Capítulo 50

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Nos olhamos por longos segundos, nossos olhares eram de mágoa desapontamento e dor... ele me soltou e sem dizer uma palavra saiu da piscina, deixando-me cheia de pensamentos conflitantes.

Nossa conversa deixou marcar na nossa relação. Eu o magoei e ele me retribuiu, talvez realmente não fosse amor o que sentíamos um pelo outro, já que nenhum de nós dois queria ceder. Provavelmente tudo não passasse de uma paixão avassaladora e com o tempo o fogo ia apagar, ele arranjaria uma nova amante, mais bonita, mais jovem, mas atraente ...

O simples fato de pensar em vê-lo nos braços de outra fazia meu coração se despedaçar em mil pedaços. Porra! Eu o amo! Eu o amo de verdade, de todo meu coração. Sei que não é apenas meu corpo que anseia por ele, mas minha alma parece se unir à ele.

Voltei a posição que eu estava antes dele chegar, e fiquei olhando o mar, lindo, plácido... tão diferente do meu interior que estava revolto, como o mar em dia de tempestade.

Fechei os olhos, e as lágrimas caíram como cachoeira em meu rosto, em pouco tempo meu corpo soluçava. Era dada a largada para o nosso fim definitivo, não brigamos, mas colocamos nosso ponto vista e como previmos éramos diferentes. Muito diferentes, só o nosso desejo visceral não era capaz de sustentar nossa relação.

Abri os olhos, a lua apontava no céu, linda, deslumbrante e lembrei da nossa noite de amor no iate, na lenda que os ancestrais da mãe dele contava.  Eu acredito que o nosso amor é impossível.

Eu poderia ceder? Sim, eu poderia. Mas até quando? Não era minha índole conviver com um bandido, mesmo ele sendo bilionário e sem pinta de bandido, mas ele era um bandido.

Meu Deus! O que eu fiz para merecer dois homens bandidos na minha vida? Não bastasse tudo isso, ainda são irmãos! Só pode ser um carma! Não tem explicação!

Estava muito decidida das minhas convicções, eu quero viver um relacionamento saudável, onde eu não possa viver com a sensação de que estou arruinando milhares de famílias, isso não me faria bem. Não quero que a minha filha e nem nossos futuros filhos convivam com medo de passar por sequestros, possíveis assassinatos... um frio percorreu minha coluna só de pensar nesses crimes horrendos.

- Vai virar um peixinho dentro da piscina? Ou quem sabe uma linda sereia?

Estava tão perdida nos meus pensamentos que não percebi Maria se aproximar. Continuei calada olhando para o horizonte, sem falar nenhuma palavra.

- Sua mãe não lhe ensinou que é falta de educação não responder o que lhe perguntam? - Sua voz era doce e macia, apesar de uma certa distância ela falava baixo mas mesmo assim eu podia ouvi-la.

- Minha mãe e o meu pai ensinaram-me muitas coisas, se eu tivesse escutado, não estaria onde estou.

- Foi pesado. Pode ter sido excesso de mimo. Mimaram tanto a princesinha e esqueceram de ensina-la a enfrentar os problemas de frente de frente.

Virei-me de frente para Maria, a senhora estava com um vestido florido, ela era rechonchuda, estava chateada e com os braços cruzados na frente do corpo.

- Não sei enfrentar Maria? Foi só o que eu fiz na minha vida foi enfrentar tudo de frente. Eu só não posso compactuar com toda essa sujeira, eu não posso mais Maria, um dia nós sabíamos que tudo isso chegaria ao fim ... - Minha voz falhou no final.

- Não! Você não pode fazer isso com meu menino! Nem com você! Está na cara que vocês se amam! - O tom calmo sumiu, dando lugar a uma voz desesperada.

- É o melhor a se fazer Maria. Temos ideais diferentes, uma hora isso ia falar mais alto, é essa hora chegou. - Segurei um soluço tentando parecer mais calma.

Prisioneira do Tráfico (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora