Capítulo 66

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Leonardo Martínez

Treinando, correndo, suando e vibrando, tendo, louco, apaixonado e desesperado por essa mulher. Minha vida tornou-se uma verdadeira merda longe dela.

Estou correndo como um doido na esteira para não surtar, preciso ter paciência para que o plano de certo, vai dar certo! Tem que dar certo! Eu sei que se eu fizer uma guerra, a minha situação com Sara ficará ainda pior, ela odeia violência, e o pior de tudo, agora ela me odeia porque eu sou um verdadeiro idiota.

Mandei um grupo aliado fazer uma emboscada para captura-la, é arriscado eu sei, mas no estado que eu me encontro em total desespero tudo é válido! Não consigo enxergar mais nada com clareza, tenho feito uma besteira atrás de outra, mas a pior com certeza foi o leilão. Eu nunca me perdoarei por ter feito isso com ela. Ela pode ter me traído? Sim, pode. Embora meu coração diga que não! Que ela não teve coragem de fazer isso! Mesmo tendo tantas provas irrefutáveis.

Eu e Sara vivemos uma linda história de amor, e mesmo que ela tenha tido a covardia de me trair, mesmo assim eu seria capaz de perdoa-la porque meu corpo todo dói e reclama por ela. Nunca pensei que o amor doesse, mas sim, o amor dói e dói. E numa escala de zero a dez, eu daria onze. Porque estou sofrendo como um condenado longe dessa mulher.

Nem mesmo os constantes torturas que tenho feito a Roberto é capaz de aliviar a dor que eu sinto. E por falar no traste, ele está completamente destruído, cego, magro, com inúmeros hematomas pelo corpo, e em algumas partes dele se encontra sem o couro. Mas com toda essa tortura, mesmo assim ele não é capaz de dizer que foi uma armação. Ele continua dizendo que foram amantes e que ela não ama, e isso é pior que um chute nas minhas bolas.

Continuo correndo como um louco, meu coração pulsa a um milhão por hora. Eu quero cansar, eu quero me punir pelo filho da puta que sou, eu quero levar meu corpo à exaustão, pois eu não paro de pensar que aquele maldito australiano pode está fodendo minha mulher agora ou a qualquer momento! Eu estou completamente surtado! Pulo da esteira em movimento e não contenho o grito de desespero que tenho certeza deve ter sido escutado por todo o prédio.

- Aaaaaaaaaaaahhhhhhhh!!!!! - É um grito de dor, sufocado na minha garganta desde que ela se foi, eu estou vivo, embora eu me sinta morto! Que porra está acontecendo comigo?

Quando finalmente parindo gritar, ponho minhas mãos sobre os joelhos e tento em vão acalmar as batidas frenéticas do meu coração. O suor pinga do meu corpo e molha o chão da minha academia particular. As lágrimas brotam do meu rosto e eu já nem sei mais o que é suor e o que lágrimas. Não sei por quanto tempo fico nessa posição, só consigo dizer que todos meus sentidos estão apagados, assim como minha alma.

Ouço uma suave tossida me despertar do meu transe. Vejo Amadeo com o olhar piedoso me encarando, não estou nem aí para o que as pessoas estão pensando. Eu já não me importo se vão me chamar de fraco ou não, eu só quero que essa dor acabe e a única forma dela acabar é trazendo Sara de volta.

Amadeo olha para uma pequena mesa no canto da academia e ver várias carreiras de pó preparadas e me olha com desaprovação.

- Se matando o senhor deixa o caminho livre para Oliver. É isso que o senhor quer? - Ele me encara sério e eu balanço a cabeça negando.

- Eu estou fodido Amadeo, eu to morto cara! O que eu fiz da minha vida? - Desabo sentando no chão, dobro os joelhos e apoio minha cabeça neles. E me permito chorar tudo o que não chorei desde que ela se foi. Que se foda que o Amadeo vai pensar. Até um cego é capaz de enxergar que eu não vivo sem ela.

Eu choro, e choro muito. Mas tenho a absoluta certeza que a dor que ela está sentindo é pior que a minha, eu sei que ela nunca vai me perdoar pelo o que fiz, eu fui pior que o meu irmão. A minha impulsividade custou tão caro, custou o amor da minha vida.

Prisioneira do Tráfico (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora