Bônus XXV - Isaac narrando...

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E a música não para. A vida também não. Eu continuava compondo novas músicas no meu violão, sozinho no apartamento. A noite anterior tinha exterminado a possibilidade de sono e eu esperava uma ligação. Miriam ligaria para mim assim que fosse liberada do hospital.  Eu seria pai aos dezenove anos e isso ainda era algo inacreditável. Quando cheguei em casa, liguei para meus pais e falei sobre ser pai tão jovem. Eles me acolheram e minha mãe chorou do outro lado, ansiando em me ver. Eu necessitava conversar com Gaby. Inspiro e expiro, tentando acalmar minha mente. Um teste de paternidade talvez será necessário. 

"Quero conversar com você. Só você pode me explicar o que está acontecendo"

Enviei uma mensagem para ela. Nós tínhamos que nos ver e resolver. Ela confirmou e eu a recebi em meu apartamento. Ela estava sem jeito, com os dedos das mãos entrelaçados. Alisei seu rosto e seus olhos denunciavam uma péssima noite. 

— Espero não estar atrapalhando seus ensaios —  disse Gaby, sentando-se no sofá.

— Não mesmo. Nós precisávamos dessa conversa, não acha? —  eu pergunto, encarando-a e tocando em sua mão. —  Não me esconda nada, podemos passar por isso juntos. 

— A verdade é que eu queria esconder —  ela começou. —  Não foi fácil para mim...

— Entendo, mas por que quis esconder de mim?

— Não sei...eu não acreditei, eu estava muito confusa.

—  Um teste vai ser necessário, melhor, não é? —  perguntei, compreensivo.

—  Sim. Se você quiser, sim. Mas se você não quiser saber, eu poderei muito bem andar sozinha nessa jornada. 

—  Se eu terei um filho, eu estarei pronto para isso. Não faça as coisas pelas minhas costas, por favor. Isso é muito ruim e a responsabilidade é nossa, não se esqueça disso. 

— É ela —  informou Gaby —, será uma menina —  ela apertou minha mão. Ergui  as sobrancelhas, surpreso e lágrimas escorreram de meus olhos. A ficha estava caindo aos poucos e eu alisou a sua  barriga. 

— Nós erramos muito um com o outro. Mas está na hora de acertamos —  constatei. — Podemos ser amigos?

—  Claro. Tudo que eu mais quero. 

Nos abraçamos. E o celular tocou e o retirei de meu bolso; vi o número de Miriam piscar e pedi licença, afastando-me e indo para a sacada. 

—  Daqui a pouco eu vou sair do hospital. Não precisa se preocupar vou chamar uma carona pelo aplicativo —  Miriam me comunica. 

  — Não, senhora. Eu estou indo aí, me espera —  aviso e desligo. 

Gaby se despede de mim através de um abraço e eu imploro para ela me manter informado tudo sobre o bebê. 


  ❤ ❤❤ 

Vejo Miriam me aguardando na sala de espera. Sento-me ao seu lado, mas antes a cumprimento com um beijo na testa. 

  — Demorei muito? — pergunto, sorrindo um pouco para descontrair, não está fácil para mim a ideia de ser pai de uma menina, minha mãe vai ficar tão feliz.

—  Claro que não. Não era para você perder seu tempo comigo — ela fala, um pouco abatida.

— Bem, você terá que comparecer à delegacia, mas meu advogado fará de tudo para ajudá-la. 

 

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  — Eu até pensei em fugir, mas seria pior. Lembrei o quanto você tinha me ajudado e eu não podia lhe trair desse jeito. Eu errei e tenho de assumir meus erros para ser uma pessoa melhor. Se for para ficar presa, então eu vou precisar ser muito forte —  ela desmoronou em meus ombros e eu alisei seus cabelos, compreendendo seu sofrimento.  

— Não fique assim, eu não vou sair do seu lado. Não vou ficar longe de você. Quero conhecê-la mais.

—  Me conhecer? —  Miriam riu. 

—  Sim, por que, não? Você errou, fez coisas que eu não a perdoaria, mas você se arrependeu e apesar de ter cortado os cabelos de Lisandra, eu estou solteiro e estou disposto a esquecer do passado. 

Miriam olhou em choque para mim. 

—  Meu Deus! Estou agradecida, só que você misturou tantos assuntos que estou um pouco perdida. 

— Eu gosto de você. Não a amo loucamente, mas é você que me tira do tédio, da tristeza, da solidão e me escuta como ninguém. 

— Eu fico feliz que me queira como uma amiga. Sinceramente, estou feliz, porque a gente se entende do nosso jeito.

Pus o dedo indicador entre seus lábios e continuei:

  — Eu não quero que seja apenas minha amiga. Quero mais, Miriam.   Quer tentar?

Ela franze a testa, boquiaberta. 

  —  Então, vamos começar do jeito certo. Aceito um jantar em seu apartamento. E pode ser comida japonesa, com flores espalhadas pela sala de estar. 

Concordei e a abracei. Agora tudo seria diferente e eu estava consciente de querer me reaproximar de Miriam. Eu seria pai e tudo muda com a chegada de um filho.


Oiii gente, o que voces estao achando da historia? Ela vai demorar um pouco mais para acabar e sobre os dias de publicação dos capitulos, infelizmente, não será todos os dias, mas não desistam da história, por favor!!! Ainda preciso encontrar tempo para escrever o grande final!

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