Capítulo 54

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Acordei com uma sensação estranha. Meu corpo estava pesado, eu me sentia meio grogue, como se tivesse sido dopada. Será que Maria me deu um mata-Leão? Já era tarde, um pouco mais das dez da manhã, com certeza eu desmaiei.

Com muita dificuldade levantei da cama, tomei um banho, vesti uma roupa leve, um short jeans, um top e uma blusa confortável. Desci e fui direto para cozinha, encontrei Maria animada dando ordens para as auxiliares de cozinha. Quando ela me viu, abriu um sorriso de orelha a orelha.

- Olha quem acordou, se não é a patroa mais linda de todo o México! - Dei um grande sorriso, sabia que aquilo não era bajulação e sim muito carinho que ela tinha por mim.

Sentei-me no banco alto da cozinha e me apoiei no balcão pensando em como eu começaria essa conversa com ela.

- Não sente aí, esse banco é alto, pode fazer mal...

- Maria eu não estou doente! - Cortei antes que todos os funcionários soubessem primeiro que o próprio pai.

- Eu sei, mas...

- Mas nada! Quero um pouco de café com leite e dois ovos cozidos.

- Não senhora! Agora mais que nunca você precisa se alimentar.

- Eu estou sem fome.

- Vou ligar para Léo...

- Não! Por favor! Tudo bem eu como. - Chantagista, mas como ficar chateada com esse doce de mulher?

Eu não queria falar com ele, não agora. Pois depois do atentado ele não me fez uma ligação, como se eu fosse um nada para ele.

- Ele ligou? - Olhei a velha senhora preparar meu desjejum e perguntei como se não quisesse nada.

- Vi Roberto conversar com ele. - Ela para o que estava fazendo e me olha no fundo dos olhos. - Não fique triste, ele ainda está magoado, mas ele é louco por você e a notícia dessa gravidez vai dar um novo ânimo ao relacionamento de vocês.

- Não sei, mas estou disposta a tentar. - Sinceramente eu queria que desse certo.

- É assim que se fala menina. - Agora sim, um café digno.

- Um café para um batalhão você quer dizer né? - Meu Deus, se continuasse assim no final da gestação eu estaria enorme.

Maria pegou o outro banco e sentou-se de frente para mim, ficou me encarando como se quisesse dizer algo. Até que ela não aguentou e aos poucos foi dizendo:

- Eu tive um sonho essa noite.

- Um sonho? Bom, ruim? - Coloquei uma garfada generosa de farofa na minha boca.

- Muito bom, mas era confuso. - Ela franziu o cenho.

- Por quê?

- Era mistura de alegria... - Ela baixou a cabeça e em seguida continuou. - e de dor.

- Você pode me explicar melhor? Estou começando a ficar preocupada.

- Irei primeiramente conversar com uns familiares da mãe do Léo, eles poderão me orientar melhor sobre meu sonho.

- De jeito nenhum! Agora você vai me contar tudo! Estou grávida e não posso ficar aflita! Vamos, fale logo.

- Eu sonhei que você estava grávida de gêmeos.

Imediatamente eu me engasguei com a farofa de carne que estava na minha boca. Comecei a tossir, sufocando desesperadamente. Maria se levantou bateu nas minhas costas, uma auxiliar de cozinha me entregou uma água, mas a bendita não passava, eu estava morrendo de verdade quando alguém me apertou por trás e um pedaço de carne voou longe. Só então, consegui respirar, mas ainda atordoada com o sonho, sei que é apenas um sonho, mas porra! Gêmeos? Caralho! Eu não estou preparada!

Prisioneira do Tráfico (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora