Angel In My Life

1.17 |Gael

Gael

- Você está agindo assim por ciúmes e não adianta negar, está na sua cara anjinho. - As palavras cuspidas por sua linda boca fez um nó na boca do meu estômago. Como aqueles momentos em que você é pego no flagra fazendo algo que não devia.

- O quê? - Fiz a melhor cara de sonso que pude mesclando a incredulidade habitual.

- Ora, se isso não é por ciúme Gael então eu não sei. - Emerie fez o que eu mais odeio. Aquele maldito sorriso contando vitória antes do tempo, tive que me controlar para não arrancar aquele sorriso com os meus lábios sobre os seus.

Foco Gael.

- Pois você está errada Emerie. Lamento frustá-la mas a última coisa que eu faria era ter ciúmes de alguém, principalmente você.

- Eu sou tão terrível assim a ponto de você não ficar enciumado por minha causa? - Eu havia a ofendido, mesmo que não fosse minha intenção ela se sentiu de maneira ofendida embora não demonstrasse.

- Longe disso, você é a personificação perfeita para alguém que alimenta sentimentos por você sentir ciúme. - Ela suspirou, em determinados momentos eu me parabenizava pela capacidade de distorcer a realidade com palavras bonitas de serem pronunciadas.

- Se você diz. - Minha garota deu de ombros. Seus sentimentos eram um perfeito embaralho de emoções recorrentes.

O som da chave girando na porta do banheiro despertou nós dois, tive que ver Emerie voltar para o seu respectivo lugar ao lado do seu aluno. Uma cobra esperando o momento adequado para o bote. Infelizmente dessa vez eu estaria aqui para atrapalhar seus planos, deve ser por isso que ele me lançava um olhar sombrio repleto de raiva enquanto minha protegida estava distraída.

Se passaram uma hora e meia até aquela coisa que eles chamavam de reforço escolar acabar. Logan foi embora sem nem uma despedida decente, devia estar desanimado ao lembrar do quanto a última despedida dos dois foi vantajoso para ele. Ficava enjoado só de recordar as mãos deles explorando o corpo dela enquanto gemia sobre o corpo dele. Eu sei que não foi nada real, pelo menos não na parte dela, era apenas distração. Isso não evitava que o gosto amargo subisse pela minha garganta.

- Você está muito quieto. - Dei um sobressalto diante da sua repentina aproximação.

- Estou pensando Emerie.

- Em que?

- Em coisas, muitas coisas. - Sua resposta foi o franzir de sua testa seguido por um silêncio desconfortável.

- Sabe Gael, acabei de lembrar de uma coisa, aliás uma pergunta que você não respondeu. Eu sei, você não responde a maior parte delas, mas essa tem estado na minha cabeça desde que nos conhecemos.

A observei curioso, sua expressão não demonstrava nada, nem mesmo o brilho de malícia que sempre estava de maneira quase oculta em seus olhos. Emerie não esperou minha reposta ao indagar:

- Onde estão suas asas? Um anjo deve ter asas, não? Pelo menos é isso o que falam e o que o google mostra.

Sorri, de fato não esperava por essa pergunta, na verdade pensei que seria a supresa da malícia ou algo relacionado a sua mãe.

- Do que você está rindo Gael? Responda anjinho.

Soltei uma tosse forçada, coçando a garganta.

- Nada. Eu apenas fi-fiquei surpreso, mas enfim respondendo sua pergunta minhas asas estão na minha... vamos dizer... forma de anjo? Isso, na minha forma de anjo.

- Você tem duas formas então?

- Basicamente, sabe antes você não podia me ver certo? - Assentiu revirando os olhos impaciente. - Isto porque eu nunca havia revelado minha forma humana, eu era como um espírito vagando sempre ao seu redor, a observando e protegendo.

- Nossa! - O encanto era explícito em seu semblante. - Isso soa estranho, tipo você me vigiava todo o tempo sem eu saber, se você não fosse um anjo eu diria que você é um stalker obsessivo.

