Capítulo 61

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Sara Martínez

Ele era outro homem, pude olhar em seus olhos que não tinha nada do Léo que conheci, nem mesmo aquele Léo que me viu descer aquelas escadas ainda receosa do que viria quando nos conhecemos.

Ele parecia em outro mundo, suas pupilas dilatadas, uma agitação que não era característica dele, eu reconheci na hora que ele tinha se drogado. Na verdade, isso me doeu demais, no fundo da minha alma, pois drogado ele me lembrou o irmão.

Eu me arrumei inteira para ele, no fundo eu tinha esperança que acabássemos fazendo amor, e na cama eu sabia o dominar, eu queria mostrar que eu era dele, somente dele.

Esses sentimentos me deixavam tão confusa, toda essa paixão me cegava, o que vivi com ele era totalmente diferente que vivi com Diogo, que era cruel, vingativo, possessivo. Léo não, era atencioso, romântico, gentil, gostoso e não posso negar, ele também era possessivo, mas era diferente, "era"... até o embuste do Roberto armar um plano diabólico contra mim.

Depois de tantos pensamentos confusos, do que eu faria, do que eu poderia fazer, pelo tempo que nos relacionamos e pelo pouco que o conheço, era melhor ficar calada e ver o que ele estava aprontando.

Ele me desejava, eu podia sentir a atmosfera pesada entre nós, era tesão, mágoa, raiva e desejo... nós estávamos uma bagunça completa. Eu poderia tentar seduzi-lo, mas se eu fizesse isso, talvez ele concluísse que eu era uma vadia! Puta que pariu que situação difícil.

Meu pensamento voltou-se para o bebê que eu carregava no ventre... dei um leve suspiro e coloquei a mão discretamente na barriga. " O que será da gente filho? Papai está perturbado! Que ele não faça nenhuma loucura que se arrependa depois!"

Eu poderia falar do nosso filho? Sim, eu poderia. Mas as possibilidades que ele poderia fazer comigo me assustavam, pois todas eram aterrorizantes.

Primeira: ele poderia dizer que tinha dúvidas sobre a paternidade da criança, isso sem dúvida me rasgaria.

Segunda: Ele acreditaria que o filho é dele, mas provavelmente me deixaria trancada em quarto até a criança nascer, tomá-la de mim e me jogar fora como se eu fosse um lixo... sem ele, sem nosso filho...

Todas duas possibilidades eram horríveis, e ambas destroçava meu coração. Porém a última era a mais dolorosa. Viver sem ele seria como se um pedaço de mim fosse arrancado e nunca mais pudesse ser preenchido, porém, viver sem meus filhos seria minha morte.

O que será que ele tivesse em mente, eu sei que seria o fim da nossa relação, meu coração estava sofrendo antecipadamente, mas eu seria forte e valente como sempre fui.

Uma lágrima caiu, eu enxuguei discretamente, meu humor estava oscilando muito, não sei se era pela situação ou se por causa da gravidez, ou os dois fatos juntos.

O fato é que eu desisti de me justificar, eu estava apostando até onde ele iria, o que ele era capaz de fazer.

Estávamos parando na frente de uma boate luxuosa. Puta que pariu! Ele não está vindo aqui comemorar, alguma coisa ele está aprontando, boa coisa não é. Será que essa merda é uma casa de swing, menage, sei lá o que? Eu não entendo bem dessas coisas, só sei que deve ser algo muito, muito ruim.

- Que lugar é esse? O que a gente veio fazer aqui? Leonardo Martínez, me diga o que você quer aqui?

Ele estava calado, me empurrando para dentro do local. Conforme eu via as coisas se desenhando na minha frente, eu ficava ainda mais chocada. Mulheres seminuas desfilando no salão, outras numa espécie de striptease no poledance, vários casais se pegando, quase transando em sofás e nos cantos escuros da boate sem nenhum pudor...

Prisioneira do Tráfico (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora