Capítulo 38 ☘

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Era uma vez
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido


É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido


Dá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou normal
É só não permitir que a maldade do mundo te pareça normal
Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real
E entender que ela mora no caminho e não no final


Não havia sentido entrar novamente na casa de Christian, sabendo estar o incomodando, pois quem procurou o problema fui eu e fazia algum tempo que não nos falávamos e não era justo perturbar a sua tranquilidade. Acompanhei-o até seu quarto cuidadosamente, sabendo que todos dormiam. Christian  me entregou uma toalha limpa, tirada de seu guarda-roupa. Em seguida, ele correu para o quarto de seu irmão caçula, acalmar o bebê  que emitia alguns grunhidos altos.

Permaneci sentada em sua cama e observei a limpeza e a organização de um quarto com uma cama de casal e janelas cobertas por cortinas brancas. A estante com a televisão desligada estava com alguns retratos de sua infância e em duas delas estava a imagem de homem parecido fisicamente com ele, com certeza seria seu pai.

Sem jeito de permanecer naquele lugar, minhas mãos inquietas diziam para eu fugir dali e chamar um táxi. Mas antes de me mover para fazer tal feito, Christian apareceu.

— Pode ir tomar banho, eu te levo para o banheiro.

Levantei-me e o segui até a porta do banheiro. Ele me deixou à vontade e disse que era para encontrá-lo na cozinha quando eu terminasse. Tratei de não demorar e quando desci as escadas para a cozinha, senti o cheiro de algo quente. O meu copo de achocolatado estava pronto e Christian me pediu para se sentar à mesa.

— Toma e depois poderá ir ao meu quarto,vou estar com Bernardo.

— Não quero incomodar, posso chamar um motorista por aplicativo, e chegarei em casa em pouco tempo em casa.

— E o que vai falar para sua mãe quando ela ver essas marcas no rosto? Você não precisa ir para escola amanhã, fique aqui.

— Eu não sei o que vou falar para ela, mas não poderei me esconder.

— Você trouxe maquiagem? — Christian perguntou, olhando bem nos meus olhos e falando com uma certa compaixão.

— Sim, está em minha bolsa, por quê?

— Para encobrir esses hematomas.

— Sou péssima com maquiagem, não estou acostumada...

— Eu costumava maquiar a Gaby, então posso tentar ajudar.

Aquilo me surpreendeu e não gostei nenhum um pouco de ouvir o nome daquela garota, ainda mais depois de saber que ele estava se encontrando com ela.

— Obrigada, mas não quero incomodar, muito menos sua mãe, me desculpa.

Chritian sorriu e meneou a cabeça.

— Pare, não se preocupe, depois que minha mãe toma os remédios, ela dorme e dificilmente se incomodará com sua presença, até porque você é bem silenciosa. Toma seu chocolate, senão vai esfriar.

Agradeci novamente e bebi o achocolatado com algumas dúvidas engasgadas.

— Se quiser, eu a levo para a escola quando se sentir melhor, como você pôde se envolver com aquele cara?

— Ele parecia uma pessoa legal e estávamos juntos há duas semanas, e não imaginei que ele levantaria a mão para mim — olhei para o fundo da minha xícara vazia, envergonhada.

— Cuidado com ele, então. Se ele vier atrás de você, não pense duas vezes, ligue para mim — Christian me entregou o cartão do número de seu aparelho.

— Não quero atrapalhá-lo.

— Não hesite, me ligue, estou falando sério — ele enfatizou.

— Vo-cê...está com a Gaby? — repreendi minha boca, mordendo os lábios e parando de encarar Christian, que não reagiu e respondeu educadamente.

— Não. Só saímos algumas vezes para conversarmos, mas não quero me envolver com ela, começou errado e continuará errado — ele disse entre suspiros.

— Conversou com Miranda? — eu estava bem atrevida, hein.

— Ela está com outro.

Parei com as curiosidades e me levantei da mesa, oferecendo-me para lavar as xícaras. Christian não me permitiu e pediu para subir e dormir.

  — Não fui eu que tirei aquela foto sua com Gaby, eu juro.

  — Me desculpa por falar aquilo para você, é lógico que se você fizesse aquilo, seria por amar Isaac, eu fui convencido e estúpido, perdoe-me. 

— Eu não faria nada daquele tipo. Eu sei muito bem guardar meus sentimentos, sufocá-los o possível e o impossível. 

Christian mordeu os lábios, e disse, voltando a falar sobre as xícaras: 

 — Depois, eu lavo isso, vá para cama dormir. Quer tomar um analgésico?

— Não, acho que não.

Christian odiava minha teimosia e me entregou um copo com água e um comprimido.

— É para dormir melhor, sem dores.

— Obrigada, se quiser ajuda com Bernardo...

Christian sorriu e agradeceu, acompanhando-me pela escada e parando diante do quarto do bebê enquanto eu continuei até seu quarto. 

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