1.1 |Emerie

29.5K 2.2K 1.3K
                                        

• ────── ✾ ────── •

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

• ────── ✾ ────── •

Emerie

Se neste exato momento alguém me perguntasse como o filme Milagre na Cela 7 terminou eu realmente não saberia dizer, pois na metade do filme eu já estava quase desidratada de tanto chorar. Nunca pensei que um filme pudesse esgotar tão rápido a minha cota de lágrimas, mas foi o que aconteceu. Já sou chorona por natureza, agora imagine assistindo a um filme tão triste e emocionante.

Minha mãe costumava dizer que as lagrimas são o sangue da alma, honestamente nunca entendi o que ela queria dizer com isso até o dia em que ela partiu, foi a última vez em que chorei de verdade, exceto por quando meu pai disse que estávamos falhindo na verdade acho que Anna chorou mais do que eu e devo admitir que meu "choro" não foi por tristeza, estava mais para alívio e um toque de alegria como se finalmente o carma estivesse fazendo efeito.

Vejamos, meu querido e amado pai esteve ausente a maior parte da minha vida e tenho certeza que se fosse por vontade dele ainda estaria, mas as coisas mudaram de forma repentina e em dezessete anos perdi a minha mãe, descobri, ou melhor tive certeza de que meu pai era um verdadeiro cretino e sua família perfeita eram apenas sanguessugas as quais ele não pensou duas vezes antes de abandonar uma mulher grávida e solteira.

E aqui estou eu num cubículo de apartamento que eu chamo de casa, num bairro não muito valorizado mas não tão deprimente, por uma linha de ferrovia que passa ao lado que quando o trem passa treme tudo na minha pequena e humilde casa.

Acredite ou não, é melhor do que estar em um enorme quarto rodeado de rosa por todo o canto e com mais dois meio-irmãos, uma garota que pensa viver no universo do filme As patricinhas de Beverly Hills e um garoto que apenas pelo fato de escutar The Neighbourhood e Lana Del Rey se acha o ser humano mais triste e injustiçado da face da terra. Pelo amor de Deus.

Devo ressaltar que não estou julgando os gostos de ambos. Gosto é igual cu cada tem o seu. E muito menos desvalorizando as músicas, até porque as letras são muito boas, a questão é que a atitude desses adolescentes que infelizmente são meus irmãos é deplorável. Se quer completaram duas décadas de vida e acham que já viveram tudo.

O ápice, foi minha irmã de 14 anos dizer que desistiu do amor. PUTA QUE PARIU, nesse mesmo dia peguei minhas coisas e fui embora sem dar satisfação para ninguém.

Sem rumo? Sim
Livre de uma família que com certeza tem problemas mentais? Sim.
Assunto encerrado.

Para minha surpresa meu pai teve a capacidade de notar que eu estava, supostamente desaparecida, e me ligou no fim da tarde perguntando aonde eu estava. Não foi muito difícil perssuadi-lo e explicar o contexto do porquê eu tinha ido embora, ele apenas me deu uma quantidade considerável de dinheiro e mandou eu me cuidar. FIM.

Passei uma semana na casa do meu ex, que só "namorei" porque ele tinha um carro e não morava com os pais, e depois consegui esse pequeno loft e obviamente terminei aquele namoro quase inexistente. Hunter teve a audácia de dizer que embora eu fosse gostosa ele gostava de mulheres e não de "crianças mimadas", como ele me denominou. Meti um soco na cara dele e segui rumo ao meu futuro independente.

Isto ocorreu a aproximadamente três meses atrás, desde então não tive notícia do meu pai nem da família dele, em realidade eu tinha ligado apenas uma vez para avisar que havia conseguido um emprego como stripper numa boate, o que era mentira mas ele não precisava saber, o telefone foi desligado na mesma hora. Eu ri sozinha me parabenizando pela genialidade.

O filme estava nos créditos quando meu celular vibrou. Ignorei. Vibrou de novo. Ignorei de novo e por fim vibrou mais uma vez e eu impaciente com o ser humano me ligando às duas da manhã atendi.

- Me diz que você está em casa! - Ayla praticamente berra desesperada do outro lado da linha. - Por favor Emerie!

- Estou, por quê? - Ouço seu suspiro de alívio acompanhdo de um murmuro dizendo "graças a Deus". - Aconteceu alguma coisa?

- Ainda não, mas para sua sorte estou indo neste exato momento para sua casa.

- E por que você viria agora pra cá?

- Depois eu te falo, prometo. Beijo.

- Ayl-

A ligação é encerrada. De repente mil coisas passam pela minha cabeça ao mesmo tempo. Por qual motivo Ayla estaria vindo pra cá de madrugada em plena segunda-feira. Sem contar que temos aula às seis e meia da manhã.

Penso em todas possibilidades possíveis, nenhuma se encaixa ou é importante o suficiente para a vinda tão repentina dela.

Em meia-hora o interfone toca e eu libero sua entrada, a porta que dá do corredor para minha sala é escancarada por uma garota com um enorme sorriso no rosto e cabelos, que geralmente são organizados cacho por cacho, um emaranhado de fios enrolados.

- Tenho uma ótima notícia! - Ela diz eufórica demais para alguém acordada neste horário.

A ignoro fechando a porta, tentando reproduzir o mínimo de ruído possível. Meus vizinhos procuram qualquer motivo para reclamar com o síndico.

Faço um shh para ela diminuir o tom de voz que é obedecido na mesma hora.

- Em primeiro lugar Ayla, o que você está fazendo aqui e agora? - Cruzo os braços tentando parecer brava.

Seu sorriso não diminui. Pelo contrário.

- Meu irmão está voltando para cá e para surpresa de todos está trazendo uma garota.

- Meu Deus! É sério isso? - Pergunto incrédula, não pelo irmão dela mas pela notícia irrelevante.

- Não você não entendeu Emerie, deixa eu terminar. A questão é que ela ta grávida.

Arco uma sobrancelha confusa.

- Você está me dizendo que veio até a minha casa, em plena segunda-feira de madrugada para me dizer que seu irmão vai ser pai?

- Sim e não.

Fico ainda mais confusa com sua resposta, ela nota e completa:

- Emerie amiga, o fato dele ser pai muda tudo.

- Muda o quê Ayla?

Ela senta num dos sofás e me chama para acompanha-la.

- Ele sendo pai, não vai poder comandar a empresa porque obviamente papai não vai deixá-lo comandar nada. Ou seja, a futura dona será eu!

- Ok, isso eu entendi. Mas o que eu tenho a ver?

- Na verdade você não tem nada a ver, eu só vim para sua casa para poder fugir da minha, porque meus pais estão na maior discussão.

Ataco uma almofada contra seu rosto antes que ela perceba.

- E eu aqui super preocupada pensando em dezenas de motivos diferentes que pudessem fazer sentido do porquê de você ter que falar pessoalmente uma coisa que eu achava ser importante que não podia ser dito pelo telefone.

Outra almofada na cara dela, que apenas tenta se esquivar mas falha. Ayla suspira frustada, dando-se conta do fútil motivo de vir até aqui eufórica. Óbvio que para ela era um notícia e tanto, mas em relação a mim não era algo que fosse acrescentar ou fazer falta na minha vida.

• ────── ✾ ────── •

Deixem seus comentários e votos!!
Obrigada ♡

Angel In My Life Onde histórias criam vida. Descubra agora