E a música não para. A vida também não. Eu continuava compondo novas músicas no meu violão, sozinho no apartamento. A noite anterior tinha exterminado a possibilidade de sono e eu esperava uma ligação. Miriam ligaria para mim assim que fosse liberada do hospital. Eu seria pai aos dezenove anos e isso ainda era algo inacreditável. Quando cheguei em casa, liguei para meus pais e falei sobre ser pai tão jovem. Eles me acolheram e minha mãe chorou do outro lado, ansiando em me ver. Eu necessitava conversar com Gaby. Inspiro e expiro, tentando acalmar minha mente. Um teste de paternidade talvez será necessário.
"Quero conversar com você. Só você pode me explicar o que está acontecendo"
Enviei uma mensagem para ela. Nós tínhamos que nos ver e resolver. Ela confirmou e eu a recebi em meu apartamento. Ela estava sem jeito, com os dedos das mãos entrelaçados. Alisei seu rosto e seus olhos denunciavam uma péssima noite.
— Espero não estar atrapalhando seus ensaios — disse Gaby, sentando-se no sofá.
— Não mesmo. Nós precisávamos dessa conversa, não acha? — eu pergunto, encarando-a e tocando em sua mão. — Não me esconda nada, podemos passar por isso juntos.
— A verdade é que eu queria esconder — ela começou. — Não foi fácil para mim...
— Entendo, mas por que quis esconder de mim?
— Não sei...eu não acreditei, eu estava muito confusa.
— Um teste vai ser necessário, melhor, não é? — perguntei, compreensivo.
— Sim. Se você quiser, sim. Mas se você não quiser saber, eu poderei muito bem andar sozinha nessa jornada.
— Se eu terei um filho, eu estarei pronto para isso. Não faça as coisas pelas minhas costas, por favor. Isso é muito ruim e a responsabilidade é nossa, não se esqueça disso.
— É ela — informou Gaby —, será uma menina — ela apertou minha mão. Ergui as sobrancelhas, surpreso e lágrimas escorreram de meus olhos. A ficha estava caindo aos poucos e eu alisou a sua barriga.
— Nós erramos muito um com o outro. Mas está na hora de acertamos — constatei. — Podemos ser amigos?
— Claro. Tudo que eu mais quero.
Nos abraçamos. E o celular tocou e o retirei de meu bolso; vi o número de Miriam piscar e pedi licença, afastando-me e indo para a sacada.
— Daqui a pouco eu vou sair do hospital. Não precisa se preocupar vou chamar uma carona pelo aplicativo — Miriam me comunica.
— Não, senhora. Eu estou indo aí, me espera — aviso e desligo.
Gaby se despede de mim através de um abraço e eu imploro para ela me manter informado tudo sobre o bebê.
❤ ❤❤
Vejo Miriam me aguardando na sala de espera. Sento-me ao seu lado, mas antes a cumprimento com um beijo na testa.
— Demorei muito? — pergunto, sorrindo um pouco para descontrair, não está fácil para mim a ideia de ser pai de uma menina, minha mãe vai ficar tão feliz.
— Claro que não. Não era para você perder seu tempo comigo — ela fala, um pouco abatida.
— Bem, você terá que comparecer à delegacia, mas meu advogado fará de tudo para ajudá-la.
— Eu até pensei em fugir, mas seria pior. Lembrei o quanto você tinha me ajudado e eu não podia lhe trair desse jeito. Eu errei e tenho de assumir meus erros para ser uma pessoa melhor. Se for para ficar presa, então eu vou precisar ser muito forte — ela desmoronou em meus ombros e eu alisei seus cabelos, compreendendo seu sofrimento.
— Não fique assim, eu não vou sair do seu lado. Não vou ficar longe de você. Quero conhecê-la mais.
— Me conhecer? — Miriam riu.
— Sim, por que, não? Você errou, fez coisas que eu não a perdoaria, mas você se arrependeu e apesar de ter cortado os cabelos de Lisandra, eu estou solteiro e estou disposto a esquecer do passado.
Miriam olhou em choque para mim.
— Meu Deus! Estou agradecida, só que você misturou tantos assuntos que estou um pouco perdida.
— Eu gosto de você. Não a amo loucamente, mas é você que me tira do tédio, da tristeza, da solidão e me escuta como ninguém.
— Eu fico feliz que me queira como uma amiga. Sinceramente, estou feliz, porque a gente se entende do nosso jeito.
Pus o dedo indicador entre seus lábios e continuei:
— Eu não quero que seja apenas minha amiga. Quero mais, Miriam. Quer tentar?
Ela franze a testa, boquiaberta.
— Então, vamos começar do jeito certo. Aceito um jantar em seu apartamento. E pode ser comida japonesa, com flores espalhadas pela sala de estar.
Concordei e a abracei. Agora tudo seria diferente e eu estava consciente de querer me reaproximar de Miriam. Eu seria pai e tudo muda com a chegada de um filho.
Oiii gente, o que voces estao achando da historia? Ela vai demorar um pouco mais para acabar e sobre os dias de publicação dos capitulos, infelizmente, não será todos os dias, mas não desistam da história, por favor!!! Ainda preciso encontrar tempo para escrever o grande final!
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Fiksi RemajaLisandra é uma adolescente que não compreende o porquê das pessoas seguirem outras e admirá-las, como se fossem intocáveis, entretanto, ela não se dá conta de que também faz parte desse mundo e sempre está de olho nos passos de seu cantor favorito q...