2.10 |Emerie

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O hospital voltava a ter o habitual silêncio que se propagava pelos corredores. Conforme as famílias dos paciente iam embora a ausência das variadas vozes e sons tornava-se aquele silêncio impassível, manso e agradável aos ouvidos apreciadores do sossego proeminente aos ruídos quase imperceptíveis reproduzidos pelas poucas pessoas que ainda restavam naquele setor.

Ayla já tinha ido embora, com um enorme sorriso no rosto após minha declaração de que ficaria com ela quando eu deixasse o hospital, óbvio aceitei sob uma enorme jurisdição da parte dela e uma lista de motivos pelos quais eu deveria morar com a única pessoa que apoiava e respeitava minhas decisões. Isso eu não podia negar, embora naquele momento eu estivesse incapaz de esboçar o mesmo sorriso e ânimo. - Tudo por conta de uma preocupação que afligia os meus pensamentos, todos eles envoltos de uma única pessoa.

Mary disse que estava tudo de bem, de repente ele deve ter tido uma interrupção indesejada e por esse motivo não tenha voltado para o hospital. Tentei acreditar nela, mas diferente da enfermeira eu sabia que algo estava errado, como uma intuição apitando em aviso dizendo que alguma coisa tinha acontecido, essa sensação era horrível. - Uma ansiedade atormentado minha mente, afetando o resto do meu organismo, ocasionando no leve tremor das minhas mãos e nas respirações elevadas e dificultas de se fazer, o que era ridículo de admitir.

- Você não parece bem. - Phill entrou franzido o cenho, retirando o estetoscópio do pescoço o levando rapidamente ao meu peito. - Inspire Emerie.

Falhei em tentar sugar o ar com calma, meus pulmões estavam contrários ao que meu cérebro mandava. Órgãos rebeldes negando fazer a sua única função.

- De novo. Inspire. - O médico repetiu com mais autoridade do que antes. Sua mão direita apoiava minhas costas, seus dedos brincavam suavemente com a minha pele na região lombar. - Acalme seu corpo Emerie.

- Estou tentando Phill. - Murmurei entredentes.

- Fiquei calma. Está tudo bem. - Sussurrou na minha orelha. O hálito causando um arrepio leve na minha nuca. - Inspire.

Obriguei o meu nariz a absorver o ar, o oxigênio invadindo as minhas narinas lembrando o meu diafragma de se contrair na respiração lenta e aos meus pulmões de se expandir concentrando-se no ar que divagava pela minha traqueia. Repeti mais uma vez lentamente. De novo. E de novo.

- Muito bem, continue. - Phill ordenou calmamente. Reprimindo um sorriso discreto. Assenti buscando o ritmo da respiração. Meu corpo voltou ao normal, diminuindo o estresse nas minhas veias e abrindo passagem às moléculas de oxigênio distribuídas pelo meu corpo.

Abri meus olhos fixando meu olhar no homem que ouvia o som das batidas cardíacas no meu peito, Phillip ofereceu um sorriso amigável se afastando com cuidado, admitindo a postura de doutor preocupado, ele cedeu soltando os ombros tensos.

- Você se sente melhor? - Desviei o olhar, observando a listras laranjas na parede refletidas pela luz do entardecer que atravessava a janela.

- Acho que sim. - Voltei os olhos para o seu rosto sereno. As pequenas rugas de expressão franzidas na sua testa, um vestígio que da preocupação que sobrava.

- Por que não chamou um enfermeiro quando começou Emerie? - Phill estava longe e perto ao mesmo tempo, afastado do meu toque mas numa distância curta o suficiente para ouvir o som da sua respiração carregada.

- Não sei se você percebeu, mas eu mal conseguia respirar. Acha que nesse meio tempo eu daria conta de chamar alguém? - Fechei a cara numa expressão tênue. Eu devia perecer uma idiota estressada.

- Certo tudo bem, foi uma pergunta idiota. - O médico colocou a mão no queixo, seu dedo passeando pela barba rala que nascia bem debaixo dos seus lábios. Um pensamento me ocorreu observando a forma como o dedo se movia pela mandíbula, ignorei o rubor que eu sabia ter pintado as minhas bochechas. - O quê você acha? Emerie?

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