Capítulo 1

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- Estamos com ela senhor! - O homem falava em espanhol, talvez pensasse que eu não sabia o idioma, olhava para mim como se fosse me devorar a qualquer momento. Senti uma ânsia de vômito enorme só de pensar naquele asco me tocando.

Ele tinha nos encontrado depois de tanto me esconder, invadiu minha casa de madrugada, quando acordei com a suas mãos na minha boca para que eu não gritasse.

- A vadia é ainda mais bonita pessoalmente. - Ele se aproximou de mim e pegou uma mecha do meu cabelo. - Ruivas! Devem ter um fogo descomunal. - Ele me olhava com o olhar demoníaco. De repente ele arregalou os olhos, e ficou atento. - Não senhor! Não tocamos nenhum dedo nela. Ela não quer abrir o bico! - Pausa. - Sim, eu sei quais são os procedimentos. Daqui a pouco lhe retorno.

Ele desligou o celular e ficou me olhando, eu estava amarrada e amordaçada em uma cadeira dentro do meu próprio quarto, eu não temia por mim, para mim seria até um alívio por fim nesse suplício.

Meu medo e desespero era pela vida da minha filha, minha anjinha de cabelos cabelos vermelhos como o meu, dormia tranquilamente, sem imaginar o que estava acontecendo.

- Vagabunda de sorte! - o homem passava o cano do revólver no meu rosto. - Só dá para os chefões... pena que você se casou com um merda! Um idiota que pensava que passaria a perna em Fernando ... pobre coitado! Agora queima no inferno junto com o capeta.

E se ele não estivesse morto, eu faria questão de matá-lo com as minhas próprias mãos pode ter certeza disso! Pensei comigo mesma.

Maldita vida que eu tinha escolhido para mim, casada com um filho da puta de um traficante que me enganou dizendo ser empresário. Me envolveu nas suas mentiras, uma vez que me entreguei a ele, entrei no seu mundo sórdido, e me afundei nesse mar de lama que é o tráfico.

- Não vai me dizer mesmo onde está a grana?

Ele puxou uma cadeira e sentou-se de frente para mim de pernas abertas. Eu bufava de raiva.

- E é marrenta! - sorriu sarcástico.

Puxou a fita adesiva da minha boca, senti todos os pelos serem arrancados, soltei um grunhido.

- Vamos, eu não tenho o dia todo!

- Eu já falei que não sei!

- Talvez eu deva acordar aquele anjinho que dorme tranquilamente no berço!

Meus olhos se estreitaram e eu gritei:

- Não, não mexa com ela!

- É só colaborar!

Suspirei e olhei no fundo dos olhos dele.

- Eu não sei nada dos negócios de Diogo, nós estávamos separados a bastante tempo antes dele morrer. Se vocês investigaram tanto a vida dele deveria ao menos saber disso.

- Não é isso que diz esses extratos bancários! - Ele puxou alguns papeis do bolso e disse: - Sara Williams Martínez, uma quantia bem generosa depositada todos os meses.

- Já que você tem acesso a minha conta bancária vai ver que eu nunca retirei nenhum real do que ele depositou ao longo desses anos.

- É, você não... mas a sua mãe sim! - Ele sorriu triunfal com a minha cara de espanto.

- O que? Claro que não! Minha mãe odeia tudo o que é relacionado ao tráfico! - Praticamente cuspi as palavras nele. Só eu sei o que passei desde que descobrimos que eu Diogo era traficante, ela passava na minha car todos os dias que eu fui a única de seus filhos que nunca prestei.

- Mas do dinheiro ela gosta bastante! Maria da Graça Silva Williams. Uma pensão bem gorda. - Eu continuava não acreditando. - É que nem São Tomé, sua gostosa? Pois veja com seus próprios olhos.

Prisioneira do Tráfico (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora