Capítulo 35

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Ele me olhava ainda sério, soltou minha mão, ficou de pé e andou pelo quarto, de um lado para o outro, passando a mão na cabeça.

Parou de frente para mim, soltou um longo suspiro e finalmente falou:

- Não posso Sara...

- Você pode sim! Eu preciso da minha família, e principalmente da minha filha!

- Eu trago todos para cá, mas eu não posso deixar você ir, eu não consigo!

- Eu não quero minha filha nesse meio sujo! De drogas, de tráfico, de tudo o que não presta! Saindo cercada de seguranças com medo de algum inimigo sequestra-la! Não eu não quero! Isso não é vida! - Despejei tudo o que estava sentindo.

- E o que você ia fazer se não tivesse perdido nosso filho Sara?

Uma lágrima ficou entalada no meu peito só de lembrar do nosso bebê. Ele estava igualmente abalado.

- Eu não ficaria aqui com você Léo, uma criança merece ser livre, viver em paz. Você quer que o seu filho seja o próximo grande chefe do tráfico? É isso que você deseja para o seu filho?

- Eu nunca quis ter filhos Sara, eu só não imaginei que perder um, doeria tanto! - Ele puxou o ar, tentando controlar os sentimentos. - Você tem razão, eu não seria um bom pai! Como Maria sempre diz: "Deus sabe o que faz!"

Ele saiu sem que eu pudesse falar qualquer coisa, e me deixou com dor na consciência. Droga! Eu não podia dizer isso! Mas era o que eu pensava! Como eu criaria uma criança dessa forma? Sempre com medo? A saudade que tenho da minha filha me sufoca! Mas eu prefiro pensar que tudo que estou fazendo é para o bem dela, como aqueles país que viajam para trabalhar em outro país e melhorar de vida. No nosso caso estou comprando nossa liberdade desse mundo sujo.

Ficar com Léo é continuar nessa vida, eu não quero! Já vivi e não gostei, ainda mais agora que sei que o meu ex e o atual são irmãos. É confuso demais! É típico de novela mexicana.

Levanto-me e vou ao banheiro, tomo um banho, já sinto meus músculos mais relaxados, saio do banheiro e sinto um cheiro maravilhoso de sopa invadindo o quarto. Maria sorridente me aguardava sentada na cadeira, próximo a mesinha.

- Vá se vestir e venha jantar.

Maria apesar de mandona, falou com a voz doce, eu sabia que vinha sermão. Optei por um vestido curto e leve, penteei os cabelos e sentei na sua frente, comecei a tomar a sopa em silêncio.

- Até quando você vai castiga-lo?

Maria me perguntou e eu continuei calada. Ela deu um longo suspiro, e resolveu ficar calada também, apenas me observando. Pelo pouco que conheço Maria, sei que ela está chateada, Leo deve ter ido se reclamar para ela.

Terminei a sopa, levantei os olhos e encarei a expressão de Maria nada boa.

- Você passou por muitas emoções esses dias. Sei que está sofrendo muito, mas não vou permitir que destrua o coração do meu menino.

Balancei a cabeça sorrindo. Ele me engana, mente, e eu que estou destruindo o coração dele?

- Eu não quero discutir com você Maria. - Baixei os olhos.

- Eu também não! Só quero colocar um pouco de juízo na sua cabeça. - Ela pegou minhas mãos, e eu a olhei. - Ele te ama, eu nunca o vi assim, ele ama você de verdade. Não vá embora! Enfrentem seus problemas juntos!

Sentinas lágrimas invadirem meu rosto. Cruéis e traiçoeiras elas deslizavam por toda minha face.

- Vocês se amam tanto, o amor de vocês é lindo. Eu estava presente desde que começaram e vi que se apaixonaram desde a primeira vez que se viram. Não deixe que o orgulho, ressentimento e até um menino malvado como o Diogo acabe com o relacionamento de vocês.

Prisioneira do Tráfico (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora