1.15 |Gael

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Gael

Primo. - A palavra estúpida soava nos meus pensamentos. - Em anos de existência nunca ouvi uma coisa tão idiota para se referir a mim - logo eu criado para proteger, sendo celestial e santificado, vulgo anjo.

Quando Ayla me pegou no flagra na cozinha pensei que todo o meu plano fosse por água baixo, no entanto Emerie foi mais esperta ao distorcer a realidade embora eu não tivesse certeza de que era a coisa certa a se dizer. Meu futuro, nosso futuro dependia do nosso segredo, minha protegida foi inteligente mas consequentemente perguntas viriam e quando se trata de Ayla com certeza essas indagações não seriam hostis.

- E desde quando você tem primos? Aliás este primo Emerie?- A amiga apontava constantemente para mim, com um semblante de pura incredulidade.

Minha garota revirou os olhos num sorriso irônico, sorri também sendo afetado por sua falta de entusiasmo.

- Primo Ayla, um parente. Por que? Não posso ter algum familiar mais?

- Não foi isso que disse. S-só não esperava que você tivesse um primo, nem sabia que você pudesse ter outro alguém do mesmo sangue. - Coisa errada a se dizer para alguém que perdeu a mãe e tem pouco contanto com a família, principalmente quando a família em questão é uma merda.

- Olha, - Eme suspirou cansada. - Gael não tem nada a ver com o escândalo que você está fazendo, o que sendo sincera é uma recepção e tanto, mas podemos ter essa conversa mais tarde sem ele e com você de preferência mais calma. Não faço a menor ideia do por quê você estar agindo assim.

Ayla pareceu concordar cedendo seu corpo que se mantinha rígido até então. Ela olhou mais uma vez para mim de maneira curiosa e então voltou seu foco para a amiga.

- Me conta amanhã. Você tem razão o garoto de fato não tem nada a ver com o meu mau-humor. Nos vemos amanhã. - Emerie respirou mais fundo quando sua amiga se foi, completamente aliviada. O olhar que ela me lançou aqueceu cada parte do meu corpo.

- Que porra foi essa Gael? - Sorri sendo influenciado pelos lábios mais lindos os quais eu mais desejava. Deitei ao seu lado desesperado por um toque de seu corpo contra o meu.

- Você tinha que dizer primo? - Apoiei os braços atrás a cabeça, Emerie deitou seu rosto em cima do meu peito.

Nesses momentos meu coração quase saltava da boca mas ao mesmo tempo confundia o meu organismo com as suas contantes mudanças em relação a mim.

- O que você esperava que eu dissesse? - Ela ergueu sua face para me ver melhor, senti seu hálito quente contra mim. Emerie não tinha noção do quanto tinha poder sobre mim, a faísca do meu fogo e se pedisse eu não negaria em ser queimado por ela. Me aproximei tendo total consciência do que estava fazendo, assim como minha garota que não hesitou.

Porém, eu me afastei. Emerie podia ser o que fosse, mesmo tendo todo o poder sobre mim não podia esquecer nossas posições.

- O que foi? - Sua pergunta ignorante fez eu ter ainda mais força de vontade em me afastar.

Não podia beija-la. Não agora. Ela estava ferida e se recuperando de uma ressaca. Se Emerie me quisesse tanto quanto eu a quero, não poderia ser apenas porque esperava ter algo para faze-la esquecer de seus problemas. Eu não era uma distração. Isso não era um jogo. E acima de tudo eu não era o Logan ou Hunter ou todos os outros caras que ela já usou para esquecer sua vida, nem mesmo que por instante.

A campainha tocou no momento em que levantei da cama. Suas sensações demonstravam confusão, desejo e um pingo de vergonha. Antes que pudesse levantar eu já seguia até a porta. Se ela quisesse que eu fosse seu primo então eu faria esse papel, certinho.

Hoje era quarta, obviamente já sabia quem era o único ser humano capaz de aparecer na casa de uma garota de dezessete anos. Nada mais nada menos que um garoto de dezessete anos sendo alienado por seus hormônios.

Abri a porta com um enorme sorriso, Emerie poderia não levar a sério meu título de seu parente, mas eu sim e como tal poderia passar a noite toda observando os dois.

- Desculpa, quem é você? - Logan perguntou, sua máscara de apaixonado caiu na mesma hora em que me viu. Centímetros maior do que ele e mais forte, a satisfação enchia meu peito.

- Logan! - O cumprimentei como um velho amigo, o garoto parecia desnorteado. - Emerie me avisou que viria, entre.

Ele entrou hesitante, me olhando de cima a baixo. Se fosse um cachorro com certeza iria urinar no canto mais próximo para marcar território. Idiota, mal sabia que esse território já era meu.

- Onde ela está? - Um macho esperando por sua fêmea.

- Está trocando de roupa, eu acho. Pelo menos disse isso quando saí da cama. - Sorri. Seus olhos não foram de capazes de esconder a raiva que resplandeceu através deles, uma pena que eu estivesse mentindo.

- Logan? - A voz suave feminina ressoou no cômodo. - O que você está fazendo aqui?

Me aproximei dela, tendo total noção que os olhos dele fitavam cada movimento meu.

- Hoje é quarta Emerie. Temos aula.

- S-sim. - Ela limpou a garganta, vendo o horário no relógio. - Mas ainda está cedo.

- Eu sei. - Ele sentou no sofá de forma folgada, jogando sua bolsa no chão. - Mas fiquei sabendo que você não estava bem por isso vim mais cedo. No entanto acho me passaram a informação errada.

- Por quê? - Logan olhou para mim antes de responder.

- Achei que sua situação era pior, pensei que estava de cama como Ayla disse. - Mentiu, óbvio que mentiu e óbvio que Emerie caiu.

- Bom, você acabou de perceber que estou melhor. - "Percebi" murmurou ele sendo ignorado. - Mas já que você está aqui, vamos começar!

{...}

Os dois sentaram no sofá. Ficava encantado com a inteligência dela. Logan tentava se aproximar mas em cada tentativa eu atrapalhava a chamando ou perguntado sobre algum assunto inútil só para ter sua atenção.

- Você tem que parar com isso Gael.

Emerie tinha me chamado de forma discreta para o quarto quando seu "aluno" foi para o banheiro. A princípio fiquei surpreso mas já sabia o motivo.

- Parar com o quê?

- De me distrair.

- Quer dizer que eu te distraio? - Usei a pergunta que ela me fez na primeira vez que me viu. Ela sorriu certamente com a lembrança.

- Engraçadinho, mas é sério Gael. Eu sei o que você está fazendo. - Ela cruzou os braços em repreensão.

- E o que estou fazendo Emerie? - Repeti seu ato com os braços.

- Você está agindo assim por ciúmes e não adianta negar, está na sua cara anjinho.


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