2.20 |Gael

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As paredes mal rebocadas davam um ar autêntico ao ambiente. Em certas partes era visível a marca dos tijolos o que dava um cotraste e tanto na madeira lisa e brilhante que integrava os móveis, a iluminação frajuta ficava por conta das lâmpadas amareladas penduradas em um único fio no teto, a sensação aconchegante aumentava com o toque melancólico que soava abafado pelo som das inúmeras vozes. Cada detalhe pensado cuidadosamente a fim de manter a elegância e a vulgaridade num só lugar, como um jogo de adivinha o qual você teria que descobrir onde estava, a única certeza era de não querer mais ir embora. Desta forma conclui o motivo de estar tão movimentado às seis horas da tarde, as pessoas não consideravam apenas as bebidas, mas também o ambiente o qual podiam se sentir em casa e relaxavam despreocupados.

Senti um aperto na mão, olhei para o responsável e notei Emerie me olhando com curiosidade, ela deu um aceno simples com a cabeça na direção de uma mesa vazia para quatro pessoas, isso por si só era uma vitória considerado a quantidade de gente aglomerada no mesmo local. Nós sentamos, Ayla e Emerie na direção oposta, Matheo infelizmente do meu lado. Não me leve a mal, mas o cara não ajudava com aquele olhar nada discreto na direção da Emerie toda vez ela se mantinha distraída numa conversa com sua amiga. Engoli em seco o ciúme ameaçador que subiu pela garganta, eu não fazia esse tipo e muito menos o estereótipo de namorado ciumento, namorado? Nem isso eu era direito, por ora não haviam rótulos para o que tínhamos e isso não me preocupava, eu estava dando espaço e tentando seguir de forma calma com ela. Um passo de cada vez, quem sabe isso daria frutos no futuro. Respirei fundo focando no presente.

— O que vocês vão querer? — Matheo levantou, impassível.

— Qualquer coisa com álcool, por favor. — Resmungou Emerie, lancei um olhar de advertência um que foi ignorado com êxito.

Ainda no carro, sinalizei que ela não deveria ingerir álcool tão cedo pois literalmente tinha acabado de sair do hospital e isso poderia gerar consequências no seu organismo, não tão graves mas não dava pra facilitar a brecha. Ela ameaçou ligar para o dr. Phill e ver o que ele falaria, eu até cogitaria essa opção se não percebesse a intenção oculta por trás disso. Nossa breve discussão encerrou ali mesmo, acompanhado de um sorrisinho vitorioso que ela abriu.

— Quero água, gelada e com gás. — Respondi, indiferente. Ayla semicerrou os olhos pra mim.

— Pelo amor de Deus, Gael. Você vai beber água? — Zombou Ayla. Emerie sorriu concordando com a amiga.

— Vou. Diferente de vocês não tenho um pai que me banca ou que é meu chefe, meu trabalho me espera amanhã e não pretendo ir morto de cansaço e ressaca. — Retruquei, mantendo o leve toque de entusiasmo.

Matheo bufou uma risada e saiu. Ayla reproduziu um som estranho, parecia frustação.

— Merda, esqueci de pedir um martini, não saio desse bar sem o meu drink com azeitona. — Ela saiu ligeiramente atrás de Theo. Analisei confuso a garota a qual a pele morena brilhava sob as luzes distintas e coloridas de um canto específico do bar, tornei meu olhar para Emerie.

— O que foi isso? — Perguntei aturdido.

— Uma garota obssecada por manter o glamour até na hora de beber. — Uma luz fosca amarelada passou pelos olhos dela, ressaltando o brilho natural deles. — Você está bravo comigo, Gael?

— Por que a pergunta? — Mordi o canto da bochecha, uma sobrancelha se arquenado habitualmente.

— Porque contrariei você. Eu sei que você se preocupa comigo e não concorda que eu beba tão cedo. — Respondeu, num tom leve. — Mas veja assim, fico muito mais solta quando estou bêbada, com isso quero dizer que fico excitada facilmente.

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