proposta. Infelizmente, você quer me destruir mais do que eu penso.

Ele tirou seu braço de meu pescoço e me empurrou para o chão, ao seu lado.

—Agi pelo impulso, como você imagina que uma pessoa que está em meu lugar agiria?Desista de querer machucar aquele bebê e o Christian.

Matheo deu um impulso com as pernas e se levantou do chão habilmente enquanto eu ainda estava ajoelhada.

Ele tirou sua arma do bolso de sua jaqueta e apontou para mim.

—Poderia poupar a vida dele, se você não o amasse. Se você não se encontrasse com ele, mas isso é quase impossível, então vou tirá-lo do meu caminho e você me deve muito, Lisandra! Prefiro te chamar de Lisa.

Ele voltou a guardar sua arma e me estendeu a mão. Miriam saiu do quarto e abafou um riso e saiu em direção ao corredor do outro lado.

Levantei-me com sua ajuda e Matheo me mostrou uma pequena navalha. Passou a língua por ela e fez um pequeno risco de sangue em meu rosto. Senti arder um pouco e nem me movi.

— Posso fazer pior, se tentar me desobedecer.

— Posso fazer pior, se tentar me desobedecer

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