Capítulo 30

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Leonardo Martínez

- Mano, deixa ir com você? - Meu grito saiu desesperado.

- Não pirralho, ainda vai chegar seu tempo, você ainda é muito criança para compreender os prazeres da vida!

- Não! Eu já tenho quinze anos! Eu sou um homem.

Ele deu uma gargalhada sonora é debochada.

- Não tirou nem a catinga do mijo moleque!

Saiu altivo, galante, girando a chave da BMW novinha que tinha ganhado do nosso pai de presente de aniversário.

Eu fiquei para traz, admirando meu irmão.

- Um dia serei como Você Diogo!

•••••••••••••••••••

Essa cena e muitas outras não saiam da minha mente. Diogo era cinco anos mais velho que eu, e como a maioria dos irmãos mais novos, eu o admirava e o imitava. Ainda criança eu observava o sucesso que ele fazia com a mulherada.

Éramos irmãos por parte de pai, nosso querido pai Héctor Martínez, nos tratava como dois príncipes. Nosso pai comandava o tráfico com mãos ferro, embora nenhum de nós tivesse nossos nomes ligados diretamente a essas atividades, nosso pai era um renomado e influente senador, um homem acima de qualquer suspeita.

Meu pai era casado com a mãe de Diogo, mas apaixonou-se por minha mãe que era empregada doméstica da família, muito jovem, apaixonou-se pelo patrão, Héctor era um homem muito bonito e sedutor, éramos muito parecidos fisicamente. A paixão desenfreada dos meus pais, gerou um filho:Eu! Foi um escândalo na família. Dona Isobel Martínez, era uma linda mulher espanhola, loira, alta, olhos azuis, sangue nobre como ela se gabava em dizer, não admitiu o caso do marido e se separaram.

Diogo ainda criança, recusou-se ir com a mãe, pois era apaixonado por nosso pai. Com o passar dos anos, ele desenvolveu uma personalidade bem soberba como da sua mãe, ele não perdia a oportunidade de se desfazer de minha mãe e chamá-la de amante, destruidora de lares, empregadinha, dentre outros apelidos nada carinhosos.

Muitas vezes discutíamos por isso, mas o fascínio que eu tinha por ele era maior, e acabávamos nos entendendo.

Meu pai o escolheu para tomar conta da máfia, e a mim para administrar os negócios lícitos da família. Foi nessa escolha que Diogo se transformou, não percebi de imediato, somente ao longo dos anos percebi quanto ódio e rancor meu irmão sentia por mim.

Fui uma imitação do meu irmão durante toda adolescência, até conhecer Luna, ela era dançarina em uma das nossas boates. Ela era linda, eu me encantei por ela, Luna acabou sendo mais que uma amante, eu realmente tinha um sentimento a mais por ela, meu irmão percebeu e começou a pegar pesado, a dizer que mulher era moeda de troca, que nenhuma delas prestavam, só serviam para distrações e procriar, eram coisas horríveis, aquilo me irritava profundamente não só por causa de Luna, mas sabia que ele falava indiretamente para minha mãe.

As brigas e as discussões começaram a ser frequentes, morávamos todos juntos em Acapulco, Diogo, eu, nosso pai e minha mãe, nossa convivência tornou-se um inferno, Diogo sempre com suas piadas.

Prisioneira do Tráfico (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora