2.9 |Emerie

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Emerie

Sua pele estava mais pálida do que o normal, suas olheiras mais escuras e profundas e a exaustão evidente no seu corpo. Jade fingia que estava bem, que tudo estava bem mas eu sabia que não, eu conhecia aquela garota e com certeza não era a Jade normal sorridente de língua afiada. Ela estava doente mas eu não sabia qual era a sua doença, todos me diziam que era só uma febre normal que dura alguns dias e pelo o que entendi hoje era só o começo. Eu queria contar sobre o Gael, sobre a carta e o urso mas não achei apropriado ficar falando sobre mim e a minha vida estranha vida amorosa, era como se eu estivesse esfregando na cara dela os meus problemas enquanto não me importava com os dela. Ela é uma jovem de dezessete anos deve ter seus motivos para odiar ainda mais o mundo do que eu.

— Você está me dizendo que ele foi embora sem dizer nada? — Indagou com aquela voz tão fria quanto sua pele. Eu não ia falar sobre os presentes nem sobre a ida dele até o quarto durante a tarde, mas não pude evitar comentar sobre a estranha e repentina saída dele.

— Sim, você acha que alguma aconteceu? Tipo, óbvio que aconteceu mas algo grave.

— Não sei te dizer Emerie. Talvez sim talvez não. De repente ele só deve ter ficado louco de tesão por você que teve que ir embora para, você sabe, acalmar as coisas. — Ela abriu um sorriso fraco.

— Sua sorte é que está doente e tem um desconto, só por esse motivo não vou jogar esse travesseiro na sua cara Jade.

Outro sorriso interrompido pela dor no corpo dela. Eu não sabia o que ela tinha, se era alguma doença ou alguma sequela de um acidente, sempre achei estranho e complicado perguntar, não era a mesma coisa comigo. No meu caso, todos sabiam o que tinha acontecido, o milagre por sobreviver a um terrível acidente, posteriormente um coma e acordar sem quase nenhum vestígio de nenhum dos dois, como se eu só tivesse sofrido um acidente de bicicleta e ter tido apenas alguns arranhões. Sem contar a história de amor que todos acreditavam ter nascido disso, o namorado que ficou e acompanhou a recuperação da namorada. Eu não gostava disso porque não era a verdade, porém nunca consegui evitar as borboletas na boca do estômago só de pensar nisso, ou o sorriso bobo que brotava sempre que lembrava de falso rumor.

— Eu sei o que isso significa Emerie. — Jade interrompeu os meus pensamentos, apontando para o meu rosto. — Você está pensando nele, não é?

— Você tem que sempre ser uma estraga prazer, Jade? — Arqueei uma sobrancelha a fitando deitada sobre os inúmeros travesseiros na suas costas.

Uma tosse masculina encerrou nossa conversa. Virei para trás de súbito e encontrei Phill nos olhando, a testa franziada revelando as rugas de preocupação.

— Emerie você pode voltar para o seu quarto? — Ele se voltou pra mim, desceu o olhar para as minhas pernas as examinando como um verdadeiro médico.

Acenei confirmando. Mary apareceu no mesmo instante para empurrar a minha cadeira de rodas e me levar de volta ao quarto habitual. A enfermeira não disse nada enquanto fazia isso mas eu sentia que ela queria me dizer alguma coisa, ela também franzia a testa mas não era preocupação que a assolava. Foi então que no quarto ela decidiu quebrar o silêncio.

— Você está tendo uma recuperação rápida Emerie. — Mary me ajudou a subir na cama. — Ouso dizer que você pode voltar para casa ainda essa semana.

— Você acha? — Perguntei deixando transparecer a esperança.

— Escute garota, já vi muitos pacientes como você chegarem aqui. O mesmo quadro clínico, o mesmo histórico de acidente, e acredite poucos deles puderam voltar para os seus lares. Então julgando, sua recuperação sim, eu realmente acredito que você pode ir embora essa semana.

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