Bônus XXVIII- Jonas narrando...

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Retornei para a  cafeteria. Eu estava melhor e voltar para este lugar, fazia-me sentir em casa novamente. Aproveitei  para pensar nas novos fotos. Meu Instagram estava crescendo com o número de seguidores e eu devia isso a Lisandra, que sempre fazia questão de falar sobre o melhor cappuccino do Universo, como ela gostava de definir.

Atualizar o cardápio, postar novos fotos e inovar era algo que estava em meus planos. Contratar novas pessoas para me auxiliar também seria necessário. Em meu Instagram, percebi que seria interessante tirar algumas fotos minhas.

Pedi auxílio a Léo e comecei  a me arrumar nos dias antes de voltar com o funcionamento da cafeteria.

Ajeitei os cabelos, usando um pouco de gel. Usei a minha velha jaqueta e percebi o quanto ela ainda estava nova, pois dificilmente eu a usava. 

As fotos foram planejadas para serem tiradas em frente à cafeteria. E com um pouco de entusiasmo, abri os braços e um sorriso surgiu em meus lábios.

Com as novas fotos postadas, minha mãe logo se apressou a anotar todos os ingredientes necessários para os pães, doces e bolos que sempre fazia. Eu  recebia inúmeras notificações de conta do Instagram e muitas garotas e garotos elogiavam-me.

E assim, acabei me vendo inserido no mundo digital. E me tornei modelo do meu próprio negócio, atraindo muitos clientes e interesses.

Ele recomeçava sua vida e às vezes, recordava de Gaby e tinha um desejo passageiro de querer conversar, mas sabia que nunca sequer tinha trocado palavras significativas com ela. Viu-a poucas vezes, acha até que foi umas três vezes e só. Sua relação com seu irmão não tinha sido abalada e se Léo fosse assumir um relacionamento sério com Gaby, então Jonas precisaria superar.

E sentado ao balcão, peguei uma caneta e uma folha de caderno e comecei a escrever. Algumas pessoas só se livram do passado quando as jogam em um papel.

"Não vou mentir para mim. Eu tenho meus defeitos e um deles é o excesso do silêncio. Achamos que ficarmos quietos nos protege, mas a verdade é que o silêncio pode ser mais perigoso que o grito, a expressão.

Muitas oportunidades são perdidas quando decidimos nos calar. O silêncio nos torna invisíveis e incapazes. Então, se você puder fazer algo por você, que não seja no silêncio. "

Amassei a folha de papel ao escrever aquelas palavras. Em seguida, voltei a olhar no celular e novos seguidores não paravam de chegar e foi nesse intérim que eu avistei  Nana, irmã de Christian, acompanhada por outras pessoas e ela estava bastante animada para uma manhã de Domingo. Ela entrou em sua cafeteria e pediu um café expresso.

— É bom te ver assim, saudável — ela comenta, rindo e cambaleando.

— Ah, sim, estou muito saudável. É possível falar o mesmo de você ou não? — questionei, desconfiado enquanto preparava o café pedido por Nana.

Nana começou a gargalhar alto e se apoiou no balcão enquanto seus amigos olhavam para as prateleiras ainda vazias.

— Ah, as coisas só vão chegar amanhã. Hoje, por enquanto, estou responsável pelos cafés. Vão querer? — ofereci, entregando o copo para Nana, que insistia em ficar no balcão, encarando-me por um longo tempo.

— Estou tão bonito para você me olhar desse jeito?

Ela começou a rir e não respondeu. Pegou o copo descartável e foi para o caixa, onde uma moça estava.

Seus amigos não levaram nada e todos saíram. Penso em ir atrás dela, algo estava errado e eu sentia na necessidade de conversar com Nana, que estava se despedindo de seus amigos e caminhava, distraidamente, cambaleando.

Consegui alcançá-la e me ofereci para acompanhá-la até em casa.  

— Está brincando de amarelinha?— perguntei para quebrar o clima tenso, observando gotas de café no chão. Nana estava desperdiçando a bebida.

— Eu acho que estou — ela respondeu, rindo. — E agora estou no inferno.  

Tomei-lhe o copo de café e Nana ficou irritada, esticando seus braços e dando pulos para pegar seu café de volta, mas eu era mais alto.

— Você bebeu alguma coisa com álcool, não foi?

— O quê? Ah, óbvio que não! — ela gritou, empurrando-o.

— Por que não me conta o que aconteceu? Eu posso ser um bom ouvinte — digo, devolvendo-lhe o copo de café expresso ainda quente.

Ela se encostou numa parede e manteve seus olhos no chão.

— Não quero falar disso. É um idiota que estava me paquerando e eu caí na sua lábia, porque sou uma idiota e só arrumo porcaria.

Aproximei-me dela e a abracei, afagando seus longos cabelos castanhos. Nana sentiu meu carinho e desfez aquela tensão e apoiou sua cabeça no meu peito.

— Não fique assim, é melhor a gente descobrir a índole de uma pessoa no começo do que depois. Você vai arrumar alguém que a valorize. Garota, você é linda, olha para ti. Cara, você é tão jovem, não precisa sofrer por alguém agora, me escute, eu tenho experiência —  sorri e enxuguei suas lágrimas com meus polegares. 

Na ponta dos pés, Nana passou seus dedos pelos meus cabelos e me rouba um selinho e depois se afasta, arrependida aparentemente. 

— Me desculpa... — ela fala, desviando os olhos.

Aproximo-me dela e ela avança em mim, beijando-me novamente. 


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