Capítulo 49☘

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Desacordado, as pessoas e carros paravam para ver o resultado do acidente. Ajoelhada ao seu lado, segurando sua cabeça cuidadosamente, implorando aos sussurros para Jonas voltar para mim em vida, ele continuava desacordado e ferido.

 Nana apareceu, acompanhada de Eduarda, Enzo e Léo. O irmão dele ficou louco, não sabia o que fazer, gritava, colocava a mão na cabeça, ajoelhava, voltava a ficar em pé e não arrumava um jeito de se controlar até pegar o celular com as mãos trêmulas. Sem condição alguma, entregou o aparelho a Enzo e pediu para que ele ligasse à ambulância.  

O tempo transcorreu, e meu peito doía, como se algo perfurante o atravessasse.Os pais de Jonas apareceram e os choros foram intensos, a minha agonia pela demora só aumentou. Nana manteve-se ao meu lado,apertando levemente meus ombros e pedindo para as pessoas se afastarem e não me questionarem como urubus.

Quis tampar meus ouvidos para não ter de ouvir os questionamentos, imbuídos de lamúrias vindas de seus pais, que pressionavam Léo a explicar o motivo do acidente.

— Ele não viu o carro, agiu pelo impulso!   — exclamei com a voz embargada.
Léo me fuzilou com seus olhos e se aproximou com as mãos cerradas.

—  Se meu irmão morrer, eu te destruo...— pude ouvir sua raiva em cada palavra.Ele agachou-se na minha frente e retirou a cabeça de Jonas do apoio de minhas mãos.

Engoli a saliva, como se uma pedra atravessasse a garganta; pedi o número de Christian a Nana, só ele podia me ajudar, só na presença dele eu me sentiria protegida.A bateria do meu celular tinha acabado assim que recebi a mensagem do capa voadora. 


— Eu quero muito enviar uma mensagem ao seu irmão, por favor. A bateria do meu celular acabou.

—Claro, está aqui — Nana viu minha apreensão e me entregou o aparelho rapidamente.

"Pelo amor de Deus, eu preciso de você. Não aguento mais, aqui quem fala é a Lisandra. Meu amigo foi atropelado e eu fui a culpada."

Não aguentei e chorei copiosamente pela vida de Jonas. Ele não merecia me castigar dessa maneira, não. Eu era a culpada e o tempo só anda para frente, não retrocede, não lhe dá a segunda chance.

Finalmente, a ambulância surgiu para levar meu amigo. Ele ainda respirava e recebia os primeiros atendimentos. Foi colocado na maca cautelosamente. Os paramédicos estavam rápidos e a mãe e pai de Jonas se ofereceram para acompanhá-lo.  

Léo era consolado por Enzo, mas ainda se lembrava de ter uma raiva muito grande de mim. Sua expressão agressiva veio ao meu encontro.

— De que merda você estava acusando meu irmão, sua vaca?! De que merda?! — ele gritava e apontava para mim, com vontade de me esganar. Fala!!!Era você que deveria estar no lugar dele. 

Meus lábios estavam costurados, pois não saía uma gota de letra. E eu só conseguia olhar para o chão, ainda ajoelhada, mas com Nana me consolando ao meu lado. 

— Cara, agora não é hora de falarmos disso —  aconselhou Enzo. 

  — Você também é um bosta, cara! Por que veio até a casa de meu irmão e perturbar? Estávamos felizes, eu estava feliz! —  ele deu um empurrão no peito de Enzo quando ergui meus olhos até eles.  Enzo não fez nada, apenas viu seu amigo se distanciar, descontrolado. 

Um carro parou perto de nós, e Nana se levantou impetuosamente, chamando pelo nome de seu irmão, aquilo me trouxe um alívio de dentro de meu âmago. Continuei no mesmo lugar, sem condições de falar ou se levantar.

— Vocês estão bem? O que houve? —  ele perguntou, e não pude encará-lo, estava completamente envergonhada pelo ocorrido.

Christian agachou-se ao meu lado e sua voz tocou meu rosto.

— Você está bem, Lisandra? —  ele tocou meu ombro e decidi parar de ignorá-lo. Olhei para ele e comecei a escancarar meu sofrimento em forma de lágrimas e soluços altos. 

Ele colocou um joelho sobre o chão e me abraçou de lado, apertando-me e fazendo meu rosto inclinar e afundar em seu peito. 

  — Calma, tenha calma...— dizia Christian, ainda me acolhendo em seus braços. — Vamos sair daqui, está muito amontoado de gente.  Senti meu corpo sendo conduzido pelo esforço dele e me ergui, ainda escorada em seu corpo.— Vamos, eu levo todos vocês para casa. 

Eduarda e Enzo se negaram, não queriam nos acompanhar e começaram a caminhar lado a lado na nossa frente. Entrei no carro ao lado do motorista e Nana foi para o assento detrás. 

— Eu sou a culpada— eu só sabia dizer isso durante o trajeto.

— Você atropelou o cara?— questionou Christian, impaciente. 

— Não.

— Então, pronto. Você não foi a culpada, e não adianta se martirizar, vamos torcer para que ele fique bem.  

Durante a viagem, Christian deixou Nana em sua casa e preferiu me levar sozinho. Não sei por que ele fez isso, mas ninguém questionou. Nana tentou me garantir de tudo daria certo no final  e se despediu com um beijo em meu rosto, aconselhando-me a descansar. Christian não falou mais nada durante a viagem, apenas me deixou em frente a minha casa. 

Minha mão pousou diretamente a sua que estava no freio de mão.

  — Você e a Eva estão juntos? — falei, como um sopro, sem analisar antes se era adequado tocar naquele assunto. 

Ele se virou para mim e enrugou a testa, surpreso.

— Por que você brigou com a Eva? Por que jogou aquele café em nós e surtou?

Ele não me respondeu, pelo contrário, jogou um balde de água fria, exigindo respostas. 

—  Porque eu sou trouxa —  respondi, tirando a mão sobre a dele. Ele, por sua vez, evitou meu afastamento e pousou a outra mão sobre a minha. 

  — Por que você sempre lembra de mim? Porque eu sinto que você quer me dizer algo, quer se aproximar e não fala.  

—Eu queria ser agradecida pelo dia que você me defendeu no reality do casarão, mas acabei abusando da sua boa vontade e lhe perturbando mais ainda. Me perdoa. Eu prometo que não faço mais isso. 

—  É melhor você descansar — ele se afastou e me deixou livre para sair.

— Você ainda está com a Eva? — insisti, sabendo o micão que estava passando. 

— E o Isaac ligou para você?

— Por que isso te interessa?

— Por que você quer saber da Eva? 

— Não interessa, Christian.

— Eu digo o mesmo, agora desce do meu carro.

E mais uma vez, não conseguimos nos entender e jurei para mim mesma nunca mais lembrar de ti, Christian. 


Alguém poderia me emprestar um lenço? 

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Alguém poderia me emprestar um lenço? 

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