Emerie
Olhei no espelho mais uma vez, certificando de que o vestido que eu usava era vulgar o suficiente para irritar meu pai, ao mesmo tempo em que dava aquela mera sensação de mocinha de família, óbvio, uma mocinha indecente com um sorriso meigo e doce. Pois era isso que meu doador de esperma queria, não é?
Queria a sua filhinha satisfazendo sua vontade de família unida e feliz, uma filha de sangue comportada e responsável, e dois meio-irmãos adoráveis. Patético, mas eu ia enfrentar para pelo menos entrar naquela casa e pegar as minhas coisas de volta, no caso, apenas as minhas roupas já que o restante não me importava nem um pouco.Ayla entrou no quarto comendo uma fatia de pizza que tinha sobrado, sentou na minha cama e me obsevando terminar de retocar a maquiagem simples e básica. Ela abriu um sorriso irônico, negando com a cabeça enquanto mastigava.
- Tem certeza de que vai fazer isso? - Indagou, com a voz afogada pela comida na boca. Ela me lançou um olhar de cima a baixo.
- Tenho. - Respondi, passando o gloss labial, era o último retoque que faltava. Virei o corpo pra ela, fazendo uma pose ridícula como o de uma top model. - O que acha?
- Bom, - Ela engoliu, endireitando a postura. - Se eu visse você sem conhecê-la, ia pensar que era uma daquelas virgens de fanfic que na primeira vez vira uma boca de ouro na hora do boquete, ao mesmo tempo que é uma garota de família tradicional que preza a sua inocência. Suficiente?
- Argh, específico demais Ayla. - Fiz uma careta, cedendo os ombros. - Era só dizer que eu estava bonita.
- Sendo assim, você está linda Emerie. Não se preocupe com isso. - Ela levantou seguindo na minha direção. - Mantenha o teatro, não vai querer decepcionar seu querido pai, não é?
- Mais do que já o decepcionei? Na verdade é contra a minha natureza humana, é como dizer para um gato não matar animais menores sendo que na maioria das vezes ele nem come, é pura diversão.
- Está dizendo que você é um gato?
- Depende da perspectiva.
- Na minha perspectiva, ela é uma gata. - Matheo entrou, cruzando os braços apoiando-se contra a parede da porta.
- Ah, credo Matheo. - Ayla fraziu a testa pra ele, voltando a sentar na cama. - Você sempre guarda um comentário idiota na hora que vai falar alguma coisa?
- Não meu bem, é força do hábito. Aliás, vocês me deram a abertura perfeita para te apressar Emerie. Vamos?
Assenti, pegando uma pequena bolsa jogada sobre a cama com alguns pertences dentro. Saí do quarto com a Ayla e o Matheo ao meu encalço. A primeira ia ficar, o segundo ia me acompanhar já que era um convidado do meu pai assim como eu, em realidade, a família dele tinha sido convidada então aproveitei para pegar uma carona com ele, além de que não chegaria sozinha, e eu sabia que a companhia em questão ia agradar o meu pai. E provavelmente uma certa desconfiança ia rolar, isso seria benéfico para o que eu planejava. Meu pai não ia se opor ao meu aviso, muito menos ia estranhar já que acharia que Matheo e eu temos alguma coisa.
Levou cerca de trinta minutos para chegarmos. A casa ainda era estranhamente familiar, os enormes portões da entrada, dando acesso ao campo aberto que rodeava a estrutura moderna e rústica, sendo envolvida por flores silvestres, misturando as cores e dando vida a residência tingida num tom branco amarelado desgastado pelos anos e pelo clima. Algumas pedras além de decoração, ultrapassada, separavam o quintal de um tipo de estacionamento coberto aos fundo da moradia, Matheo estacionou lá.
- Se você não que ir, se arrependa agora, porque quando a gente entrar lá não vai ser só você a usar uma máscara de arrogância e orgulho. - O observei curiosa e confusa, Theo tirava a chave da ignição e se inclinava para me olhar com clareza. - Ah Emerie, você não foi a única afortunada em ter problemas com o pai. Por que acha que quero tanto ir embora?

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Angel In My Life
Romance(Concluído/Completo) A maior tensão sexual entre um anjo da guarda e uma humana que você irá encontrar... Emerie e Gael, uma humana e um anjo. Dois mundos completamente diferentes... o que eles têm em comum? A resposta é: os mesmos desejos devassos...