Capítulo 92☘

717 157 16
                                    

Minha cabeça estava doendo muito e eu rolava pela cama, insistindo para não sair. Eu precisava dormir mais ou beber alguma coisa capaz de tirar essa dor latejante. Alana era a melhor amiga do mundo, com certeza. Ela trouxe um chá quente e em seguida, preparou um lanche daqueles de dar água na boca. Pão com hamburguer, mostarda e tomate.

  — Meu Deus! Espero que não volte a beber como fez ontem —  Alana me alertou, com o toque de sermão. 

— Sim, prometo não fazer mais esta loucura, pois minha cabeça não merece passar por isso novamente. Amanhã terei aula e preciso colocar as matérias em dia. 

Alana me entregou seu celular e me mostrou um vídeo. Quase engasguei quando vi Matheo nele. 

"Lisandra, estou gravando esse vídeo para pedir perdão. Eu não fui compreensivo e a mantive presa, passando por momentos ruins e eu sei o quanto deve estar com ódio de mim e não tiro sua razão, mas se eu não falar, eu sinto que vou sofrer com essas palavras guardadas somente para mim."

Matheo respirou por um momento e voltou a falar:

"Agi da forma errada com você e ainda mais com uma criança. Me perdoe pela tortura psicológica, por fazê-la sofrer aquelas horas. Eu estava fora de mim. Eu me interessei por você, mas hoje eu percebo o quanto errei e você merece ser feliz e não será ao meu lado. "

 Alana estava enxugando as lágrimas e disfarçava, afastando-se.

  —  Como esse vídeo foi parar em seu celular? —  perguntei, sem entender.

— Ele esteve aqui ontem. Esse vídeo foi gravado aqui —  ela informou e meu coração disparou. —  Matheo e eu tivemos um caso no passado. E foi um relacionamento sério de dois anos, mas eu não falei nada a você, porque não era o momento de tocar na ferida que me atinge até hoje. 

—  Meu Deus! —  não havia palavras para descrever minha reação diante daquele vídeo. Sempre achei Matheo uma pessoa boa e com a mente fraca ao mesmo tempo. — E...eu posso perdoar, sim, mas não quero vê-lo de jeito nenhum. 

— Ele se entregou à polícia ontem mesmo. Bem, foi o que ele disse que faria e antes de ir embora, acabei aceitando seu beijo —  ela revelou e começou a chorar copiosamente. Estava arrependida. —  Ele me beijou e me fez recordar do nosso passado tão lindo. 

Pus a bandeja ao meu lado da cama e saí debaixo do cobertor, apressando-me a abraçar Alana. 

— Você ainda o ama, não é? 

— Sim, eu o amo, mas ele errou tanto comigo. E aquele beijo de ontem me pareceu tão verdadeiro...

—  Ai, Alana, por favor, não se iluda com isso. 

Alana se afastou de mim e enxugou as lágrimas rapidamente, tentando se recompor. 

— Claro que não. Se ele realmente me amasse, ele não teria ficado com Gaby ou ter sequestrado você, alegando uma paixão avassaladora. Eu não quero saber dele. Talvez, eu o ajude, como uma amiga faria, mas nada além disso. Sofri demais por alguém que só me provou o contrário. Só não sei por que aceitei aquele beijo. 

Quantas você já amou?Poucos amei e bem seiQuando me lembro de alguémSó dá você  

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Quantas você já amou?
Poucos amei e bem sei
Quando me lembro de alguém
Só dá você  

Quantas você já beijou?
Eu só beijei quem amei
Mas se juntar quem amei
Não dá você  

O que é que você tem, hein
Que as outros não tem?
De onde você vem, hein?
Vem  

Alana ainda estava muito chateada e não ouviu a campainha ser tocada mais de duas vezes. Ela me abraçava e molhava meus ombros. 

  —  Tem alguém tocando a campainha — informei. 

—  Ah, me desculpa, eu vou lá ver. 

— Não! —  impedi-a.— Eu vou lá atender e você fique aqui. Fique tranquila, qualquer coisa, eu a chamo. 

Saio do quarto e vou até o portão lá fora. E quando vejo Christian do outro lado, de braços cruzados, olhando para o chão, eu fico estupefata e abro o portão sem hesitar. 

— Christian? 

—  Bom dia, Lisandra. Eu fui até sua casa e sua mãe me disse que estava aqui. 

Balancei a cabeça positivamente e o convidei para entrar, mas Christian não queria, apenas me entregou um envelope rosa. 

—  O que é isso? —  pergunto, antes de avaliar o envelope.  

— Nana vai fazer aniversário e estamos organizando uma festa  num salão e ela queria convidá-la para comparecer no dia. 

  —  E por que ela não veio pessoalmente? Ou você se ofereceu muito para você mesmo fazer esse convite? —  afronto-o, encarando seus olhos escuros.

— Bem, se quiser ir, vá —  ele falou e fez menção de ir embora quando eu saio para fora e seguro seu braço.— O que é? —  ele me olha e vejo o quanto ele deseja ficar mais tempo conversando comigo. 

— Por que você voltou com a Miranda? Por que está me machucando desse jeito?  

— Miranda não tem medo de mim —  ele responde, irônico. 

— Eu só queria um tempo para refletir, Christian. E você não me compreendeu. 

—  Você estava defendendo Matheo depois de tudo que ele fez conosco! —  ele esbravejou.

— Ele está arrependido! —  retruco, lembrando-me do vídeo.

— Ele é um desgraçado! E você está me maltratando, massacrando meu coração, eu precisava de você ao meu lado, eu também sofri quando você estava presa com meu irmão!

—  Por que Miranda? Por que tão rápido!

— Porque ela é mulher de verdade. Teve a iniciativa de ficar ao meu lado e de me ajudar a superar esses dias sem você.

Apertei seus ombros e minha voz saía embaraçosa, com as lágrimas pesadas, caindo de meus olhos. 

— E você está me matando! 

Ele puxou minhas mãos de seus ombros e  foi embora, sem dizer nada. Apenas a dor restou entre nós.  


Na Mira do INSTAGRAMOnde histórias criam vida. Descubra agora