Capítulo 77

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Um mês havia se passado, e foi sufocante me manter longe da minha ruivinha. Tenho tentado ao longo do tempo ser um homem sensato, frio e calculista, até conhecê-la e minha vida virar totalmente pelo avesso. Todas minhas convicções que tinha tentado viver durante esse tempo foram todas por água abaixo.

Recebo notícias diariamente dela, coloquei uma secretária nova na casa de dona Margarethe que a tem mimado mais que o normal.

No começo, Sara sofreu muito, doía meu coração ao vê-la desolada, triste e abatida, mas eu precisa dar-lhe o tempo que ela precisava e também finalizar a minha saída do Tráfico, que pensei que seria mais fácil, está me rendendo algumas dores de cabeça, alguns fornecedores não queriam aceitar a nova parceria, mas o sobrenome Martínez contou muito no final. Sem contar os rumores que saíram do porquê da minha saída.

Muitos cogitaram a hipótese de ameaça e chantagem, ofereceram ajuda, caso eu precisasse. Sendo obviamente negada por mim, no entanto, a história do leilão tinha tomado proporções gigantescas no meio do crime, e pasmem-se recebi propostas milionárias por ela.

Nem precisa dizer que eu fiquei possesso de ódio, mas eu tinha que assumir minhas atitudes infantis, as consequências foram dolorosas, mas acredito que no final tudo irá se resolver, pelo menos é o que estou desejando e lutando para isso.

Outro ponto que meus supostos aliados questionam é por que vender tudo para Hockenbach e não para um mexicano ou colombiano, expliquei que era por lealdade. Muitos questionaram, e muitas hipóteses foram levantadas, o australiano estava me chantageando ou o leilão não tinha passado de uma jogada.

Apesar de eu querer negar, mas no íntimo eu sabia o porquê de todas as respostas, isso explica a rapidez que tudo está sendo resolvido. Quando saí para aquela emboscada, eu e Sara havíamos discutido por causa do tráfico. Óbvio, eu como completo idiota machão, quis mostrar a ela que essa era minha vida e que não estava disposto a mudar. Mas dentro de mim tudo pedia para fazer o contrário,  eu não era forçado a comandar o tráfico, isso foi uma atitude de pura vingança por tudo que Diogo me fez, meu pai sempre deixou claro que não queria me ver nesse meio, que eu, diferente do meu irmão, não tinha perfil de bandido, mas como quis me vingar e mostrar que eu podia ser sim, um cara mal é muito pior que meu irmão, entrei de cabeça no mundo do tráfico.

No começo era uma válvula de escape para toda a dor que eu estava sentindo, depois eu realmente gostei de todo o poder que eu tinha em mãos, de ser temido e respeitado no mundo todo. O tráfico me trouxe Sara, foi a única coisa boa que ele me deu.

Mas ela me cobrou a saída dele, como um bom machão eu neguei, não só a ela, mas neguei a mim mesmo e tudo caminhou para que eu saísse do tráfico da pior maneira.

Por que Oliver? Ele se mostrou um homem honesto a seus princípios, outro no lugar dele teria abusado de Sara e declarando uma guerra sangrenta não por causa dela, mas pelo poder, pelo orgulho... por tantos motivos, mas ele foi nobre em suas ações, não fez nada contra a vontade dela, e ainda a ajudou ir embora, fazendo sua segurança. Por esses motivos eu escolhi vender a ele, e sei também que ele jamais será capaz de atacar a mim ou a minha família por causa de Sara, não poderia passar tanto poder para as mãos de uma pessoa inescrupulosa, e o destino me apontou ele.

- O senhor tem certeza que é realmente isso que deseja? - Amadeo me pergunta pela milésima vez.

- Já Respondi que sim. Por que você tem tantas dúvidas Amadeo?

- É muito dinheiro e poder chefe, mesmo vendendo oitenta por cento para o australiano, esses vinte por cento vai me tornar um homem muito rico, poderoso e influente no meio do tráfico. Eu não sei se mereço tanto, eu apenas fiz meu trabalho.

Prisioneira do Tráfico (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora