Minha cabeça estava doendo muito e eu rolava pela cama, insistindo para não sair. Eu precisava dormir mais ou beber alguma coisa capaz de tirar essa dor latejante. Alana era a melhor amiga do mundo, com certeza. Ela trouxe um chá quente e em seguida, preparou um lanche daqueles de dar água na boca. Pão com hamburguer, mostarda e tomate.
— Meu Deus! Espero que não volte a beber como fez ontem — Alana me alertou, com o toque de sermão.
— Sim, prometo não fazer mais esta loucura, pois minha cabeça não merece passar por isso novamente. Amanhã terei aula e preciso colocar as matérias em dia.
Alana me entregou seu celular e me mostrou um vídeo. Quase engasguei quando vi Matheo nele.
"Lisandra, estou gravando esse vídeo para pedir perdão. Eu não fui compreensivo e a mantive presa, passando por momentos ruins e eu sei o quanto deve estar com ódio de mim e não tiro sua razão, mas se eu não falar, eu sinto que vou sofrer com essas palavras guardadas somente para mim."
Matheo respirou por um momento e voltou a falar:
"Agi da forma errada com você e ainda mais com uma criança. Me perdoe pela tortura psicológica, por fazê-la sofrer aquelas horas. Eu estava fora de mim. Eu me interessei por você, mas hoje eu percebo o quanto errei e você merece ser feliz e não será ao meu lado. "
Alana estava enxugando as lágrimas e disfarçava, afastando-se.
— Como esse vídeo foi parar em seu celular? — perguntei, sem entender.
— Ele esteve aqui ontem. Esse vídeo foi gravado aqui — ela informou e meu coração disparou. — Matheo e eu tivemos um caso no passado. E foi um relacionamento sério de dois anos, mas eu não falei nada a você, porque não era o momento de tocar na ferida que me atinge até hoje.
— Meu Deus! — não havia palavras para descrever minha reação diante daquele vídeo. Sempre achei Matheo uma pessoa boa e com a mente fraca ao mesmo tempo. — E...eu posso perdoar, sim, mas não quero vê-lo de jeito nenhum.
— Ele se entregou à polícia ontem mesmo. Bem, foi o que ele disse que faria e antes de ir embora, acabei aceitando seu beijo — ela revelou e começou a chorar copiosamente. Estava arrependida. — Ele me beijou e me fez recordar do nosso passado tão lindo.
Pus a bandeja ao meu lado da cama e saí debaixo do cobertor, apressando-me a abraçar Alana.
— Você ainda o ama, não é?
— Sim, eu o amo, mas ele errou tanto comigo. E aquele beijo de ontem me pareceu tão verdadeiro...
— Ai, Alana, por favor, não se iluda com isso.
Alana se afastou de mim e enxugou as lágrimas rapidamente, tentando se recompor.
— Claro que não. Se ele realmente me amasse, ele não teria ficado com Gaby ou ter sequestrado você, alegando uma paixão avassaladora. Eu não quero saber dele. Talvez, eu o ajude, como uma amiga faria, mas nada além disso. Sofri demais por alguém que só me provou o contrário. Só não sei por que aceitei aquele beijo.
Quantas você já amou?
Poucos amei e bem sei
Quando me lembro de alguém
Só dá vocêQuantas você já beijou?
Eu só beijei quem amei
Mas se juntar quem amei
Não dá vocêO que é que você tem, hein
Que as outros não tem?
De onde você vem, hein?
VemAlana ainda estava muito chateada e não ouviu a campainha ser tocada mais de duas vezes. Ela me abraçava e molhava meus ombros.
— Tem alguém tocando a campainha — informei.
— Ah, me desculpa, eu vou lá ver.
— Não! — impedi-a.— Eu vou lá atender e você fique aqui. Fique tranquila, qualquer coisa, eu a chamo.
Saio do quarto e vou até o portão lá fora. E quando vejo Christian do outro lado, de braços cruzados, olhando para o chão, eu fico estupefata e abro o portão sem hesitar.
— Christian?
— Bom dia, Lisandra. Eu fui até sua casa e sua mãe me disse que estava aqui.
Balancei a cabeça positivamente e o convidei para entrar, mas Christian não queria, apenas me entregou um envelope rosa.
— O que é isso? — pergunto, antes de avaliar o envelope.
— Nana vai fazer aniversário e estamos organizando uma festa num salão e ela queria convidá-la para comparecer no dia.
— E por que ela não veio pessoalmente? Ou você se ofereceu muito para você mesmo fazer esse convite? — afronto-o, encarando seus olhos escuros.
— Bem, se quiser ir, vá — ele falou e fez menção de ir embora quando eu saio para fora e seguro seu braço.— O que é? — ele me olha e vejo o quanto ele deseja ficar mais tempo conversando comigo.
— Por que você voltou com a Miranda? Por que está me machucando desse jeito?
— Miranda não tem medo de mim — ele responde, irônico.
— Eu só queria um tempo para refletir, Christian. E você não me compreendeu.
— Você estava defendendo Matheo depois de tudo que ele fez conosco! — ele esbravejou.
— Ele está arrependido! — retruco, lembrando-me do vídeo.
— Ele é um desgraçado! E você está me maltratando, massacrando meu coração, eu precisava de você ao meu lado, eu também sofri quando você estava presa com meu irmão!
— Por que Miranda? Por que tão rápido!
— Porque ela é mulher de verdade. Teve a iniciativa de ficar ao meu lado e de me ajudar a superar esses dias sem você.
Apertei seus ombros e minha voz saía embaraçosa, com as lágrimas pesadas, caindo de meus olhos.
— E você está me matando!
Ele puxou minhas mãos de seus ombros e foi embora, sem dizer nada. Apenas a dor restou entre nós.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Na Mira do INSTAGRAM
Novela JuvenilLisandra é uma adolescente que não compreende o porquê das pessoas seguirem outras e admirá-las, como se fossem intocáveis, entretanto, ela não se dá conta de que também faz parte desse mundo e sempre está de olho nos passos de seu cantor favorito q...