- Acredite, fiquei tão surpreso quanto você ao mudar para a forma humana, mas convenhamos que ela é muito bela, não? Digna de uma obra renascentista.

- Eu sei que já disse isso Gael, mas você é muito metido para um anjo.

- Você não seria com um corpo como o meu? - Ela não respondeu. - Foi o que pensei Emerie.

- Na verdade anjinho, beleza é algo muito relativo. Acho que você não sabe disso ainda, oras você pode se achar muito belo com todos esses músculos esbeltos, esse seu cabelo alinhado, esses olhos azuis da cor do céu e essa boc-

- Emerie? - Escondi o sorriso divertido que ameaçava escapar pelos meus lábios, com a luxúria e desejo que ela emanava.

- Enfim. O que eu quero dizer é que mesmo que você pense ser incrivelmente gostoso, o que eu não posso negar, pode ou melhor deve haver alguém que o acharia o símbolo do ridículo.

Arregalei os olhos, obviamente ela estava certa, como sempre. Beleza com certeza absoluta não pode ser medida e muito menos comparada. Não era uma hipótese, era uma verdade. Emerie balançava sua cabeça confirmando os pensamentos que transcorriam de forma singela pela minha cabeça, toda a minha ignorância exposta sendo gentilmente corrigida.

Após a nossa curta conversa sobre beleza e seus insanos padrões, o banho a chamou e ela foi, começando o preparo para o sono que já amolecia seu corpo e pesava suas pálpebras. O aroma dos incensos rodeavam todo o pequeno e agradável apartamento, numa mistura prazerosa de lírios e baunilha.

Minutos depois ela já estava na cama adormecendo lentamente, deixando a exaustão do dia tomar conta do seu organismo. Entendi que era a minha hora de deixá-la, voltando ao meu corpo angelical o qual eu fui criado, escutando sua respiração se tornar lenta e pesada igualmente a batidas cardíacas que se acalmavam bombeando e distribuindo seu sangue para cada camada de si, até mesmo as pequenas.

Era madrugada quando a ouvi ofegar, arquejando baixo. Seu corpo se mexia de maneira estranha transpirando constantemente. Emerie dizia algo muito, muito baixo, chamava por alguém. Fiquei assustado ao finalmente distinguir o nome que ela chamava. Era o meu. Gael se repetia nos seus lábios, fiquei atordoado. Ela deveria estar tendo um pesadelo, afinal alguma coisa ruim deveria estar acontecendo em seus sonhos para ela me chamar. O estranho som que ela fazia intercalando entre meu nome, parecia com gemidos, com certeza gemidos de dor.

Pensei em acordá-la tal forma que não a assustasse. Minha garota abriu os olhos antes que pudesse agir, ela parecia estar incrivelemnte nervosa, seu rosto estava corado. Apareci, ela me olhou de maneira inusitada, diferente. Um brilho diferente reluzia através do seu olhar.

Com poucas palavras evitando muito bem meu rosto ela correu para o banheiro, devia estar muito afetada pelo pesadelo, mas algo estava errado. Se ela estava sonhando com algum horror por que suas emoções não demonstravam nem um pingo de medo? Mas sim intenso desejo e pura luxúria. Uma confusão de sentimentos, no entanto todos representavam o fogo que ela sentia. Minha cabeça parou de pensar, me recusei a achar que estava enganado. Não podia cogitar um sonho erótico, tipo isso é quase crime contra o céu, e provavelmente um pecado.

Mas era a única coisa que se encaixava, os movimentos estranhos, os gemidos chamando pelo meu nome, o suor que escorria por seu corpo não por calor... pelos céus Emerie. Você estava sonhando comigo, não um sonho qualquer, mas uma cena de sexo.

Meu coração batia extremamente acelerado, quase saltava pela boca. Tentei negar para mim mesmo isso, não podia ser. Minha mente estava dividida entre negar isso e aceitar com bastante satisfação masculina. Ela deitou-se a todo custo evitando me olhar, não consegui fazer o mesmo e enquanto ela adormecia eu a observava pensando em diferentes possibilidades e posições. Estou enlouquecendo.

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