Capítulo 53

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Eu ainda estava atordoada com a notícia, fiquei sem saber o que fazer, muitas coisas passaram pela minha cabeça. Ir embora e criar meus dois filhos sozinhos e sem pai, porém, longe dessa sujeirada toda.

Ou ficar e dar um pai aos meus dois filhos, sei que Léo seria um ótimo pai e teria um grande amor por Rebeca, além de ser sobrinha dele, ele é uma boa pessoa, e já falou inúmeras vezes a vontade de formar uma família comigo. Nessa hipótese, eu fico com ele e vivo famosa "vida louca" com duas crianças. Em pouco tempo de relacionamento ele já correu perigo de vida ao extremo, e ao longo dos anos.

Mas não seria justo ele ficar longe do filho, porra! Ele sofreu horrores com meu aborto. Mexer nesse assunto ainda doía, era uma ferida ainda não cicatrizada.

Quem saiba eu deva aceitar meu destino e ser uma mulher de traficante, afinal não sou nenhuma adolescente, engravidei três vezes! Não tem justificativa, além de eu ser uma completa inconsequente.

Deitei em posição fetal e fiquei choramingando, tornei-me aquilo que sempre critiquei: uma mocinha fraca, chorona e indefesa! Puta que pariu eu não sou assim! Acorda Sara!

- Meu Léo vai ficar radiante!

Só então me dei conta que eu não estava sozinha. Me sentei abruptamente na cama, o médico estava com um semblante feliz, todos estavam felizes, menos a mãe desnaturada.

- Não quero que ninguém conte. Afinal é uma coisa íntima, eu mesma irei falar quando ele chegar.

- Claro! Isso é coisa do casal. Oh meu Deus! Essa casa vai se encher de alegria! Não vejo a hora disso acontecer! Venha doutor, o senhor nos deu a melhor notícia de todos os tempos.

Maria saiu radiante do meu quarto, abraçando o médico como se fosse amigos íntimos. Me deu vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo, levantei ainda fraca e fui ao banheiro, tomar banho,reordenar os pensamentos, mas o máximo que consegui foi ficar mais uma perturbada.

Saí do banho, vesti uma roupa leve e decidi ligar para meu amigo, quem sabe ele poderia me ajudar.

#LigaçãoOn

- Sapequinha! Como você está? Transando muito? Fazendo muito amor para manter essa pele maravilhosa de pêssego...

- Estou grávida! - Contei de uma vez. Ele ficou em silêncio por um tempo absorvendo a informação.

- Como sapequinha?

- Ora como! Você quer mesmo que eu te conte? Bom, eu não lembro bem a noite, mas com certeza pelo cu é que não foi!

- Nossa que mal-humor! - a forma que ele falou até me deu vontade de rir. - Pelo visto depois da gravidez o sexo acabou. O que foi, Léo não gostou? Ele me pareceu tão empolgado com o relacionamento de vocês, tão apaixonado, intenso. Você mesma me disse que ele ficou arrasado quando perdeu o baby de vocês. O que aconteceu para ele ter mudado tanto?

- Ele sabe...

- Ah faça-me o favor! Você acha mesmo que ele não vai gostar de ser pai?

- Nós discutimos porque eu não quero levar essa vida no tráfico, ele ficou muito bravo comigo, viajou numa missão perigosa, eu liguei para minha filha e descobri que ele as mandou para o outro lado do mundo, liguei para tirar satisfação com ele, ouvi um tiroteio, desmaiei e quando acordei descobri que estou grávida. - Falei tão rápido e sem dar pausa alguma que quando terminei estava morta de cansada.

- Caralho! Em quinze dias você me apronta tudo isso? E em um mês? Você estará casada com outro? - Ele nunca perdia o maldito bom humor.

- Deus me livre! Depois desse homem com certeza eu vou aposentar esse periquita. Pensa num dedo podre para homem. Se tiver cem homens homem honesto e um criminoso, com certeza eu escolherei ele. - Bufei e deitei na cama.

Prisioneira do Tráfico (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora