2.7 |Gael

5K 599 341
                                        

Gael

— O quê você está fazendo aqui? — Ela parou de rir. Seu rosto mudou, tornando-se mais sério ao me fitar confusa.— Você não devia estar trabalhando?

— Devia, mas uma pessoa me ligou dizendo que algo estava errado com você então vim desesperado achando que algo ruim estava acontecendo mas quando cheguei percebi que você estava apenas rindo.

O vestígio da risada grotesca surgiu nos seus lábios na forma de um sorriso tímido e sincero. Emerie levantou o papel na sua mão, baixando seu olhar até a carta e relendo rapidamente. Seus olhos astutos passeavam pelos trechos que honestamente escrevi com muito custo. Não sabia se ela ia gostar, e sendo sincero eu estava morrendo de vergonha do que ela ia achar das frases que escrevi. Não revelavam nada de importante, porém mesmo sendo vagas e curtas eram coisas pessoais que eu guardava e não tinha vontade de contar a ninguém. Primeiro, por uma questão óbvia de constrangimento. Segundo, por não ser nada revelevante para alguém, mas no caso da Emerie eu queria contar.

— Eu estava. Acabei de ler sua carta e devo dizer que foi a coisa mais idiota que já li mas também foi a coisa mais linda e maravilhosa que alguém já escreveu pra mim Gael. — Sua mão segurava o pedaço de papel amassado com firmeza, talvez por medo do vento carregar para longe o quê pra ela se tornara uma coisa valiosa.

Não era essa a reação que esperava. Acho que ela tinha o estranho hábito de me surpreender, ou a mania de contrariar os meus pensamentos. As vezes isso era assustador, porque eu nunca sabia o que ia acontecer.

— Como você chegou aqui? — Franzi a testa. — Digo, você não pode me ver hoje já que o dia de visita é amanhã.

— Ah, vamos dizer que fiz alguns amigos enquanto estive aqui. — Emerie arqueou uma sobrancelha. Dei de ombros fazendo pouco causo. — Passar noites nesse hospital tem suas vantagens.

— Ou você entrou escondido e entrou no meu quarto para se esconder dos seguranças que estão à sua procura nesse setor.

— É uma opção. — Respondi. — Porém, creio que não sou ágil o suficiente para passar despercebido por aqueles seguranças. Você já viu o tamanho deles?

— Já sim, talvez você goste de correr perigo. — Ela riu. — Eu não conheço você Gael, posso criar minhas teorias.

— Desde que elas sejam boas, então concordo.

— Ah sim elas são. Nem queira saber o quão boas são. — Emerie deu uma risadinha, desviando rapidamente seu olhar. Aquilo foi uma risadinha maliciosa?

— Posso ousar perguntar o quê você quer dizer com isso? — Meu olhar se deteve na pulseira que dançou no seu pulso.

— Não. — Ela voltou a me olhar. — Talvez eu escreva uma carta também, mas sendo sincera deixaria de ser excitante saber o quê você pensa sobre mim.

Essa conversa estava um tanto quanto estranha. Meu corpo respondeu ao flerte dela com uma onda de calor descendo pela minha coluna. Ignorei a pontada forte que meu coração deu. Meu celular vibrou quebrando o clima, agradeci mentalmente pela pessoa que me ligava. Atendi sem ver de quem era a ligação.

— Alô? — Me afastei da garota sentada sobre a cama.

— Até que enfim Gael. — Respondeu aquela voz. Merda. — Por quê você não tem retornado minhas ligações?

Angel In My Life Onde histórias criam vida. Descubra agora