Prisioneira do Tráfico (Livro 1)

Capítulo 85

Quinze dias depois

Às vezes que penso que Léo me abandonou, esqueceu de mim, quer brincar com meus sentimentos... sei lá... eu penso tantas coisas e no fim todo esse drama se acaba quando ele me liga em vídeo chamada no celular da minha mãe, porque eu continuo sem celular por opção própria. Ainda tenho meus medos e receios depois de tudo o que vivi. Algumas vezes acho que a qualquer momento Roberto vai me ligar, ou que pessoas ligadas à ele irão me sequestrar... bom, eu sei que são ideias absurdas, até surreais, tendo em vista que o traste já morreu e deve está abraçado com o capeta que é o seu lugar.

Tento não ser uma pessoa rancorosa, mas se tratando de Roberto e Diogo, para mim eles tiveram o fim que mereceram, só plantaram ódio, maldade e discórdia. Eles só tiveram o que mereceram, me sinto um pouco mais confiante num mundo sem eles, mas a minha mente não anda normal, tenho pequenos surtos, achando que tudo pode acontecer novamente.

Nasci numa família onde as mulheres de ambos os lados são fortes, eu tento ser forte na maioria das vezes, mas tem momentos que eu falho miseravelmente. Agora é um deles por exemplo. Acordei mal humorada, chateada e sensível, já perdi as contas de quantas vezes chorei hoje, e olha que não está nem na metade do dia, aliás, ainda é de manhã.

Embalo-me na rede e olho o céu claro, sem nenhuma nuvem, totalmente diferente da minha alma que está tão nublada, o tempo que Léo me deu, só serviu para eu ter certeza que eu o amo, e não consigo viver sem ele.

Por falar desse amor doido, às vezes eu acho até doentio o que sinto por ele. Pelo menos foi o que Gabriel falou. Liguei para ele assim que Léo foi embora, tadinho do meu amigo, estava desesperado, altamente louca do cu, com o meu sumiço. Estava tão perdida no meu sofrimento que tinha esquecido de ligar para ele, mesmo quando lembrei não adiantou muito, pois eu não tinha o seu número, por sorte minha mãe era muito precavida, e todos seus contatos são agendados no seu e-mail.

Foram tantos gritos no outro lado da linha, tadinho ele estava desesperado, tinha até tentado fazer uma aliança para atacar Léo, mas ninguém em sã consciência aceitou.

Expliquei tudo o que tinha acontecido nos mínimos detalhes, o ódio que ele estava sentindo pelo Léo, logo foi substituído por admiração por tudo o que ele fez de bom. Eu imaginei que o meu amigo seria mais parcial, mas ele me explicou os motivos.

#Flashback On

- Você sabe que eu nasci nesse meio né sapequinha?

- Sei amigo.

- Pois é, eu presenciei coisas horríveis, inclusive na minha própria casa. Uma ex-namorada do meu pai foi acusada de traição, ela era linda, perfeita, assim como você. Mas esses homens de tráfico, não tem perdão quando o assunto é traição. Até acho que o que ele fez foi uma grande prova de amor.

- Porra! Prova de amor? Ele me vendeu! - Fiquei indignada com Gabriel.

- Sim, continuo afirmando que é, você sabe qual é o castigo para o traidor?

- Ser vendida? Escravizada?

- Não sapequinha! O castigo para qualquer traidor é a morte! Esse homem te ama tanto que não conseguiu te matar e quando o leilão estava prestes a ser finalizado eu o impedi, dando-lhe um soco! Mas ele estava desesperado querendo reverter a merda que estava fazendo. Eu vi, até pensei que fosse teatro dele, mas depois de tudo que você me contou, percebi que realmente ele é louco por você.

- Morte... - Só conseguia pensar na minha morte. - Então Roberto...

- Queria que ele te matasse! - Qual era o verdadeiro plano de Roberto? Às vezes acho a história dele sem fundamento, como ele pode ter se apaixonado por mim? Eu sempre o tratei mal, nunca lhe dei esperanças, nunca sequer rolou um beijo, eca! Nada!