Prisioneira do Tráfico (Livro 1)

Capítulo 70

Tivemos que esperar Amadeo resolver a questão do enterro de Lourdes, para não levantar nenhuma suspeita, e nenhum inconveniente, resolvi arcar com todas as despesas do velório e enterro, Amadeo inclusive mandou uma coroa de flores em meu nome.

Sinceramente não sinto nada pela morte dela, Lourdes poderia ter evitado muito sofrimento. Quando Roberto estava rendido ela poderia ter dito a verdade, que tudo não passava de uma armação daquele embuste, mas não, ela simplesmente confirmou e ainda inventou coisas horríveis. Mereceu sim, o fim triste que teve.

Embarco no avião e tudo me faz lembrar a ruiva que roubou meu coração. Nunca pensei que a saudade doesse tanto. Fecho os olhos e tento não pensar em nada, tarefa quase impossível, aquela cartinha simplesmente não sai da minha mente... um filho! Vou ser pai! Eu faço tudo para ver minha família junta, não quero nem imaginar na hipótese dela perder esse bebê como perdeu o outro. Sofremos tanto, que ainda dói lembrar todo o sofrimento que vivemos, ao descobrir um filho e ele já está morto. As lembranças povoam minha mente e lembro que Roberto sempre estava por perto de todas as coisas ruins que aconteceram na nossa vida. Será que ele deu algo sem que ela soubesse? Não! Isso seria fantasioso demais, nem nós sabíamos da gravidez.

Pela dúvida, para mim a partir de agora todos serão suspeitos, terei um cuidado redobrado com todos da minha mulher e com meus filhos, pois irei assumir Rebeca como minha filha. Vou resgatar minha família e farei de tudo para mantê-la unida, dando meu próprio sangue se necessário.

- Tudo resolvido, podemos partir agora e enfrentar o australiano. Ansioso? - Amadeo chegou e sentou-se na minha frente, meu homem de confiança estava visivelmente cansado.

- Ansiedade é pouco! Eu queria mesmo era me teletransportar.

- Tenho uma boa notícia.

- Então diga logo.

- Um dos homens que estão trabalhando para gente, descobriu que ela realmente está no apartamento da irmã de Oliver.

- Você tem certeza? Não é uma pista falsa? Se entrarmos no lugar errado, eles serão avisados e fugirão, voltaremos à estaca zero.

- Tenho certeza, Oliver fez um pedido de carne, subornamos o entregador de carne e ele nos confirmou que tinha uma moça ruiva no apartamento.

- Se ele a viu, quer dizer que Oliver e Sara estão de boa? - O ciúme me corroía.

- Provavelmente sim.

Puta que pariu! Não me faltava mais nada! Já imaginou se Sara resolvesse dar uma chance a esse desgraçado? Eu o mataria sem dó e piedade.

Só me resta agora descansar, temos dezesseis horas para por a cabeça no lugar e bolar um plano infalível para resgata-la.

                      (••••)

Chegamos pela manhã em Sydney, já tínhamos traçado um plano, para entrar no apartamento, o local era uma fortaleza, mas Amadeo não estava mentindo quando disse que tinha amigos por todo canto do mundo. O dono da empresa que presta serviço para a limpeza no prédio é de um aliado dele, esse cara simplesmente nasceu para ser gângster, acredito que ele nunca terá uma família.

No desembarque fomos direto para essa empresa, coloco os óculos de grau, uma barba postiça bem cheia e estou pronto, chegamos na empresa, vestimos os uniformes, e não trocamos nenhuma palavra, para não levantar suspeita. Entramos numa espécie de furgão, e seguimos em direção ao prédio.

Repasso todo o plano mentalmente, nada pode dar errado. Em pouco tempo chegamos ao edifício extremamente luxuoso e todo espelhado, descemos da vã e entramos pela parte de trás, passamos pelo detector de metais, mas as armas estão escondidas com o material de limpeza.