Angel In My Life

1.18 |Emerie

Emerie

Sentia as maçãs do meu rosto esquentarem toda vez que olhava para ele. Isso era errado. Eu não podia ter sonhos com Gael, era pecado com certeza, fora que não tínhamos nada, nenhuma relação que deixasse a desejar esse fogo que me consumia apenas de ouvir o som da sua voz, uma prazerosa canção convidativa para os meus ouvidos.

Evitei olhar para o seu belo rosto angelical na manhã seguinte do malicioso sonho. Trocamos poucas palavras durante o alvorecer do dia nublado, parecia que até o sol estava com vergonha por mim e por isso se escondia por trás das nuvens acinzentadas. Desde o momento em que acordei novamente, agilizei meus afazeres de tal modo que pudesse ir mais rápido para o colégio assim evitando indagações dele e ele. Eu não suportava olhar para a sua face, por puro orgulho e desejo.

Encontrei seu olhar do lado oposto do corredor. A acusação e desconfiança oculta por trás do castanho escuro de seus olhos. Ayla se aproximou como quem não quer nada, de forma preguiçosa e quem diria normal, mas eu sabia que aquela garota morena, dona de enormes cachos com um formoso sorriso que ressaltava em contraste ao tom de sua pele estava pronta para me atacar com perguntas e infinitas acusações e todas elas relacionadas ao meu anjo.

- O que foi? - Indaguei como inocente.

- Nada. - Respondeu dando de ombros, olhando para as pessoas que passavam por nós. - Nao veio com Logan dessa vez?

Suspirei antecipadamente cansada em responder suas perguntas que sabia que uma hora ou outra viriam.

- Não, não tive problemas com o carro ontem, então não precisei dele para me trazer.

- Dele quem? - A voz de Logan ressoou atrás de mim ocasionando um leve susto no meu corpo. Ele se aproximou mais com um sorriso divertido nos lábios apoiando um de seus braços ao redor do meu ombro.

- Parece que aquela história de apenas aulas foi um pouco distorcida, não que eu julgue a atitude de vocês. - Ayla comentou oscilando seu olhar em nossos rostos, ao contrário dele o meu não carregava um sorriso.

- Não é o que parece. - Respondi logo em seguida passando para o lado e me afastando do braço do meu aluno.

- Ainda não. - Ele respondeu dando uma piscadela para nós duas. Mostrei a língua, uma atitude bem infantil eu sei.

- Bom, se isso não der um namoro então eu não sei. - Comentou minha amiga.

- E desde quando vocês dois acham que poderia querer alguma coisa com você? Uma coisa séria. - Ergui uma sobrancelha, apontando com a cabeça para ele.

- Engraçado, lembro de você dizer a mesma coisa sobre Hunter, o seu ex. - As vezes penso que Ayla tem certificado em me entregar na frente das pessoas. Logan riu.

Revirei os olhos ao dizer:

- Eu tinha quinze anos quando fiquei com ele, e você sabe muito bem porquê.

- A diferença é que agora você tem dezessete e uma cópia do ex. - Ayla olhou para Logan o analisando da cabeça aos pés.

- Engraçadinha. Vocês esqueceram de uma coisa. - Enunciou ele.

- O quê? - Perguntamos em uníssono.

- Ao contrário do meu amigo, eu não deixo as coisas escaparem tão fácil. - Respondeu quase num murmúrio, fixando em mim a intensidade do seus olhos negros.

Quem visse Ayla e Logan juntos poderia dizer que os dois parecem irmãos pela aparência, embora seja minha amiga quem carregue toda a beleza. As vezes eu a invejava, os enormes seios e o quadril largo, fora o sorriso fácil em seus lábios cheios. Logan era apenas a malícia de um homem em garoto de dezessete anos, despreocupado com o mundo e futuro.

O pequeno grupo do time de basquete o chamou antes mesmo de eu responder sua pergunta carregada de malícia e paixão enganosa. Não vou me deixar levar mais uma vez por ele e por seus lábios desejosos.

- Eu ia dizer para você tomar com cuidado com ele, mas sinto que você já sabe o que vai acontecer se envolver mais ainda Emerie. - Após minutos de silêncio, minha amiga disse voltando seu foco para mim.

- Eu já disse Ayla, entre eu e ele não rola nada. Nada. - Afirmei, seguindo para a aula que já se iniciava com o barulho do sinal ecoando em aviso pelo prédio.

Ela foi em outra direção, nossas aulas seriam diferente pelo dia, provalvemente só nos encontraríamos novamente na terceira aula que seria com o professor Pierre de história e no intervalo para o almoço que sempre passávamos na arquibancada do campo para todas em quaisquer tipos de atividades físicas.

- Matando aula Emerie, não esperava isso de você. - A voz angelical me assustou causando um eco no banheiro.

- Você não deveria esperar muita coisa de mim Gael, relembrando que sou um ser humano e estou suscetível ao erro. - Me inclinei para mais perto do espelho, retocando o batom de tom leve. O vi pelo reflexo, apoiado contra a parede de uma das cabines.

Ele riu, e só o som vibrou como um choque no meu organismo. Mesmo longe de mim, uma distância mínima, era como se eu pudesse sentir seu hálito contra com o meu pescoço, ou sua boca passeando, explorando esta mesma parte.

- O que você está fazendo aqui? - Perguntei com a voz meio afetada.

- O mesmo que você. Estava entediado de apenas te olhar, e aparecendo nesse minúsculo banheiro feminino não tinha como você me evitar, como fez durante a manhã desde que acordou. Agora, o que eu quero saber é por quê.

- Não evitei você anjinho, só não estava afim de papo. - Me virei em sua direção, apoiando minhas mãos na quina da pia.

O anjo deu passo, hesitante e incrivelmente lento.

- Tem certeza? - Os olhos azuis percorriam toda a extensão do meu corpo, provalvemente esperando uma atitude que me entregasse.

- T-tenho. - Vacilei, mas ele não pareceu notar ou se importar. Outro passo mais ágil do que o primeiro. - Você não pode aparecer aqui Gael, é perigoso.

- Me diga o por quê e eu sumo num instante Emerie. - Era impressão minha ou ele parecia flertar comigo? O tom de sua voz parecia mais sensual do que o normal.

- Eu já respondi Gael. - Engoli em seco, só mesmo esse anjo esbelto para mexer tanto com a minha cabeça e bagunçar meu coração que batia freneticamente em meu peito.

- Resposta errada. - Na mesma rapidez ao qual ele surgiu, ele se aproximou estando na minha frente em uma perigosa distância. Eu tinha certeza que pelo modo o qual ele me fitava e o modo como seu rosto parecia estar avermelhado, o anjinho desejava me beijar. Não que eu fosse recusar essa deliciosa oferta, pois eu também desejava isso.

Naquele instante eu queria ser beijada por um anjo, num banheiro feminino do meu colégio. A sensação de querer isso fazia borboletas na minha barriga. A ansiedade de muito desejo acumulado.

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