2.42| Emerie

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Ressaca. Essa pequena e mísera palavra que faz com que pareça que um caminhão de toneladas passou por cima do seu corpo, o problema é que eu não posso culpar ninguém além de eu mesma, quer dizer, talvez eu possa dar um pequeno crédito para o Gael por não ter me impedido de tomar taças de vinho como se fosse água e eu estivesse num deserto. Agora estou mais uma vez curvada no banheiro, chorando como um recém-nascido com os braços caídos para o lado. A pergunta que não quer calar é: como vou sobreviver a esse dia com esse enjoo infernal e uma dor de cabeça insuportável.

— Ei linda, eu trouxe chá e um analgésico pra você. — Sério, se eu já não estivesse apaixonada por esse homem lindo e gentil na minha frente, eu ficaria num instante observando parado na porta do banheiro.

E foi assim a nossa madrugada de dois dias atrás. Agora estamos de volta no apartamento dele, tendo uma pequena discussão porque, observação, ele acabou de me dizer vai mudar de cidade!!!!!! E me pediu pra ir com ele!!!! E puta que pariu, se eu realmente tivesse alguma coisa nesse fim do mundo eu deixaria tudo pra ir embora com a metade da minha laranja, a tampa da minha panela, o desentupidor do meu vaso entupido. Ah tudo bem, a última foi horrível.

— Você quer? — Aqueles olhinhos azuis do céu me olham com esperança e cautela. — É claro você não é obrigada a ir, não vou ficar chateado se você achar que é um passo muito grande pra nós dois...

– Gael!

– Se você quiser dar um tempo tudo bem, se você achar que não está pronta-

— Gael — Ele continua a tagarelar, evitando meu rosto. — Ei, ei olha pra mim. Cala boca homem, deixa eu falar.

Um suspiro escapa de seus lábios. Olhos nos olhos. Corações batendo quase que no mesmo ritmo como se fossem um só. É agora! Ai meu deus!!!!

— Sim. — Digo. — Sim, sim.

É nossa hora que eu postaria uma foto no meu Instagram com mostrando uma mão e um anel no dedo anelar com seguinte legenda: mil vezes SIM. Contudo, voltando a realidade isso não foi um pedido de casamento, então vamos nos contentar com a minha alegria e gritaria.

— Gael, essa cidade não tem nada pra mim. Quer dizer, além de um pai escroto e uma mãe morta, não me resta mais nada. E não me olhe com essa cara, você sabe que é verdade.

Ele segue na minha direção, alcançado minha cintura com aquelas mãos firmes.

— Você tem certeza? — Nossas testam colam. — É realmente um grande passo pra nós. Além disso, um recomeço para nossas vidas. Juntas.

— Eu sei, eu quero isso Gael. Realmente quero. — Ele assente, um beijo leve sobre a minha cabeça. — Mas primeiro, eu tenho um pedido para te fazer.

— O que é?

— Eu quero que você conheça alguém. Da mesma forma que eu conheci sua mãe eu quero que você conheça a minha.

Era fim de tarde quando chegamos, o momento em que a noite encontrava o dia e juntos pintavam o céu em tons de laranja seguindo para o azul escuro. Gael segurou a minha mão conforme noa aproximamos da lápide com o nome e tudo o que ele representava para mim e para aqueles que a amavam. Uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha e Gael a limpou e me puxou para sua frente me cercando com seus braços. Um peso sólido impedido que eu caísse.

— Oi mamãe. Sinto sua falta sabe, faz um tempo que eu não volto ver você e acho que você não está muito feliz comigo. Sinceramente, eu não estaria feliz vendo a minja filha se machucar todos os dias. — O choro se alojou na minha garganta, meu anjo me apertou dando um breve beijo no meu pescoço. — Mas eu quero te dizer mãe que eu não vou mais me machucar porque eu conheci alguém que afugenta meus demônio e faz com a minha vontade de viver seja maior do que a vontade de morrer e eu o amo por incontáveis motivos, mas o mais relevante é modo como ele me salva todos os dias.

Olhei de relance para o rosto do Gael, e pasmem, aquele homem com sorrisos fáceis e lindos estava chorando de olhos fechados apenas absorvendo em silêncio as minhas palavras.

— Hoje ele me pediu pra ir morar com ele em outra cidade e eu não queria partir sem me despedir e sem dizer que eu amo você, até os fins dos meus dias eu vou amar você mamãe.

Minutos se seguiram em silêncio até o Gael me soltar e entrar na minha frente e para minha surpresa ele também começou a falar.

— Oi Angeline, acho que já estava mais do que na hora da gente se conhecer. — Um riso escapou da minha boca enquanto limpava a trilha de água salgada do meu rosto. — Vim te falar que sua filha é a mulher que eu amo e pretendo amar por muitos e muitos anos assim como pretendo fazê-la feliz. Nunca mais vou permitir que ela sofra ou sinta que não vale nada. Minha Emerie é linda e uma mulher excepcional, tenho certeza de que você está orgulhosa de quem ela é, e assim como eu, concorda que ela vale mais do que todo dinheiro do mundo pode pagar. Além de ser minha, ela vai ser a mãe dos meus bebês e minha esposa, mal posso esperar por isso. Enfim, eu queria te agradecer por gerar a minha Emerie e dizer que isso não é um adeus.

Gael se levantou em seguida plantou um beijo molhado nos meus lábios me abraçando, e quando o céu finalmente escureceu um estrelinha brilhante cintilou no meio da escuridão e naquele momento eu tinha certeza de que a minha mãe estava conosco.

Senti que um ciclo da minha vida estava se fechando, o medo e a angústia estavam ficando com o meu passado. Daquele dia em diante minha vida ia mudar, um recomeço para alguém que estava se afogando e  jamais cogitou a possibilidade de ser salva e mesmo assim o universo a presenteou um colete salva-vidas e uma oportunidade de recomeçar. Uma nova vida, família e lar. Porque Gael era o meu lar tal como eu era o dele.

***

Meu Deus eu demorei mas voltei, desculpa meus amores por ter dado um tempo, mas eu estava focada nos vestibulares e na aula online e sendo sincera com vocês o wattpad me distraía muito. Porém, agora tô de férias e pretendo retomar a escrever a história do nosso anjinho e nossa humana que a gente tanto ama. Confesso que fiquei com saudades do Gael e da Emerie e já decidi um final pra eles!!! <3

Fé no pai que o final sai.

A propósito, vou deixar uma dica de leitura da obra (linda e maravilhosa) da minha amiga Akniight "A Clave de Ti" que inclusive tenho que terminar o último livro.

Observação, Angel In My Life faz um ano mês que vem meudeussss nem parece que eu comecei a escrever de madrugada porque não tinha nada pra fazer e tava com a história importunando a minha cabeça, sem vocês eu não chegaria até aqui <3

Beijo e até o próximo capítulo!!!

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